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18/11/2023 às 10h14min - Atualizada em 18/11/2023 às 10h14min

Entenda as propostas de Massa e Milei na disputa do 2º turno das eleições argentinas

Disputa acirrada entre o governista Sergio Massa e o economista ultraliberal Javier Milei leva argentinos às urnas neste domingo (19)

Isabel Seta
G1
Cartazes dos candidatos à Presidência da Argentina estampa as ruas de Buenos Aires. - Foto: Juan Mabromata / AFP / Reprodução
Neste domingo (19), os argentinos vão às urnas para decidir se a presidência permanecerá com um representante do peronismo, principal força política do país, ou se irá para um economista que se coloca como um nome de fora da política. A disputa está acirrada. Os candidatos são o advogado Sergio Massa, ministro da Economia, e o economista ultraliberal Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, fundado em 2021. Ambos chegam ao segundo turno com uma forte rejeição.

No primeiro turno, em outubro, Massa ficou em primeiro lugar, com 36,68% dos votos. Já Milei obteve 29,98%. A terceira colocada, Patricia Bullrich, teve 23,83% e agora apoia Milei. As últimas pesquisas projetam uma eleição apertada, com empate técnico e ligeira vantagem numérica de Milei. O resultado deve sair a partir das 21h deste domingo.

Antagonismos
Massa e Milei são candidatos antagônicos em muitas frentes, especialmente na economia. O governista defende a moeda nacional e algum envolvimento estatal na economia, e o oposicionista quer acabar com o Banco Central do país e promover a dolarização.

O candidato eleito terá que enfrentar uma grave crise econômica, com a maior inflação em 30 anos, dois quintos da população vivendo na pobreza e forte desvalorização cambial. Além de uma seca histórica, que derrubou a produção agropecuária e prejudicou as safras de trigo, milho e soja. A Argentina, importante parceiro comercial do Brasil, é um dos maiores exportadores de grãos da região.

Representante da coligação peronista União pela Pátria, Sergio Massa é advogado, tem 51 anos e está há mais de 20 anos na política -- já foi deputado estadual, deputado federal, prefeito, candidato a senador e, agora, é candidato a presidente pela segunda vez. Massa se classifica como "peronista" -- corrente política bastante ampla na Argentina que designa, basicamente, aqueles identificados com o ex-presidente Juan Domingo Perón.

O político teve uma relação instável com uma subcorrente do peronismo, o kirchnerismo, dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner, tendo ocupado o importante posto de diretor do órgão responsável pelas aposentadorias e pensões no governo de Néstor. Depois, foi chefe de gabinete de Cristina, com quem chegou a romper em 2013, concorrendo contra ela nas eleições seguintes. A reaproximação se deu em 2019. É o ministro da Economia do governo de Alberto Fernández, também peronista, desde agosto de 2022.

Propostas de Sergio Massa
Durante a campanha eleitoral, Massa declarou em mais de uma oportunidade que pretende implementar um "governo de unidade nacional", que incorpore não apenas partidos de oposição, mas também empresários, empreendedores, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e acadêmicos.

"Quero ser presidente da união nacional, quero inaugurar uma nova etapa no país, com diálogo, convivência democrática e busca por consensos", afirmou ele. "Sonho com um país em que deixemos para trás as diferenças e a polarização."
Como ministro da Economia em um momento que a moeda argentina, o peso, sofre forte desvalorização e a inflação acumula 142,7% em 12 meses (maior taxa em 32 anos), Massa vem sendo questionado sobre como pretende resolver o problema da alta dos preços.

Em entrevista na última terça (15), ele afirmou que pretende "derrotar a inflação em 2024" por meio da recuperação das exportações. Também disse que quer buscar o "déficit zero" por meio de mudanças na administração pública, redução dos gastos públicos e "unificação de empresas públicas". Em relação ao Fundo Monetário Internacional, Massa pretende rediscutir o programa de pagamento da dívida da Argentina.

A plataforma eleitoral de Massa submetida à Justiça Eleitoral é baseada em quatro pilares: novo pacto democrático, independência econômica, soberania popular e justiça social. Entre as principais propostas elencadas no documento oficial estão: 

Economia: Recuperar o poder aquisitivo dos salários e aposentadorias; Garantir e defender os atuais direitos trabalhistas e promover novos direitos para o mundo do trabalho; Estabilizar os preços sem afetar a taxa de emprego; Fortalecer empresas públicas nacionais, mas também desmonopolizar e estimular a competição, além de federalizar a produção e o emprego e promover a articulação público-privada para estimular a adoção de novas tecnologias e promover a criação de empresas; Promover um salto no valor das exportações entre 2024 e 2028; Desenvolver setores estratégicos para a substituição de importações, novas políticas agrícolas para consolidar a liderança global e políticas e incentivos em setores estratégicos da economia popular.

Saúde, educação e ciência: Criar um sistema de saúde integrado e implementar uma política integral de cuidados; Promover uma legislação para o acesso gratuito a medicamentos; Federalizar e fortalecer o sistema científico tecnológico; Impulsionar uma revolução educacional.

Meio ambiente e moradia: desenvolver uma política ambiental de mitigação e adaptação às mudanças climáticas; Impulsionar a transformação da indústria petroquímica; Acompanhar o desenvolvimento da mineração sustentável, como forma de promover o desenvolvimento econômico regional e nacional, "preservando o cuidado com o meio ambiente; Implementar uma política integral de acesso à terra e moradia.

Institucional: Repensar o Estado de forma a reconstruir o pacto democrático e a garantia efetiva da divisão das funções do poder -- o documento lembra a tentativa de assassinato da vice-presidente Cristina Kirchner, em 2022, definida como a ruptura do pacto democrático; Debater e participar da necessária regulamentação que o ecossistema midiático digital exige.

Milei, de 52 anos, se promove como um personagem de fora da política tradicional e diz que quer combater o que chama de "casta política" da Argentina. Economista de formação, atuou no setor privado e foi professor universitário. Ganhou fama no país ao ser convidado para falar em programas de rádio e TV. Em 2021, com um discurso inflamado "contra tudo e contra todos", venceu sua primeira eleição para o cargo de deputado federal. Por seu radicalismo, analistas políticos o comparam a Jair Bolsonaro e Donald Trump.

Nas eleições deste ano, o partido que ele fundou, A Liberdade Avança, foi o que mais cresceu no Legislativo, alcançando a terceira maior bancada no Congresso, com 38 deputados e 8 senadores.

Propostas de Javier Milei
A retórica inflamada é uma das características marcantes do economista ultraliberal, que fez das propostas econômicas suas principais bandeiras de campanha. Duas delas, em especial, são as consideradas mais polêmicas:

Milei propõe a "dolarização da economia", para substituir o peso pelo dólar. Na América do Sul, o modelo é adotado pelo Equador. O candidato também quer "dinamitar" o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária da Argentina. Durante a campanha eleitoral, ele também afirmou que quer promover uma desregulamentação para compra de armas pelos cidadãos e se colocou contra o aborto e a educação sobre questões de gênero nas escolas públicas.

No documento oficial enviado à Justiça Eleitoral, as principais propostas de Milei são:

Economia: Eliminar gastos improdutivos do Estado e diminuir o tamanho do Estado; Cortar o gasto com aposentadorias e pensões, visando um sistema de capitalização privado; Privatizar empresas públicas deficitárias; Retirar imediatamente todas as restrições cambiárias, que limitam as compras de dólares pelos argentinos; Eliminar o Banco Central e promover a dolarização da economia; Promover uma reforma tributária que elimine e diminua impostos para potencializar o desenvolvimento dos processos produtivos; Concessões para a exploração de recursos naturais; Promover uma reforma trabalhista que elimine as indenizações, substituindo-as por um sistema de seguro desemprego, além de "promover a liberdade de filiação sindical" e "reduzir os impostos ao trabalhador"; Eliminar as retenções a exportações e direitos de importação.

Saúde, educação e tecnologia: Implementar soluções tecnológicas, como telemedicina, receita eletrônica; Proteger as crianças desde sua concepção; Criar um sistema de vouchers de cheques educativos; Eliminar a obrigatoriedade da educação sexual integral em todos os níveis de ensino; Investir na manutenção do sistema energético atual, mas também "promover novas fontes de energias renováveis e limpas (solar, eólica, hidrogênio verde).

Segurança: Construir estabelecimentos penitenciários com sistema de gestão público-privada; Estudar a possibilidade de reduzir a idade de imputabilidade de menores; Desregulamentação do mercado legal de armas de fogo, proteger o uso "legítimo e responsável por parte da cidadania".

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