A tragédia das enchentes no RS poderia ter sido evitada?
Mais uma tragédia anunciada e a urgência da adaptação e da mitigação. No caso das enchentes no Rio Grande do Sul, o cenário foi previsto há pelo menos 10 anos
Danilo Maeda / Head da Beon / Don Carlos Leal
10/05/2024 14h34 - Atualizado em 11/05/2024 às 00h03
Vista aérea do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) inundado no centro da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. - Imagem: SEDAC / Reprodução
Desde que se estabeleceu a discussão sobre mudanças climáticas, cientistas alertam para o fato de que os chamados eventos climáticos extremos se tornariam mais frequentes e mais severos. As enchentes que atingem o Rio Grande do Sul resultam da combinação de um evento climático sem precedentes e da negligência das autoridades, após outros episódios parecidos sinalizarem a possibilidade de que uma grande tragédia se concretizasse. A cronologia dos fatos ligados à situação revela que essas enchentes foram, de certa forma, tragédias anunciadas. Em 21 de abril, os primeiros alertas de chuva forte foram emitidos, indicando altos volumes em algumas áreas. O MetSul previa que o volume acumulado de precipitação poderia alcançar até 200 mm em alguns pontos entre o fim de abril e o começo de maio. Quatro dias depois, o MetSul alertou para um cenário parecido com o verificado em 2023. As chuvas poderiam durar vários dias, alcançar 300 mm e bater o esperado para dois meses em apenas sete dias. Em 27 de abril, Canoas, Novo Hamburgo e Porto Alegre registraram os primeiros alagamentos. No dia 30 de abril, o prefeito de Porto Alegre anunciou a abertura dos primeiros abrigos na cidade. O Guaíba subiu quase quatro metros em cinco dias. Com o recorde anterior de cheia batido, a capital gaúcha viu suas ruas alagarem e colapsaram no fim da semana passada. O Rio Grande do Sul teve três enchentes com mortes em 2023, totalizando 75 mortes. Apesar desses episódios, os investimentos na prevenção de enchentes não aumentaram substancialmente. A combinação de eventos climáticos extremos e a falta de medidas preventivas torna as consequências drásticas das enchentes no RS uma tragédia anunciada.
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FONTE: EXAME
