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02/06/2021 às 06h30min - Atualizada em 02/06/2021 às 06h30min

Iniciativas do “lixo zero” começam a avançar

Conceito de coleta seletiva aumentam, mas país ainda recicla menos de 4% do lixo que produz

https://amazonasatual.com.br/forum-lixo-zero-discute-alternativas-para-acabar-com-lixoes-e-poluicao-de-igarapes/
Os gargalos e os caminhos para o lixo zero - Foto: Divulgação
No Amazonas, apenas 0,5% dos materiais recicláveis (plástico, papel, metal e vidro) são reaproveitados. O resto (99,5%) vai parar em lixões e igarapés. Em Manaus, o reaproveitamento chega a 2,2% e, mesmo assim, é abaixo da média nacional, que chega a 4%. Os números da reciclagem foram apresentados no 1º Fórum Amazonas Lixo Zero, realizado nesta segunda-feira, 31, em Manaus, para marcar a abertura da Semana do Meio Ambiente no Estado. O evento foi realizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa do Amazonas, em parceria com o Instituto Lixo Zero, que atua em vários países. A proposta do evento foi lançar o conceito “Lixo Zero”, praticado em vários países e, em breve, poderá ser implantado no Amazonas. Objetivo diminuir, gradativamente, a quantidade de lixo que vai parar nos igarapés e lixões. “O Lixo Zero consiste no reaproveitamento total de materiais recicláveis e orgânicos, que ao invés de serem jogados em lixões e igarapés, são coletados e reaproveitados”, explicou o embaixador do Instituto Lixo Zero, Daniel Santos.

Logística reversa
Entre as ideias apresentadas na reunião está a criação do Plano de Logística Reversa. A ideia, de modo simples, consiste em obrigar os fabricantes e vendedores a receberem de volta os recipientes, embalagens e outros produtos que seriam jogados no lixo. “A ideia é praticada em várias partes do mundo, mas ainda não ‘emplacou’ no Brasil”, afirmou o deputado estadual Fausto Jr, que preside a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia. “Para sair do papel, o Plano de Logística Reversa precisa fortalecer as cooperativas de catadores de lixo reciclável, que são os primeiros operadores do Lixo Zero”, acrescentou.

Aterro sanitário no limite
No Amazonas, apenas Manaus dispõe de aterro sanitário controlado e, mesmo assim, o local está próximo de atingir seu limite de armazenamento, ressaltou o secretário municipal de Meio Ambiente, Antônio Stroiski. Ele lembra que diariamente 300 ‘carradas’ de lixo são jogadas no aterro de Manaus. A quantidade de lixo poderia ser menor se o conceito Lixo Zero fosse implantado na capital, observou Stroiski.

Lixões a céu aberto
A situação é ainda pior no interior do Estado, onde a maioria dos municípios possui lixões a céu aberto, explicou Juliano Valente, diretor do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas). O problema fica mais grave por causa da presença de catadores, que atuam em condições insalubres. Nos municípios de Borba, Novo Airão, Manacapuru e Itacoatiara, as prefeituras ainda não conseguiram retirar os catadores que trabalham nos lixões. A presidente do Movimento Nacional dos Catadores, Irineide Souza de Lima, revelou que 95% dos catadores no Brasil são mulheres, que vão aos lixões acompanhadas dos filhos.

Uma das alternativas para diminuir os lixões no interior do Estado é a criação de aterros sanitários de pequeno porte. Os locais são mais fáceis de serem controlados, evitando a poluição do solo, água e ar, bem como a atuação ilegal dos catadores. “A medida está sendo preparada pelo Ipaam, que em breve lançará uma portaria para orientar as prefeituras”, adiantou Juliano Valente, do Ipaam.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas Júlio Pinheiro lembrou que a lei federal que acaba com os lixões foi criada em 2010, porém até hoje os municípios não conseguiram cumpri-la. “O Amazonas ainda está na idade da pedra quando se fala do reaproveitamento do lixo”, lamentou Pinheiro. “Amazonas precisa ser referência para o mundo”, afirma Fausto Jr.

Ao final do evento, o deputado Fausto Jr. disse que a educação da população é o primeiro passo para as políticas de reaproveitamento de lixo terem sucesso. “O problema do lixo não vai se resolver sozinho. Precisamos educar a população para separar seu lixo e encaminhá-lo para reciclagem”. Segundo o deputado, o Amazonas precisa ser referência não apenas para o Brasil, mas para o mundo, quando o assunto é reciclagem de lixo. “Temos que dar o exemplo da preservação”, conclui Fausto.

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