18/10/2022 às 08h28min - Atualizada em 18/10/2022 às 08h28min
Segundo estatísticas do governo federal, taxa de desmatamento na Amazônia aumentou nos últimos anos
As informações oficiais vêm do Projeto Prodes, conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
André Biernath
BBC
Olhando para Lula, Bolsonaro emendou: "No seu governo, foi desmatado o dobro do que no meu" - Foto: GETTY IMAGES / Reprodução Um dos temas a ganhar destaque durante o primeiro debate do segundo turno das eleições de 2022 foi o desmatamento da Amazônia. No segundo bloco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o atual governo está "brincando de desmatar, de 'abrir cerca', de derrubar árvores". O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, rebateu e pediu que os espectadores fizessem uma pesquisa na internet. "Dá um Google: 'desmatamento de 2003 a 2006', nos quatro anos de governo Lula. Depois pesquise 'desmatamento de 2019 a 2022'", disse.
De fato, a área total de floresta destruída durante os três primeiros anos do governo Lula foi maior em comparação com o mesmo período de Bolsonaro no cargo — mas a taxa de desmatamento foi reduzida significativamente e chegou aos menores patamares históricos entre 2006 e 2015, especialmente no período em que Dilma Rousseff (PT) assumiu a Presidência. Para se ter uma ideia, a área desmatada por ano caiu praticamente cinco vezes entre 2003 e 2015.
Na contramão, os números voltaram a subir mais recentemente, com uma nova aceleração do desmatamento entre os governos de Michel Temer (MDB) e de Bolsonaro. Entre 2016 e 2021, a área destruída a cada ano quase dobrou.
As informações oficiais sobre a destruição de áreas da Floresta Amazônica vêm do Projeto Prodes, que é conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O órgão faz esse monitoramento por satélites desde 1988 e os dados obtidos servem de base para que o governo atualize as políticas públicas relacionadas à região e à preservação ambiental.
Em números absolutos, é possível conferir que a área desmatada na Amazônia em 2003, primeiro ano do governo Lula, foi de 25,3 mil quilômetros quadrados. No ano seguinte, a área destruída cresceu para 27,7 mil km². A partir de 2005, porém, houve uma queda nesses índices. Foram 19 mil km² naquele ano, seguidos de 14,2 mil (2006), 11,6 mil (2007), 12,9 mil (2008), 7,4 mil (2009) e 7 mil (2010). Ou seja: ao longo dos dois mandatos do petista, a taxa de desmatamento caiu 67%.
Os números continuaram em descenso durante o governo de Dilma Rousseff: o ano com menos desmatamento na Amazônia na série histórica foi 2012, quando 4,5 mil km² foram devastados. A partir de então, a área destruída só se ampliou: com exceção de 2014 e 2017, todos os anos recentes registraram um aumento nas taxas do Inpe.
E o que aconteceu especificamente desde que Bolsonaro assumiu a Presidência? No primeiro ano do atual governo, em 2019, a área desmatada foi de 10,1 mil km². Os índices continuaram em ascensão em 2020 (10,8 mil km²) e em 2021 (13 mil km²). Os dados de 2022 ainda não estão disponíveis. Ou seja: a taxa de desmatamento subiu 73% nos três primeiros anos da gestão Bolsonaro.
Outra ponderação feita por ambientalistas envolve o legado que cada presidente recebeu do governo anterior. O desmatamento em 2002, quando o presidente ainda era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi de 21,6 mil km². Já em 2018, último ano de Michel Temer (MDB) na Presidência, foram 7,5 mil km² de floresta destruída — uma proporção três vezes menor.
E os outros biomas? O Inpe também faz um monitoramento parecido no Cerrado desde 2001. O movimento dos gráficos é bem parecido ao que aconteceu na Amazônia: crescimento na área absoluta desmatada durante os dois primeiros anos de governo Lula (28,8 mil km2 em 2003, número que se repetiu em 2004) e queda sustentada entre 2005 (16,9 mil) e 2012 (9 mil). O índice de desmatamento nesse bioma voltou a subir em 2013 (13,5 mil), mas apresentou uma nova diminuição entre 2014 (10,9 mil) e 2019 (6,3 mil).
Em 2020 e 2021, o desmatamento no Cerrado se elevou de novo e atingiu 7,9 mil e 8,5 mil km², respectivamente. Já na Mata Atlântica, foram desmatados 21,6 mil hectares (ha) entre 2020 e 2021, um aumento de 66% em relação a 2019 e 2020 (13 mil ha) e 90% entre 2017 e 2018 (11,3 mil ha), quando foi atingido o menor valor da série histórica. Os dados foram compilados pela ong SOS Mata Atlântica.
Por fim, o MapBiomas revela uma situação parecida no Pantanal. A área devastada subiu de 24,3 mil ha em 2018 para 31,7 mil em 2019 e 42,8 mil em 2020. O menor índice de destruição desse bioma foi registrado em 2015, quando 23 mil ha foram desmatados.
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