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02/12/2021 às 20h16min - Atualizada em 02/12/2021 às 20h16min

​Advogada passa mal no julgamento dos quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss

Jéssica Rosado, irmã de uma das vítimas, teve de ser levada para uma sala restrita do Foro Central I de Porto Alegre

Fabíola Perez
https://noticias.r7.com/cidades/kiss-irma-de-vitima-passa-mal-apos-exibicao-de-imagens-da-boate-02122021
Jéssica Rosado chora durante depoimento - REPRODUÇÃO/YOUTUBE/TJ-RS
Após mais de uma hora de interrogatório do Ministério Público, a advogada Jéssica Montardo Rosado passou mal e teve de ser levada para uma sala restrita do Foro Central I de Porto Alegre, onde ocorre o segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados de ser responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, em janeiro de 2013, em Santa Maria. Jéssica chorou e se mostrou abalada em diversos momentos do depoimento à promotora Lúcia Helena e ao juiz Orlando Faccini Neto.

O MP-RS exibiu à depoente um vídeo que mostrava imagens da banda Gurizada Fandangueira minutos antes de o incêndio se iniciar. Quando o magistrado interrompeu a sessão para o intervalo, a irmã de Vinícius, que morreu ao tentar salvar outros jovens na tragédia, deixou o plenário chorando e com as mãos no rosto.

O presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio da Silva, disse que a jovem ficou nervosa e esgotada após o depoimento. A entidade pediu ao juiz que conceda um intervalo para que ela possa se recuperar. Jéssica chorou ao se lembrar do irmão Vinícius. Ambos voltaram a entrar na casa noturna para ajudar outros jovens que não conseguiam deixar a boate. “Se não tivéssemos a ajuda de civis, seriam muito mais do que 242 mortes”, disse ao Ministério Público.

Jéssica relatou que voltou à boate para encontrar o irmão. “Jamais me perdoaria de voltar para casa sem ele, como voltei. Queria ter feito mais, mas não tive como.” A advogada disse também que o irmão salvou 15 pessoas. “Ele tinha 1 metro e 98 [centímetros], pesava 130 quilos, era grande, forte e doce como uma baleia. Vinícius sempre foi solidário em todos os trabalhos que fez.”

Ela contou ao Tribunal do Júri que o irmão e o pai chegaram a atuar na contenção de um incêndio em outra cidade do interior do Rio Grande do Sul. “A gente já tinha ajudado a apagar um incêndio com balde e mangueira. Ele era um menino gigante. Ele não seria o mesmo se tivesse voltado para casa e tivesse visto a tragédia da magnitude que foi”, disse.

No retorno à sessão, o juiz confirmou que a irmã de Vinícius havia sido medicada e pediu às partes, o Ministério Público e a defesa dos réus, que se colocassem no lugar das vítimas. “Peço que tenham empatia e por alguns segundos se coloquem no lugar das vítimas. Não podemos ter depoimentos que se alonguem dessa maneira. Vamos harmonizar”, disse antes de passar a palavra à defesa dos réus. “No início do fogo a gente não tinha noção de nada”.

Jéssica disse que morava próximo à rua das Andradas, endereço onde estava localizada a casa noturna. Ela disse que não precisou pegar fila para entrar porque conhecia um dos seguranças da boate. Com isso, a jovem conseguiu se posicionar próxima ao palco onde ocorreu o incêndio. “Vi quando pegou a faísca, vi quando pegaram os extintores. Vi o Marcelo quando ele colocou o microfone no chão e gritou ‘sai’. Me direcionei para a porta e voltei. Tentei procurar meu irmão”, afirmou.

Nervosa, Jéssica disse que caiu entre duas portas e ficou apavorada. “Era muita gente, uns por cima dos outros. Minha primeira reação foi ligar para os meus pais avisando que meu irmão estava lá dentro. Meu pai chegou e tentou me acalmar”, lembra. Na sequência, ela e o pai receberam, então, a notícia de que Vinícius havia sido internado em um hospital. “Ele era a melhor coisa que eu tinha na vida. Vivi meu luto.”

No dia da tragédia, Jéssica se lembra de ter visto os réus em meio ao incêndio. “Eu lembro que eles estavam tentando apagar com garrafa d’água e extintor”. A advogada disse que conhecia Marcelo Jesus dos Santos, que portava o sinalizador que deu início ao incêndio na Kiss, de outros eventos. “Ele me olhou no olho e disse sai. Era um ‘sai’ para as pessoas que estavam olhando.” Em outro momento, a irmã de Vinícius diz que avistou Marcelo “saindo no desespero”. “Vi o Kiko saindo sem camisa no Carrefour, ele queria entrar na boate. Não vi o Mauro e não lembro do Luciano. Vi o Marcelo saindo da multidão sozinho.

Questionada pela advogada de Marcelo, Tatiana Borsa, sobre o momento que o incêndio começou, Jéssica disse que foi muito difícil imaginar o desfecho da tragédia quando o fogo começou. “No início do fogo, a gente não tinha noção de nada”, disse ela. “Às vezes, a gente carrega até uma culpa por ter conseguido sair. Não sei nem como conseguimos sair.” Jéssica comentou ainda que seu pai reencontrou o produtor musical Luciano Bonilha, de 43 anos, após a tragédia e que ele teria abaixado a cabeça e dito que ‘não era assassino’, em referência aos mortos e feridos. O pai, por sua vez, teria lhe respondido: “eu sei que tu não é um assassino”.

O segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados de ser os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, é retomado nesta quinta-feira (2) com o depoimento de cinco sobreviventes no período da manhã e à tarde. Familiares chegaram ao Foro Central de Porto Alegre, capital gaúcha, para acompanhar os depoimentos. Uma faixa com fotos das vítimas foi colocada em frente ao prédio para relembrar a tragédia que aconteceu no dia 27 de janeiro de 2013. Na parte da manhã, devem ser ouvidos Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão Rosado. À tarde, o júri interrogou a testemunha de acusação Miguel Ângelo Teixeira Pedroso e, na sequência, Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore. Na foto, Flávio da Silva usa camiseta em homenagem às vítimas.

Marines dos Santos Barcellos é mãe do segurança Roger Barcellos Farias e disse que se emocionou com o depoimento da terapeuta ocupacional Kelen Ferreira na primeira noite do julgamento, na quarta-feira (1º). “Foi uma fala bem forte. Meu filho trabalhava lá. Ele dizia que era uma casa escura e fechada, mas ele gostava da profissão”, diz ela
A mãe de Rafael Oliveira, Elke de Oliveira, disse que a justiça deve ser feita para todas as pessoas envolvidas. “Quero justiça para todos que estavam naquela noite. Tem famílias inteiras que não existem mais por conta dessa tragédia. Dói muito ouvir essas testemunhas, volta tudo de novo”

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