Investidores estrangeiros começam a identificar oportunidades em papéis brasileiros depreciados pelas incertezas do mercado sobre as contas públicas do país. O interesse no momento parte de investidores mais sofisticados, e beneficia principalmente investimentos vistos como menos arriscados, mas pode aumentar se houver medidas que contenham o crescimento da dívida e deem mais clareza sobre a trajetória fiscal, segundo banqueiros e executivos ouvidos pelo Estadão/Broadcast.
Investidores estrangeiros começam a identificar oportunidades em papéis brasileiros depreciados pelas incertezas do mercado sobre as contas públicas do país. O interesse no momento parte de investidores mais sofisticados, e beneficia principalmente investimentos vistos como menos arriscados, mas pode aumentar se houver medidas que contenham o crescimento da dívida e deem mais clareza sobre a trajetória fiscal, segundo banqueiros e executivos ouvidos pelo Estadão/Broadcast.
“Chegamos a um certo ponto em que os ativos (aplicações financeiras) brasileiros passam a ter atratividade pelo nível de preço. O investidor estratégico, de mais longo prazo, começa a olhar o Brasil como uma eventual oportunidade de entrada”, diz o presidente do Itaú BBA, Flávio Souza.
Um exemplo recente foi a venda de ações da Vale detidas pela Cosan, de Rubens Ometto, e que movimentou mais de R$ 9 bilhões. O mercado absorveu todo esse volume rapidamente, com presença maciça de investidores internacionais, como os americanos Fidelity, que arrematou mais de um terço dos papéis, e o fundo Ashler, além do francês Capital, o sul-africano Investec e o britânico Ossington.
Para o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, os papéis brasileiros estão em um ponto de entrada “muito favorável” e têm atraído o interesse de fundos sofisticados que entendem de Brasil. As ações da mineradora acumulam perdas de 17,1% no último ano, e uma das missões do novo CEO é justamente recuperar o seu valor, impactado por desastres ambientais, pelo momento do setor de mineração e pelo risco-Brasil.
“O preço (dos ativos brasileiros) caiu tanto que tem muita gente agora dando um passo atrás e olhando, será que é o momento de entrar?”, reforça Pimenta, em entrevista ao Estadão/Broadcast, a primeira desde que assumiu o comando da companhia, no fim do ano passado.
As decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos podem ajudar à medida que ampliam o diferencial de juros. Enquanto o Banco Central (BC) aumentou a Selic e fez parte do mercado cogitar a antecipação do fim do ciclo de alta na taxa, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve os juros estáveis, em busca de mais progressos na inflação e do que será o governo do presidente dos EUA, Donald Trump.
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, menciona ainda a entrada de dinheiro gringo na Bolsa brasileira no início deste ano, além da recente trégua no câmbio. No acumulado de janeiro, até o momento, investidores aportaram mais de R$ 4,2 bilhões na B3.
“Talvez, o posicionamento em relação ao Brasil estivesse contaminado também por uma postura mais cautelosa com a transição dos EUA”, sugere Mesquita. “Algumas pessoas acham que vai ser mais suave do que se temia. Tenho dúvidas, mas o mercado parece gostar dessa ideia. Estamos vendo um comportamento melhor dos ativos”, acrescenta.
O apetite estrangeiro pelo Brasil depende do ativo, diz o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha. O banco levantou US$ 750 milhões por meio de uma emissão externa neste mês, e conseguiu reduzir a taxa paga aos investidores diante da elevada demanda pelos papéis.
“Mas, do outro lado, tem um conjunto de investidores que não quer colocar dinheiro no País enquanto não tiver certeza de como o Brasil vai navegar com o câmbio e a taxa de juros. Para a renda variável, não tem Brasil. É só Estados Unidos”, adverte Noronha.
Para que o Brasil volte, de fato, ao radar externo, precisa avançar algumas casas rumo à sustentabilidade fiscal, cobram executivos ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Para um deles, de um grande banco americano, ainda que um ponto de entrada comece a aparecer, o gatilho só virá com a melhoria do quadro fiscal e a queda dos juros no País, prevista somente para meados de 2026.
“A preocupação com o fiscal no Brasil gera incerteza e isso acaba afetando o apetite. É importante um cenário mais claro, principalmente na parte fiscal, como vai afetar os juros e a capacidade de extrair valor das transações no Brasil”, diz Souza, presidente do Itaú BBA.
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