04/10/2024 às 18h28min - Atualizada em 04/10/2024 às 18h28min
Do “Cafona” ao “Sucatão”, Brasil já teve seis aviões presidenciais; veja modelos e curiosidades
Avião utilizado por Lula não foi o primeiro a dar problema e aumentar pressão por troca; Costa e Silva passou por incidente em 1967 e vice de Fernando Henrique, em 1999
Redação CNN / Don CarlosLeal
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O avião presidencial pousa em Brasília O avião presidencial pousa em Brasília. - Foto: Wesley Sabino / Reprodução Os presidentes brasileiros viajaram ao longo dos últimos 83 anos em ao menos seis modelos de aeronaves modificadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) exclusivamente para atender aos mandatários e suas comitivas em compromissos nacionais e internacionais. Os aviões presidenciais ganharam os noticiários nesta semana após a aeronave que trazia ao país o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva vindos do México ter apresentado problemas técnicos.
Foi necessário dar 50 voltas no ar para esvaziar o tanque de combustível , em um período de quase cinco horas, e pousar em segurança no aeroporto de onde havia decolado horas antes. O episódio fez o governo retomar as discussões sobre a compra de uma nova aeronave, mas o Aerolula, como o atual modelo é chamado, não é o único avião a apresentar problemas e motivar uma discussão pela compra de uma nova aeronave.
O primeiro presidente brasileiro a ter uma aeronave de uso exclusivo para suas viagens foi Getúlio Vargas. O Lockheed L-18 Lodestar foi desenvolvido e construído por uma empresa norte-americana e era utilizado para transporte e lançamento de paraquedistas durante a Segunda Guerra Mundial.
O avião tinha capacidade para três tripulantes e 18 passageiros. A FAB operou o modelo em missões de transporte de passageiros e carga, de 1941 a 1968. A aeronave foi substituída por ser considerada limitada em autonomia e pouco confortável.
As aeronaves presidenciais são conduzidas por militares do Grupo de Transporte Especial (GTE), uma das unidades aéreas mais antigas da FAB. O GTE surgiu como Seção de Aviões de Comando, em 4 de junho de 1941, no antigo Campo do Calabouço, hoje Aeroporto Santos Dumont, quando o Rio era capital do país.
Em março de 1954, a Unidade passou à subordinação do Gabinete do Ministro da Aeronáutica, sendo então renomeada como Esquadrão de Transporte Especial. A denominação atual é de 1957 e a unidade foi transferida para Brasília com a fundação da cidade, em 1960.
O GTE é responsável por transportar o presidente e autoridades do primeiro escalão da República, condução de autoridades nacionais e estrangeiras e pelo transporte de órgãos para transplante e enfermos em UTIs aéreas.
O Vickers Viscount 789D, designado VC-90, foi o modelo escolhido para ser a segunda aeronave presidencial do governo brasileiro. O Cafona, como era conhecido nas aerovias, tinha uma capacidade maior: seis tripulantes e 40 passageiros.
A aeronave foi entregue à FAB em outubro de 1958 e foi utilizada pelos presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart, Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Até ser desativado em 1987, o avião voou 13,8 mil horas.
O uso do avião foi reduzido, no entanto, anos antes, logo após um acidente com o marechal Costa e Silva no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1967.
“Procedente de Brasília, o aparelho preparava-se para alcançar a cabeceira da pista, pelo lado da Escola Naval, quando perdeu altura e tocou bruscamente o asfalto”, relatou reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
“Nesse instante, possivelmente pelo impacto, o trem de pouso cedeu e um pneu estourou. O avião arrastou-se ‘de barriga’ na pista, a asa direita bateu no solo e um dos quatro motores pegou fogo”, diz a matéria.
O presidente foi o primeiro a deixar a aeronave. O jornal narra que, ao deixar o avião e constatar que ninguém havia sofrido nada, além do susto, Costa e Silva comentou a pessoas mais próximas: “Agora não há mais jeito, não. Temos é que comprar outro avião”.
A alternativa encontrada foi o modelo One-Eleven, da British Aircraft Corporation. As aeronaves foram compradas pela FAB no mesmo ano em que houve o acidente envolvendo o marechal Costa e Silva.
Os aviões receberam a designação VC-92 e serviram aos presidentes do regime militar, entre 1968 e 1976.
O Boeing 737-200 é um avião comercial com capacidade para dois tripulantes e 130 passageiros. O modelo utilizado para transportar os presidentes brasileiros, no entanto, foi modificado para comportar seis tripulantes e 40 passageiros, além de uma cabine VIP para o mandatário.
O VC-96 transportou presidentes em suas viagens nacionais e internacionais entre 1976 e 2010. O avião serviu a Ernesto Geisel, João Figueiredo, Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula.
A aeronave também ficou conhecida por ter transportado o corpo do presidente Tancredo Neves e viajado 11 estados brasileiros com o Papa João Paulo II.
Ao mesmo tempo em que o Sucatinha era utilizado para transportar os presidentes, outra aeronave foi comprada pela FAB em meados de 1980 e passou a ser utilizada pelos mandatários.
O Sucatão operou de 1986 a 2013 e serviu a cinco presidentes. A aeronave foi usada pela FAB nas principais missões humanitárias promovidas pelo Brasil e em resgate de brasileiros vítimas de guerras e catástrofes.
Em dezembro de 1999, um modelo similar ao Sucatão transportava o então vice-presidente Marco Maciel para Pequim, na China, quando uma de suas quatro turbinas pegou fogo em pleno ar. A aeronave foi forçada a pousar em Amsterdã, na Holanda.
“O incêndio provocou uma pane no sistema hidráulico da aeronave, levando a tripulação a ter de usar um sistema emergencial para acionar o trem de pouso. O piloto conseguiu pousar em meio a um grande aparato de socorro sem provocar maiores danos à aeronave. Ninguém saiu ferido, segundo os passageiros”, contou reportagem do jornal Folha de S.Paulo na época.
Depois do incidente, a Presidência da República optou pelo fretamento de aeronaves. Em 2003, com a justificativa de que os custos dos fretamentos eram altos, o governo decidiu comprar uma aeronave mais moderna, econômica e segura, destinada exclusivamente a viagens oficiais, tanto nacionais quanto internacionais.
Após 27 anos de uso, o Sucatão passou a apresentar altos custos de manutenção, excessivo consumo de combustível e barulho acima dos níveis permitidos. Desativada como aeronave presidencial em 2005 por determinação de Lula, ela começou a ser utilizada estrategicamente no reabastecimento em voo de caças.
Lula então encomendou uma nova aeronave. O novo modelo, o VC-1, recebeu o apelido jocoso de Aerolula pelos críticos. O nome pegou e o próprio presidente e seus ministros passaram a se referir assim a respeito do avião.
Duas aeronaves do modelo VC-2 receberam pintura especial em 2010, em verde e amarelo, e passaram a ser operadas pelo Grupo de Transporte Especial. A FAB informou na época que o valor das aeronaves foi de R$ 211 milhões. A aeronave serviu aos presidentes Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e, novamente a Lula, a partir de 2023.
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