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25/04/2022 às 00h01min - Atualizada em 25/04/2022 às 00h01min

Menina de 15 anos é baleada por militares da Marinha dentro de um motel no Pará

Ela perdeu todos os dentes e pode ficar paraplégica

Renato Alves
https://www.otempo.com.br/politica/judiciario/militares-oferecem-carona-levam-adolescentes-a-motel-e-uma-e-baleada-na-boca-1.2658266
Menina passou por três cirurgias e seguem internada em estado grave. Imagem Ilustrativa - Getty imagens.
Um marinheiro está preso em um quartel por atirar em uma adolescente de 15 anos em um motel em Vigia de Nazaré, no nordeste do Pará. Ele e outro colega da Marinha levaram duas meninas com menos de 18 anos ao local, após ofereceram carona a ambas. A vítima levou um tiro na boca após se recusar a tirar a roupa. Ela, que perdeu todos os dentes, está internada em estado grave e corre risco de ficar paraplégica.

As duas meninas não queriam ser levadas para o motel, tampouco manter relação sexual com os militares. A outra vítima tem 14 anos. O crime aconteceu na noite de quinta-feira (21), mas só na noite de sábado (24) foi tornado público, após a Polícia Civil do Pará confirmar a prisão em flagrante do militar e a Marinha do Brasil emitir uma nota oficial. 

A Polícia Civil informou que o autor do disparo é Gabriel Norberto de Almeida Lobo. Ele estava a serviço da Marinha na cidade de Vigia, assim como o colega. O serviço militar do Gabriel não é armado e ele não tem porte de arma.

Menina está em estado grave e corre risco de ficar paraplégica
O caso foi registrado como crime de lesão corporal culposa, ou seja, sem a intenção de ferir a vítima. Não há menção sobre abuso sexual de menor de idade, tampouco tentativa de estupro. 

A adolescente baleada está internada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência em Ananindeua, na região metropolitana de Belém. Ela está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e passou por três cirurgias. Uma delas, no sábado, seria uma tentativa de retirar bala, alojada próximo à coluna. No entanto, os médicos desistiram da operação, por causa do risco à paciente.

Em entrevista ao G1 Pará, o padrasto da vítima disse que o militar era conhecido na cidade e que colocou a arma dentro da boca da enteada quando atirou.

"Ela [a adolescente baleada] conseguiu falar no hospital de Vigia, ao médico de plantão, que foi baleada pelo Gabriel. Ela disse que o Gabriel colocou a arma dentro da boca dela e efetuou o disparo", contou

Marinha confirmou crime mas omitiu que vítima é uma adolescente. Gabriel Lobo está preso no Comando do 4º Distrito Naval, em Belém. Mesmo envolvido em caso de crime sexual contra uma adolescente, o outro militar está em liberdade. 

Em nota, a Marinha do Brasil confirmou que uma pessoa ficou ferida e foi encaminhada para unidade de saúde, sem citar que se tratava de uma adolescente. Segundo a força, o militar, que realizou o disparo, foi preso em flagrante pela Polícia Civil e deve responder pelos atos perante a Justiça.

"A Marinha do Brasil lamenta o ocorrido e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida e a honra, além dos princípios militares" e "reforça, ainda, que não tolera tal comportamento e que irá colaborar com os órgãos responsáveis pela investigação", afirma o texto oficial.

A Marinha nada disse sobre o outro militar envolvido no caso. Sem informar o nome dele, a Polícia Civil disse apenas que o outro militar que estava no motel foi intimado para ser ouvido nos próximos dias. 

Motel diz que militares burlaram regras para entrarem com adolescentes. Também em nota, a direção do Motel Chamego, onde ocorreu o crime, diz que os marinheiros burlaram o controle de acesso do estabelecimento para entrarem com as adolescentes.

O motel garante que, conforme a lei, proíbe a entrada de pessoas com menos de 18 anos e atribui o ocorrido a "pessoas mal-intencionadas que burlam o controle de acesso e que foge no ordinário à possibilidade de controle pelo estabelecimento comercial".

Ainda na nota, acrescentou que "não teve acesso ao inquérito policial, pois ainda está em fase de investigação, pendente de conclusão pela autoridade competente" e que, "quando solicitado, compareceu até a delegacia de Vigia para prestar esclarecimentos, momento em que se comprometeu em prestar depoimento quando intimado em juízo".

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