Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas se abraçam após vitória. - Foto: Fábio Tito / Reprodução Após vencer as eleições em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), agradeceu a Deus, à família, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de "líder maior", e afirmou que vai governar para todos e que o equilíbrio venceu o extremismo. Nunes (MDB) foi reeleito neste domingo (27) prefeito de São Paulo com 59,56% dos votos válidos, derrotando o candidato Guilherme Boulos (PSOL).
"Eu agradeço muito a Deus, agradeço à minha família. Queria deixar agradecimento especial a minha esposa Regina, que esteve sempre ao meu lado, em todos os momentos da minha vida e sofreu enormes maldades nessa campanha. E ao líder maior, sem o qual não teríamos tido essa vitória, o governador Tarcísio de Freitas", disse.
"Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa, aos que acompanharam essa eleição histórica, a democracia deixou uma grande lição, para nós da cidade de São Paulo, o equilíbrio venceu todos os extremismos", completou.
Em seu discurso da vitória, Nunes também lembrou seu antecessor Bruno Covas (PSDB), morto em 2021.
"E aqui evoco a memória do meu irmão, que me acompanha todos os dias e com certeza está aqui conosco, o Bruno Covas. Nós vamos entregar mais 8 mil obras, o maior programa habitacional da história dessa cidade. Fazer aquilo que é possível, governar com seriedade, saber fazer gestão. Aqui em São Paulo nós fizemos várias UPAS, 19 já entregues e até esse ano entrego mais duas. Reformar centenas de escolas. Levar dignidade e melhorias pra nossa querida e amada periferia de São Paulo. Fazer o maior programa de asfalto novo, 4.300 km, é sair daqui e ir até Salvador e voltar. O povo entendeu e reconheceu esse trabalho, não só pelo Ricardo Nunes, mas de toda uma equipe que se dedicou muito para entregar essa cidade de São Paulo e honrar os votos que o Bruno e eu tivemos em 2020."
O resultado saiu às 18h43 com 89,78% das urnas apuradas. Boulos teve 40,43% dos votos válidos. Os adversários tiveram cerca de 1 milhão de votos de diferença. Ele toma posse para o novo mandato em 1º de janeiro de 2025, e terá como vice o Coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A vitória do emedebista ocorreu em meio a maior abstenção da história da cidade de São Paulo em um segundo turno: mais de 31% dos eleitores não compareceram às urnas neste domingo (27). O atual prefeito foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba doze partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza, União Brasil).
O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno.
Em uma campanha marcada por ataques, agressões, e processos, Nunes ainda enfrentou neste domingo uma nova ação e uma queixa-crime de Boulos, após seu principal cabo eleitoral, o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmar que o PCC enviou supostos salves para que familiares de presos fossem orientados a votar no psolista. O TRE nunca recebeu relatório sobre essas supostas mensagens.
Campanha disputada
Nunes foi reeleito depois de um primeiro turno apertado, onde passou para o 2° turno com uma diferença de apenas 81.865 votos em relação ao terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB), e com diferença de 25 mil votos em relação a Guilherme Boulos (PSOL).
O prefeito enfrentou um 1° turno duro, com várias acusações de má administração e com uma reprovação (28%) maior do que a aprovação (26%), segundo a pesquisa Datafolha de 24 de outubro.
Por já estar no cargo, ele foi o principal alvo dos adversários nos treze debates que aconteceram com a presença do prefeito no 1° e no 2° turnos.
Em duas oportunidades, bateu boca com o adversário Pablo Marçal ao ter a família citada nos debates e ser acusado de pertencer a chamada “máfia das creches”. Ele sempre negou participação em qualquer esquema e repetiu durante toda a campanha que nunca foi processado ou condenado por malfeitos com dinheiro público.
O marqueteiro de campanha de Nunes, Duda Mendonça, chegou a ser agredido com um soco no rosto desferido pelo videomaker de confiança da campanha de Marçal, após o debate promovido pelo grupo FlowPodcast.
Com o crescimento de Marçal nas pesquisas, Nunes chegou a ser ameaçado de ir ao 2° turno, segundo as pesquisas, e teve o apoio incondicional do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para se recuperar.
Ao lado de Tarcísio, Nunes fez várias agendas de campanha e levou o padrinho político várias vezes à tv e ao rádio para endossar a candidatura perante os eleitores da extrema direita.
Embora tivesse desde o início o apoio formal de Jair Bolsonaro (PL), que indicou o vice da chapa, o coronel Mello Araújo, o ex-presidente se manteve afastado da campanha em São Paulo e evitou fazer gestos profundos de apoio ao agora prefeito reeleito.
Em mais de 60 dias de campanha, Bolsonaro apareceu ao lado de Nunes apenas uma vez, neste segundo turno, em uma churrascaria da Zona Sul da capital paulista.
Para compensar a ausência de Jair, Tarcísio de Freitas foi o principal fiador do aliado e, ao lado dele, percorreu diversas igrejas evangélicas da cidade em busca de apoio do eleitorado conservador, mesmo Nunes sendo um católico fervoroso e praticante.
Com esse apoio, Ricardo Nunes venceu o 1° turno numericamente, conquistando 1.801.139 votos.
No segundo turno, ele se ausentou de ao menos três debates de campanha transmitidos por rádio e tv, “jogando parado”, como diz o marketing político, se apoiando na alta rejeição do adversário Guilherme Boulos, que é ex-coordenador do Movimentos do Trabalhadores Sem Teto de SP (MTST).
O último encontro entre Nunes e Boulos na TV aconteceu no debate da Globo na sexta-feira (25), onde os dois tiveram frente a frente para debater os planos para a cidade.
Quem é Ricardo Nunes?
Ricardo Nunes (MDB) tem 56 anos, é empresário, e atual prefeito da capital paulistana. Essa foi a primeira eleição que ele disputou em São Paulo para cargo majoritário. Ele assumiu a cadeira de prefeito em 2021, após a morte de Bruno Covas em virtude de um câncer. Em 2012, foi eleito vereador com mais de 30 mil votos. Em 2016, se reelegeu com 55 mil votos.
Durante seis anos, foi o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento da capital. Casado há 27 anos com Regina Carnovale Nunes, tem três filhos e um neto.
Nasceu na Zona Sul da capital paulista, é do signo de escorpião e palmeirense. Em entrevista, confessou ser fã do padre Marcelo Rossi, adorar novelas e “pai” de quatro cachorros: Yuri, Apolo, Sissi e Milk.
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