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Ministério da Saúde planeja substituir vacina oral da poliomielite por injetável

Mudança visa evitar retorno da doença através do vírus mutante e segue recomendação da OMS; Zé Gotinha continuará como símbolo da vacinação

16/06/2023 07h05 - Atualizado em 16/06/2023 às 07h05
Ministério da Saúde planeja substituir vacina oral da poliomielite por injetável
Gotinhas podem ser substituídas por injetável. - Imagem: Freepik / Reprodução
O Ministério da Saúde estuda alterar a forma de aplicação da vacina contra a poliomielite, substituindo as conhecidas gotinhas pela versão injetável. A vacina oral entrou em vigor no Brasil na década de 1960. Contudo, a figura do Zé Gotinha, criado em 1986 para apoiar as campanhas de combate à doença, não será afetada pela mudança.

Desde 2016, o esquema de vacinação para crianças menores de cinco anos inclui um esquema primário com três doses de vacina de vírus inativado aos dois, quatro e seis meses de idade. O reforço é realizado aos 15 meses e aos quatro anos com a vacina oral de vírus atenuado, conhecida como vacina 'da gotinha'. Fontes ligadas ao assunto afirmam que o Ministério da Saúde deseja promover essa alteração para impedir o ressurgimento da poliomielite através do vírus 'mutante', que em raros casos pode ser gerado pela vacina oral.

Isabella Ballalai, médica pediatra e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), informa que essa mudança já é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina oral da poliomielite é composta pelos vírus da pólio vivos e enfraquecidos, que se proliferam no intestino do vacinado sem causar a doença e são posteriormente eliminados nas fezes. No entanto, em situações raras, o vírus vacinal pode sofrer mutações dentro do organismo do vacinado e adquirir a capacidade de causar doença em pessoas não vacinadas após ser eliminado pelas fezes.

Com a baixa cobertura vacinal, indivíduos não vacinados podem contrair o vírus presente nas fezes e adoecer devido ao vírus 'mutante'. Porém, aqueles que foram vacinados não sofrem consequências. A vacina injetável, por sua vez, é produzida com o vírus inativado e não tem potencial para causar doença. Ballalai acrescenta que a OMS aconselha que países como o Brasil adotem a vacina inativada (injetável) sempre que possível. A SBIm também recomenda que essa seja a opção preferencial na administração de todas as doses.

'Se trata de uma mudança que já foi implementada em diversos países. Existe a possibilidade de retorno do vírus ao Brasil. Evitar a introdução de mais vírus no ambiente, que possui baixa cobertura vacinal, representa um risco menor. Estamos diante de uma nova realidade', explica Ballalai. O Ministério da Saúde ainda debaterá o assunto na Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI).

O Brasil enfrenta o risco de retorno da poliomielite. Em setembro do ano passado, a Organização Pan-Americana para a Saúde (Opas) classificou o país como de alto risco para a doença. O alerta se deve à cobertura vacinal inferior a 95% em crianças menores de cinco anos, o que pode permitir a reintrodução do vírus. A poliomielite pode levar à paralisia irreversível em alguns casos, mas é prevenível através de uma vacina disponível desde 1955.

Apesar da possível mudança na vacina, o personagem Zé Gotinha não será afetado. Criado em 1986 como uma gota para campanhas contra a poliomielite, ele se tornou o símbolo da vacinação no Brasil. O objetivo de sua criação era tornar o processo de vacinação mais atraente para as crianças. O país conseguiu erradicar a doença na década de 1990.

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FONTE: ESTADO DE MINAS
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