Se escutarem por aí alguém dizendo que se Bolsonaro estivesse no poder seria diferente, não acreditem. Trump estaria fazendo exatamente a mesma coisa que está fazendo agora. E, ainda assim, tem gente torcendo pelo protecionismo de Trump, na esperança de que isso possa enfraquecer o governo Lula, às custas da economia, da balança comercial e dos empregos brasileiros. A não ser que Lula, em algum dos seus discursos de improviso, resolva pisar nos calos do americano, a postura da diplomacia deve ser cautelosa. Principalmente porque as medidas são unilaterais, ou seja, não são tarifas direcionadas apenas ao Brasil.
Mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o Brasil. A medida, que atingiu em cheio o setor de siderurgia de países como México, Canadá e Brasil, faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: a taxação de produtos estrangeiros para priorizar a indústria norte-americana. Em seu primeiro mandato, Trump, já havia imposto barreiras tarifárias contra esses produtos siderúrgicos, prejudicando bastante as exportações brasileiras. Na época, o presidente do Brasil era Jair Bolsonaro, e seus diplomatas precisaram negociar exceções e cotas. Isso demonstra que as decisões de Trump no campo do comércio exterior não são ideológicas. Nem o alinhamento político de Bolsonaro com Trump salvou o Brasil totalmente das tarifas sobre o aço. Eis um exemplo específico de como se davam essas negociações durante os governos Trump e Bolsonaro: em 2020, Robert Lighthizer, representante comercial do governo americano, ligou para o então chanceler Ernesto Araújo e pressionou o Brasil a restringir voluntariamente a exportação de aço para os Estados Unidos. O argumento dele era de que a pandemia havia derrubado a demanda pelo produto nos Estados Unidos e, com isso, as siderúrgicas americanas estavam passando por dificuldades. Como ele não foi prontamente atendido, duas semanas depois o governo Trump ameaçou impor novamente uma taxa de 25%, a mesma que ele impôs agora. Não restou outra alternativa ao governo Bolsonaro senão ceder e aceitar uma redução de mais de 80% da cota de aço exportada para os Estados Unidos. Ou seja, se escutarem por aí alguém dizendo que se Bolsonaro estivesse no poder seria diferente, não acreditem. Trump estaria fazendo exatamente a mesma coisa que está fazendo agora. E, ainda assim, tem gente torcendo pelo protecionismo de Trump, na esperança de que isso possa enfraquecer o governo Lula, às custas da economia, da balança comercial e dos empregos brasileiros. A não ser que Lula, em algum dos seus discursos de improviso, resolva pisar nos calos do americano, a postura da diplomacia deve ser cautelosa. Principalmente porque as medidas são unilaterais, ou seja, não são tarifas direcionadas apenas ao Brasil. Vale para as importações desses produtos vindos de qualquer país, inclusive do Canadá e do México, que são respectivamente o maior e o terceiro maior exportadores de aço para os Estados Unidos. Também não é uma medida surpreendente. O setor siderúrgico já esperava por isso, justamente porque Trump havia mirado nesses produtos em seu primeiro mandato. Mas é claro que a medida preocupa tanto o governo brasileiro quanto as siderúrgicas. Os itens semiacabados de aço estão em segundo lugar na lista de produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, atrás de petróleo. É uma medida que tem potencial para impactar na nossa balança comercial.
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