28/09/2023 às 00h01min - Atualizada em 28/09/2023 às 15h24min
Brasil lança primeiro ‘pedágio ambiental’ com foco em impulsionar mercado de carbono
Tecnologia lançada, calcula automaticamente a quantidade de carbono emitido pelos caminhões e sugere compensação, através de créditos de carbono
Beatriz Capirazi
ESTADÃO
No futuro, as empresas que compensam carbono, também negociarão os seus créditos depois de comprados. - Foto: Alexandre Carvalho / A2img / Via Governo de SP / Reprodução O primeiro sistema de “pedágio ambiental” do Brasil foi lançado pela startup Abundance Brasil, visando ajudar as empresas de logística a compensar suas emissões de carbono em viagens rodoviárias. Em parceria com a Ailog Tecnologia, a empresa criou um sistema que calcula a quilometragem, o consumo e a quantidade de carbono emitida pelas companhias nas rotas de entregas dos seus clientes e automaticamente sugere a quantidade de carbono a ser compensado pelos caminhões através da compra de créditos de carbono.
A ideia do projeto é ajudar o mercado de logística e o setor de transportes, considerado um dos mais poluentes, a encontrar uma forma simples de descarbonizar as suas rotas de transporte através da tecnologia dos tokens (dispositivo eletrônico que funciona como uma chave eletrônica) e da blockchain (cadeia de dados que permite o compartilhamento de bens e informações em uma base segura e imutável).
“Nós avaliamos a quilometragem rodada e o quanto o caminhão emite de carbono. De São Paulo a Belo Horizonte, por exemplo, você gastou tanto de combustível, tanto de pedágio e tanto de carbono e você tem a possibilidade de já compensar as emissões diretamente”, explica o CEO da Abundance Brasil, Pedro Miranda.
Ele destaca que o diferencial da ação é que não são usados apenas o crédito de carbono florestal, que é o mais usado no mercado pelo custo, mas sim o modelo ARR (florestamento, reflorestamento e revegetação), que trabalha com o plantio de novas árvores — promovendo não só a proteção do meio ambiente, mas também o seu desenvolvimento.
Para que o pedágio ambiental funcione, há o plantio de árvores. À medida que essas árvores crescem e absorvem CO₂, sua capacidade de sequestro de carbono se transforma em ativos ambientais que são digitalizados, transformando o CO₂ em uma commodity comercializável.
“Você está removendo carbono da terra porque você está plantando a árvore e cuidando dela. É uma recuperação ambiental”, diz Miranda, destacando que o projeto se trata de um investimento, já que o token que representa a árvore é também um ativo financeiro.
Atualmente, o chamado Abundance Token, que nada mais é do que uma cota florestal que representa o número de árvores plantados que a empresa está compensando de carbono ao adquiri-lo. No futuro, com a introdução da blockchain, a ideia é que o produto seja usado como um ativo financeiro e contabilizado balanço das empresas.
Um dos diferenciais da ação, segundo Miranda, é que o pedágio ambiental não só facilita a compensação do carbono emitido pelas empresas, mas é também um ativo financeiro. “É como se fosse uma ação florestal e o carbono é como se fosse um dividendo”, explica ele.
Na prática, depois de plantada pela empresa, a árvore se transforma em um criptoativo (ativos virtuais protegidos por criptografia, processo que codifica mensagens e dados), podendo ser negociada com liquidez no aplicativo da Abundance. Segundo a empresa, as operações já foram iniciadas, mas o mercado de negociações ainda não está em operação.
No futuro, o plano da empresa é que as empresas que compensam possam não só fazer a compensação, mas também negociar os seus créditos depois de comprados.
Além de uma possível valorização dos créditos, considerando que esta é uma prática cada vez mais buscada pelas empresas, Miranda destaca que existem também outros benefícios agregados, como a valorização da marca e o acesso a financiamentos verdes, já que cada vez mais instituições bancárias exigem comprovação de práticas sustentáveis para conceder o empréstimo ou oferecer condições mais vantajosas para às companhias.
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