17/08/2024 às 10h14min - Atualizada em 17/08/2024 às 10h14min
Aliados de Moraes suspeitam que as mensagens foram extraídas pelo próprio assessor
Eduardo Tagliaferro foi exonerado após a prisão por violência doméstica contra
Igor Gadelha / Don Carlos Leal
METRÓPOLES
Mensagens mostram que Moraes encomendava relatórios a Eduardo Tagliaferro, fora do rito. - Foto: Reprodução Reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo, as mensagens mostram que Moraes encomendava a técnicos do setor de combate à desinformação do TSE, fora do rito, relatórios sobre bolsonaristas investigados por ele no STF. As ordens do ministro eram passadas em um grupo de WhatsApp pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes no STF, ao perito Eduardo Tagliaferro, então chefe do setor de combate à desinformação da Corte Eleitoral.
O jornal Folha de S. Paulo diz que obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, e não por interceptação ilegal ou acesso hacker. A principal suspeita dos aliados de Moraes é de que as mensagens teriam vazado por meio do celular de Tagliaferro. A dúvida é se o próprio perito teria vazado por conta própria ou se o conteúdo foi extraído sem autorização dele.
O antigo assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro – figura central na troca de mensagens que revelariam o uso do órgão fora do rito para investigações contra bolsonaristas no STF – foi preso por violência doméstica e disparo de arma de fogo.
Aliados de Moraes lembram que Tagliaferro foi preso no dia 8 de maio de 2023 sob a suspeita de agressão a sua esposa. Na manhã do dia seguinte, por ordem da Polícia Civil, o perito entregou seu celular aos policiais. O aparelho foi entregue por uma pessoa ligada ao perito na delegacia seccional da cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana da capital paulista, de acordo com registros da Polícia Civil aos quais a coluna teve acesso.
O celular só foi devolvido seis dias depois, em 15 de maio. Nos registros de entrega e devolução do aparelho, consta que a senha de acesso ao aparelho não foi fornecida e que o celular foi lacrado.
“Comparece nesta unidade policial o declarante supra qualificado, acompanhado da testemunha, informando que é cunhado do Sr. Eduardo de Oliveira Tagliaferro, e que neste momento apresenta o telefone celular acima descrito, ora apreendido em auto próprio, aparelho este que recebeu das mãos de Eduardo pouco antes dele ser encaminhado para audiência de c/dia em Jundiaí. Afirma o declarante que referido aparelho é de uso pessoal de Eduardo, bem como de uso profissional possuindo 02 (dois) chips. Referido aparelho foi devidamente desligado nesta delegacia, isto visando preservar seu conteúdo, não possuindo o declarante sua senha de acesso. APARELHO APREENDIDO SOB O LACRE 02347830. Nada mais.”, diz o registro de entrega do aparelho à polícia.
A maioria das polícias civis do país, porém, tem à disposição softwares que desbloqueiam celulares mesmo sem a senha de acesso, o que permite a recuperação de dados do aparelho, inclusive os que foram apagados.
O que diz a Secretaria de Segurança de SP
A coluna questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, à época já sob o governo Tarcísio de Freitas, se foi extraído algum material do celular de Tagliaferro nos dias em que o aparelho ficou retido. Em nota, a pasta limitou-se a informar que o caso foi “investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras (SP) e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023”.
“O caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. O autor foi solto no dia seguinte à sua prisão em audiência de custódia. Demais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário”, afirma a nota oficial da SSPSP.
Tagliaterro teria avisado TSE sobre celular
A coluna também procurou Tagliaferro, mas ele não quis se pronunciar. Interlocutores do perito admitem que as mensagens podem ter vazado pelo celular dele, mas negam que ele tenha vazado por iniciativa própria.
Um aliado próximo de Tagliaferro relatou à coluna que o perito chegou a avisar ao TSE que seu celular havia sido apreendido pela Polícia Civil de São Paulo por ocasião de sua prisão.
O perito foi exonerado do cargo de chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação logo após ser preso. Sua exoneração foi publicada no dia 9 de maio no Diário Oficial da União.
Moraes nega irregularidades
Em nota, o gabinete de Moraes sustentou que não houve irregularidades nos pedidos feitos pelo ministro a órgãos do TSE durante a investigação dos inquéritos das fake news e lembrou que a Corte Eleitoral tem poder de polícia.
Em manifestação no plenário do STF na quarta-feira (14/8), Moraes também argumentou que o “caminho mais eficiente para a investigação naquele momento era a solicitação (de relatórios) ao TSE”.
O ministro afirmou ainda que as informações solicitadas eram objetivas e públicas e que “lamentavelmente, num determinado momento, a Polícia Federal pouco colaborava com as investigações”. “Seria esquizofrênico eu, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (à época) me auto oficiar”, afirmou Moraes.
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