O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (23) que pretende se reunir com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana. A declaração foi feita durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e chamou atenção por marcar uma mudança de tom nas relações entre os dois países.
Após meses de críticas públicas ao governo brasileiro, Trump adotou uma postura mais conciliadora ao relatar um breve encontro com Lula nos corredores da ONU. Segundo o norte-americano, os dois se cumprimentaram rapidamente e combinaram de se encontrar em breve. “Ele parece um cara muito legal. Tivemos uma excelente química por 39 segundos, e isso é um bom sinal”, afirmou Trump.
A imprensa internacional repercutiu amplamente o anúncio e os elogios feitos por Trump. Veículos como The Washington Post, The New York Times, Bloomberg, Clarín, Reuters, Al Jazeera e The Guardian destacaram a mudança de postura do presidente norte-americano.
O The Washington Post relembrou o histórico de críticas de Trump ao Brasil, mencionando que o presidente dos EUA “ridicularizou o país por diversas políticas das quais discorda”. Já o The New York Times apontou que esta foi a primeira sinalização positiva de Trump em relação ao Brasil desde o início da crise diplomática entre as duas nações.
A Bloomberg ressaltou as “palavras calorosas” de Trump, que descreveu Lula como “um homem muito legal” e demonstrou esperança de que os países possam trabalhar juntos. O jornal argentino Clarín destacou que, apesar dos elogios, Trump também fez alertas sobre divergências políticas.
A Reuters lembrou que os dois líderes estão em desacordo há meses, especialmente após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. A Al Jazeera enfatizou o gesto de cordialidade entre os presidentes, mencionando que “se abraçaram” ao se encontrarem. Já o The Guardian destacou as críticas indiretas de Lula a Trump em seu discurso, mas reconheceu a surpresa com a abertura para uma possível reconciliação.
Apesar da fala positiva de Trump, o governo brasileiro mantém postura cautelosa. Especialistas apontam que, embora o gesto represente um avanço diplomático, não há garantias de mudança substancial na relação entre os países.
“É um passo importante, mas nada indica que ele será apaziguador com Lula”, avaliou o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin. O comentarista Marcelo Lins, da Globonews, ponderou que “Trump é uma figura errática, mas é possível que tenha realmente gostado de Lula”.
A relação entre Brasil e Estados Unidos tem sido marcada por tensões desde julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em resposta à condenação de Bolsonaro. Durante seu discurso na ONU, o presidente americano voltou a criticar o Brasil, acusando o país de censura, repressão e perseguição política.
O encontro entre os dois líderes, previsto para a próxima semana, poderá indicar os rumos da diplomacia entre as duas maiores nações do Hemisfério Ocidental.
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