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27/02/2024 às 09h25min - Atualizada em 27/02/2024 às 09h25min

Ricardo Noblat: Lula perdeu a eleição para Bolsonaro, e o Brasil vive sob uma ditadura

O que pensa quem foi à Avenida Paulista no último domingo

Ricardo Noblat / Don Carlos Leal
METRÓPOLES
O levantamento foi feito a partir de entrevistas presenciais com 575 pessoas entre 13h30 e 17h de domingo, e em toda a extensão da Avenida Paulista. - Imagem: Marcelo Chello / Especial Metrópoles / Reprodução
Perde seu tempo Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal e condutor do inquérito que apura atentados à democracia, quando ensina aos que não querem aprender, seja por lhes faltar inteligência, seja por indiferença ou ideologia: “Não existe crime de golpe de Estado, porque, se tivessem dado o golpe, quem não estaria aqui seríamos nós para julgar o crime. Quem dá golpe não é julgado. Por mais ridículo que pareça, faço esse esclarecimento porque são muitos os absurdos que se ouve”.

O bolsonarista raiz, como li no X, ex-Twitter, é o cara que acredita que a Avenida Paulista reuniu 700 mil pessoas para ouvir seu guia defender-se da acusação de que planejou um golpe com o objetivo de anular os resultados da eleição presidencial de 2022. Mas o bolsonarista raiz é também os que duvidam que morreram no Brasil mais de 700 mil pessoas vítimas da associação entre o governo e o vírus durante a pandemia da Covid-19. O bolsonarista raiz só acredita nas notícias que recebe pelo Zap dos patriotas.

Quase a totalidade dos manifestantes que foram à Avenida Paulista no domingo para prestar apoio a Bolsonaro considera que o Brasil atravessa uma “ditadura” sob o governo Lula. Sim, uma ditadura que eles, nesse caso, fingem não saber o que é. O que se viu na Paulista foi um mar de gente com idade avançada; os jovens, aparentemente, não foram tantos assim. Gente com mais de 50 anos de idade viveu os anos mais tenebrosos da ditadura militar de 1964, prestes a completar 60 anos. Vai ver que gostou.

Para 94% dos entrevistados na Paulista pelos pesquisadores do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, os “excessos e as perseguições da Justiça” no Brasil atual caracterizam uma ditadura. Para 88%, Bolsonaro é “quem de fato ganhou a eleição para presidente em 2022”, e não Lula. Os bolsonaristas se dividem, contudo, em relação ao que o ex-presidente deveria ter feito depois que a Justiça Eleitoral anunciou a vitória do candidato da esquerda.

Para 49%, Bolsonaro deveria ter decretado uma operação de Garantia da Lei e da Ordem; 39% discordam. São 42% os que pensam que o Bolsonaro deveria ter invocado o artigo 142 da Constituição para pedir a arbitragem das Forças Armadas; 45% discordam. A Polícia Federal encontrou na sede do PL, em Brasília, documento que defendia a decretação de Estado de Sítio. Embora Bolsonaro tenha dito que a medida está prevista na Constituição, a maioria de seus apoiadores se opõe à ideia: 61% x 23%.

O levantamento foi feito a partir de entrevistas presenciais com 575 pessoas entre 13h30 e 17h de domingo, e em toda a extensão da Avenida Paulista. A margem de erro é estimada em quatro pontos percentuais para mais ou menos, para um grau de confiança de 95%.

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