24/12/2022 às 12h26min - Atualizada em 24/12/2022 às 12h26min
Novo ministério de Lula tem um terço de investigados ou acusados por crimes
Nomes anunciados pelo presidente eleito já foram investigados ou condenados por caixa dois e improbidade administrativa
R7
Marcelo Camargo / Agência Brasil O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já anunciou, até a sexta-feira (23), o nome de 21 ministros que farão parte do governo a partir do ano que vem. Nove deles já estiveram envolvidos em escândalos e foram alvo de inquéritos judiciais. Um deles é o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em 2019, ele foi condenado por falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) na campanha de 2012, quando se elegeu prefeito de São Paulo. A pena imposta pela Justiça Eleitoral foi de quatro anos e seis meses em regime semiaberto. Haddad foi denunciado por caixa dois de R$ 2,6 milhões na prestação de contas da empresa UTC Engenharia. Em 2021, no entanto, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) absolveu o ex-prefeito por falta de provas.
Outro exemplo é o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, alvo de uma investigação em curso no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que apura se ele cometeu os crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e fraude na época em que foi presidente do Consórcio Nordeste, devido a uma licitação de quase R$ 50 milhões para a compra de respiradores que nunca foram entregues.
Costa se defende das acusações: “Não tem ninguém mais ansioso para que essa apuração seja finalizada. Queremos a solução disso. Os culpados vão para o 'xilindró'. Desejo e comento que estou ansioso para que isso seja concluído”.
Veja a lista dos demais ministros que já foram oficialmente investigados:
• Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública): foi alvo de inquérito da PGR por suspeita de ilegalidades em um contrato de fornecimento de combustível para o helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão. Em 2020, a investigação foi arquivada pelo STJ. À época, ele reclamou do uso indevido de procedimentos judiciais e policiais para fins políticos por parte da PGR (Procuradoria-Geral da República).
• Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais): foi acusado por um delator da operação Lava Jato de ter negociado para ficar com uma parte do laboratório Labogen, empresa que era usada pelo doleiro Alberto Youssef para fraudar contratos milionários do Ministério da Saúde. A defesa dele disse que nem uma apuração concluída pela CGU (Controladoria-Geral da União) nem uma investigação da Polícia Federal encontraram nenhum vínculo de Padilha com irregularidades.
• Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação): em 2019, foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco por improbidade administrativa pela contratação para gerenciar a iluminação pública da cidade. À época, a defesa dela disse que não houve prejuízo ao patrimônio público municipal e que a sentença da Justiça reconheceu que Luciana não recebeu nem desviou dinheiro público.
• Jorge Messias (Advocacia-Geral da União): ficou conhecido como "Bessias" por ter tido o nome citado na interceptação de uma conversa entre Lula e Dilma em 2016. Ele seria o responsável por entregar o termo de posse como ministro ao ex-presidente. A intenção seria deixar Lula com foro privilegiado. Ele não se manifestou.
• Márcio França (Portos e Aeroportos): investigado em inquérito de desvios na Saúde. Foi alvo de operação da Polícia Civil em janeiro deste ano. Em sua defesa, ele disse que a operação era política, e não policial, e afirmou não ter nenhuma relação comercial nem advocatícia com as pessoas jurídicas e físicas envolvidas na investigação.
• Luiz Marinho (Trabalho e Emprego): foi condenado neste ano pela 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, junto com o ex-prefeito de Santo André Carlos Grana, por nepotismo cruzado. A ação foi movida pelo Ministério Público de São Paulo, com o argumento de que foram dados cargos de confiança à filha de Grana em São Bernardo do Campo, onde Marinho foi prefeito, e à cunhada de Marinho em Santo André. Os dois foram condenados ao pagamento de multa equivalente a seis vezes a última remuneração.
• Wellington Dias (Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome): foi alvo de uma operação da Polícia Federal em 2020 que investigou os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações na Secretaria da Educação do Piauí, estado do qual foi governador. À época, ele classificou a operação como “ridícula” e “mais um espetáculo em nome de investigação”.
• Camilo Santana (Educação): em 2011, quando era secretário das Cidades do Ceará, teve o nome envolvido no escândalo dos banheiros, esquema no qual a secretaria teria desviado milhões de reais que seriam utilizados na construção de sanitários populares. Santana se defendeu à época e disse que os contratos foram assinados antes que ele tivesse assumido o posto.
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