Partidos de diferentes espectros da direita, incluindo representantes do Centrão, têm classificado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como um fator de instabilidade nas articulações para a eleição presidencial de 2026. A avaliação é de que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos, dificulta qualquer consenso sobre uma candidatura viável ao Palácio do Planalto.
Separado do pai por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu o contato direto entre ambos, Eduardo tem declarado publicamente sua intenção de disputar a Presidência e rejeita qualquer alternativa à anistia ampla para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A postura tem gerado desconforto entre lideranças da direita, que consideram o deputado "intransigente" e temem que sua candidatura fragmente o eleitorado conservador.
Segundo interlocutores, Eduardo detém cerca de 20% das intenções de voto consolidadas. Embora insuficiente para levá-lo ao segundo turno, esse percentual é considerado relevante o bastante para inviabilizar a vitória de outro nome da direita. Há receio de que parte do eleitorado bolsonarista opte por anular o voto caso não haja um representante da família na disputa.
O anúncio da pré-candidatura ocorreu após Jair Bolsonaro sinalizar apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como possível nome para 2026. A movimentação provocou reação do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que, sem citar Eduardo, criticou a "falta de bom senso na direita" e defendeu a união do grupo.
Nos bastidores, lideranças políticas relatam dificuldade em dialogar com Eduardo, especialmente em relação ao projeto de lei da dosimetria e à proposta de anistia irrestrita. A avaliação é de que, mesmo que um acordo seja alcançado, ele pode ser desfeito rapidamente, o que comprometeria decisões estratégicas, como a eventual candidatura de Tarcísio.
Em meio ao impasse, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), viajou aos Estados Unidos para se encontrar com Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo. O deputado se mudou para o país no início do ano e tem articulado ações junto ao governo Donald Trump contra autoridades brasileiras, que, segundo ele, perseguem seu pai e atacam a democracia.
Entre os nomes cotados para a disputa presidencial estão o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve buscar a reeleição, e Tarcísio de Freitas, favorito da direita. Também são mencionados os governadores Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO). Na esquerda, Ciro Gomes (PDT) é apontado como possível candidato ao Senado pelo Ceará.
Interlocutores do PL tentam convencer Eduardo a moderar o discurso e alertá-lo sobre o clima no Congresso. Partidos de centro não demonstram disposição para aprovar uma anistia ampla, especialmente se incluir Jair Bolsonaro. No entanto, há abertura para discutir a redução de penas.
Enquanto isso, lideranças petistas observam a movimentação com outra perspectiva. Avaliam que as declarações de Eduardo nas redes sociais mais prejudicam do que ajudam a articulação da direita. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), chegou a solicitar a prisão preventiva do parlamentar.
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