18/10/2024 às 16h21min - Atualizada em 18/10/2024 às 16h21min
A moeda de troca do PL para tentar livrar Bolsonaro
Presidente do PL diz que partido apoiará os candidatos ao comando da Câmara e do Senado que se comprometerem com o projeto de lei da anistia. A proposta é considerada por ele o caminho para reverter a inelegibilidade do ex-chefe do Executivo
Fernanda Strickland / Júlia Portela / Don CarlosLeal
CORREIO BRAZILIENSE
Valdemar Costa Neto com o ex-presidente: "Vamos lutar para incluir Bolsonaro" no PL da Anistia, afirmou o dirigente. Foto: crédito: Beto Barata / PL / Reprodução O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, condicionou o apoio do partido a candidatos às Presidências da Câmara e do Senado que se comprometam a defender o projeto de lei da anistia, que pretende livrar os golpistas do 8 de janeiro. A proposta, na avaliação do dirigente, é um caminho para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O chamado PL da Anistia está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Segundo Costa Neto, o texto é um ponto-chave na sucessão das presidências das duas Casas. "Não tenha dúvida disso", frisou, em entrevista à CNN Brasil.
Costa Neto foi enfático ao afirmar que a inelegibilidade de Bolsonaro será revertida. Ele comparou a situação do ex-presidente com a do atual chefe do Executivo federal, Luiz Inácio Lula da Silva, que também enfrentou restrições legais antes de concorrer novamente à cadeira do Palácio do Planalto. "Vamos lutar para incluir Bolsonaro", frisou, em relação ao projeto de lei."Porque a condenação dele foi simplesmente absurda. Só porque conversou com embaixadores e disse que era contra as urnas. É a opinião dele, que tem de ser respeitada. Na opinião do dirigente, o caminho legislativo para reverter a inelegibilidade é mais "fácil" do que tentar uma decisão favorável na Justiça Eleitoral.
"(O projeto de lei) não trata do assunto do Bolsonaro. Vamos ter de fazer isso no andar da carruagem. E temos de pôr isso na pauta do presidente da Câmara e do presidente do Senado, a serem eleitos", destacou.
Bolsonaro está inelegível por oito anos. Em 2023, ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político na corrida eleitoral de 2022. Em julho daquele ano, o então presidente fez uma reunião com embaixadores na qual colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral, sem apresentar provas.
Apesar do aparente entusiasmo, Costa Neto admitiu que convencer a Câmara a apoiar o PL da Anista será tarefa complicada. "Agora, nós temos que convencer os deputados a votarem", afirmou.
Na Câmara, o PL conta com 92 parlamentares, a maior bancada da Casa. No Senado, o partido tem 14 integrantes. Embora as eleições para as duas presidências estejam previstas apenas para fevereiro de 2025, as articulações em torno da sucessão do deputado Arthur Lira (PP-AL) e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) estão em pleno andamento nos bastidores do Congresso.
Para a sucessão na Câmara, há três candidatos: Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA). Motta corre por fora, com acenos de que será o candidato de Lira.
Já Nascimento e Brito se juntaram em uma aliança: o candidato que tiver mais apoio com a chegada da eleição será o escolhido para continuar a campanha, com o apoio do outro.
Negociações
Nesta semana, deputados do PT se reuniram para discutir quem a sigla deve apoiar. A bancada tem 68 deputados, só perdendo para o PL. O líder da legenda na Câmara, Odair Cunha (MG), afirmou, na terça-feira, que o apoio pode ir para Motta.
"O PT está discutindo qual é a tese que nós vamos decidir. Se vamos decidir pela manutenção e pela permanência no blocão ou se vamos produzir um novo bloco aqui na Casa. Essa é a discussão central. E nessa tese de permanência, temos uma candidatura que significa a convergência dessas forças políticas, que é a do Hugo Motta", disse Cunha.
Nesta quinta-feira, Lula disse que pretende ficar fora das discussões. "Tenho como prática política não me meter na escolha do presidente da Câmara. Isso é uma coisa do Congresso Nacional. Como eu respeito a autonomia de cada Poder, o meu presidente será aquele que for eleito", garantiu, em entrevista a uma rádio baiana. "Goste eu dele ou não, vou conversar e tratar como presidente da Câmara."
Já Elmar Nascimento busca apoio por fora. Na segunda-feira, ele se reuniu com membros do MST e foi a São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para um encontro com metalúrgicos.
Elmar Nascimento também se encontrou, na quarta-feira, com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Nesta quinta-feira, o líder do União Brasil esteve com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
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