21/01/2021 às 23h13min - Atualizada em 21/01/2021 às 23h13min
China pressiona por demissão de Ernesto Araújo para liberar insumos das vacinas!
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REPRODUÇÃO Em meio ao impasse diplomático pela liberação de insumos chineses para a produção das vacinas coronavac e de Oxford no Brasil, o embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, tem pedido ao governo brasileiro uma sinalização clara do presidente Jair Bolsonaro em favor de seu país. Segundo fontes que acompanham diretamente as negociações, Pequim pressiona pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Pequim quer ao menos que o presidente brasileiro divulgue um comunicado destacando a boa relação entre os dois países.
Ao longo da quarta-feira (20), representantes da China participaram de reuniões, por videoconferência, com vários interlocutores do governo brasileiro para negociar uma saída para o impasse sobre os insumos das vacinas. Entraram na negociação o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além dos ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e da Saúde, Eduardo Pazuello. A embaixada chinesa também teve encontros com deputados brasileiros da frente parlamentar Brasil x China. Apesar disso, ao fim do dia o governo brasileiro divulgou um comunicado afirmando que “é o único interlocutor oficial com o governo chinês sobre a importação de insumos para a produção de vacinas contra a Covid-19”.
Durante as conversas, o embaixador chinês ressaltou que sempre existiu uma boa relação entre os dois países. Porém, disse que essas relações foram estremecidas por causa dos diversos ataques feitos por Ernesto Araújo contra a China ao longo dos últimos dois anos. Em uma dessas conversas, Yang Wanming chegou a afirmar: “Com o Ernesto nós não conversamos mais”.
Além disso, Wanming tem ressaltado que, pela ordem natural da distribuição de insumos, o Brasil seria obrigado a esperar mais tempo, já que demorou a fazer a sua demanda de material. Mas disse que China pode, neste momento, trabalhar para antecipar a entrega da matéria-prima para a fabricação das vacinas.
Em diversos momentos das negociações, o embaixador pediu aos representantes do governo brasileiro uma sinalização positiva do país para com a China. Quer seja por um pedido formal de desculpas para os chineses ou por meio de medidas administrativas que “melhorem a relação diplomática entre os dois países”, nas palavras do próprio Wanming.
Nesta quinta-feira (21), Ernesto Araújo e Jair Bolsonaro falaram sobre as relações com a China durante a live semanal do presidente. "Quem demite ministro sou eu. Ninguém me procurou, nem ousaria procurar no tocante a isso. Assim como nós não faríamos como qualquer outro país do mundo, de falar que esse ou aquele deveria ser demitido", afirmou o presidente. O chanceler, por sua vez, disse que esse tipo de situação "não existe entre países soberanos".
Sem mediação de Ernesto Araújo, Bolsonaro procura o presidente da China. Após essa primeira rodada de conversas, o próprio Bolsonaro, segundo informações da Folha de S. Paulo, pediu para conversar por telefone com o presidente chinês Xi Jinping. O objetivo é justamente tentar aparar arestas entre os dois países e para ratificar a necessidade de o Brasil obter os insumos para a produção de mais doses da coronavac e iniciar no Brasil a produção da vacina de Oxford/AstraZeneca (ambos os imunizantes dependem de matéria-prima chineses). A China, no entanto, ainda não deu qualquer sinalização de que Xi Jinping irá conversar com Bolsonaro.
Outra sinalização que o governo brasileiro já apresentou à China é a promessa de baixar o tom quanto à participação da empresa chinesa Huawei no leilão de tecnologia 5G. A Huawei vem sendo alvo de ataques da chamada ala ideológica do governo, acusada de tentar instituir um sistema de espionagem dentro do Brasil. Além disso, o Brasil endossava o boicote dos Estados Unidos à Huawei durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.
Agora, com Joe Biden no poder, a expectativa é que o Brasil mude essa postura. Sobre este aspecto, até mesmo setores estratégicos do governo, como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), eram contra qualquer boicote à empresa, sob pena de encarecimento da tecnologia 5G no país.
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