07/12/2023 às 14h04min - Atualizada em 07/12/2023 às 14h04min
Justiceiros se unem em Copacabana para perseguir assaltantes
Após agressão a empresário, no sábado passado, grupos de justiceiros combinam nas redes sociais de irem atrás de supostos responsáveis por onda de crimes no bairro da zona sul carioca
Fabio Grecchi
CORREIO BRAZILIENSE
Justiceiro mostra soco inglês que promete usar contra presumidos assaltantes. Troca de mensagens incita à violência e milicianos escondem o rosto antes da irem para a "ação". Imagem: Redes Sociais / Reprodução Por conta da agressão a um empresário que tentou defender uma mulher que estava sendo assaltada por um grupo de jovens, no sábado passado, moradores de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, vêm utilizando as redes sociais para formar milícias a fim de atacar pessoas suspeitas de cometerem crimes no bairro. A formação de bandos de justiçamento é crime e a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro determinou que se investigasse essa movimentação.
Esses "justiceiros" têm deixado claro, nas trocas de mensagens, que caso alcancem algum daqueles que consideram criminosos, vão submetê-los a sessões de espancamento e tortura. Um perfil no Instagram está postando imagens de suspeitos, inclusive com seus números de CPF. Algumas das fotos são de menores de idade que, segundo a página, cumpriram medidas socioeducativas pela prática de delitos
As mesmas fotos circularam em outro perfil no X (antigo Twitter) com a seguinte legenda: "Urgente: vamos deixar todos famosos. Esses são os 155 que estão praticando diversos furtos em Copacabana". Outras páginas, na mesma rede social, compartilham o vídeo de um grupo de homens em perseguição a outro, que seria um criminoso.
"Olha, metendo o pau no menor lá. Já 'engravataram', pegaram o moleque aqui e meteram o pau. Estão indo atrás dos outros", diz um homem que narra o vídeo de uma perseguição em Botafogo, bairro vizinho a Copacabana.
Em entrevista à GloboNews, ontem, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, comparou os "justiceiros" a milícias e a grupos de extermínio. "Justiceiro é o berço da milícia. É exatamente isso, um grupo que se acha acima do bem e do mal, que se acha no direito de fazer justiça com as próprias mãos. E antes da milícia, tínhamos os grupos de extermínio. Praticam crimes com o objetivo de evitar crimes. Na verdade, são todos eles criminosos. O justiceiro é criminoso", alertou.
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, publicou, também ontem, vídeo no X no qual manifesta preocupação com a violência em Copacabana e a formação de milícias de moradores. "A ação imediata é aumento do policiamento ostensivo. Que a Polícia Militar possa trabalhar junto com a Civil e a Guarda Municipal. Não se pode imaginar que o justiçamento será a solução para alguma coisa no Brasil", lamentou.
O surgimento dessas milícias ocorre em um momento no qual Copacabana se assusta com a reincidência de assaltos violentos, cometidos por grupos com mais de 10 jovens. E começou depois que o empresário Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, foi espancado com socos e chutes, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, ao tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada.
Imagens de câmeras de monitoramento mostram mais de 10 homens agredindo Marcelo, que ao levar um soco no rosto, caiu desacordado e foi espancado e assaltado. O empresário precisou ser levado a uma UPA do bairro.
A onda de violência em Copacabana é algo previsível para as autoridades de segurança. Com o calor e a aproximação do verão, as praias da zona sul carioca ficam lotadas nos finais de semana. Nas redes sociais, circulam outros vídeos mostrando grupos de jovens invadindo e andando nos ônibus que circulam pelo bairro até mesmo no teto.
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