MENU

Diário de Rio dos Cedros Publicidade 1200x90
Diário de Rio dos Cedros Publicidade 728x90

Amplo movimento grevista deixa Lula sob pressão em momento delicado

Um dos sindicalistas mais emblemáticos da história do país, Lula agora vive a ironia de lidar com sindicalistas, seus velhos conhecidos

Victoria Bechara / Don Carlos Leal
14/04/2024 10h51 - Atualizado em 14/04/2024 às 10h51
Amplo movimento grevista deixa Lula sob pressão em momento delicado
Protesto recente de funcionários da educação: paralisação grande nos institutos federais. - Foto: José Cruz / Agência Brasil / Reprodução
Metalúrgico e líder sindicalista, Lula foi catapultado à política liderando greves históricas que desafiaram a ditadura militar no ABC paulista nos anos 1970. O agora presidente da República teve uma longa trajetória no movimento e foi decisivo para a criação da maior organização sindical do país, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983.

Como líder da bancada petista durante a Assem­bleia Constituinte, votou a favor do direito à greve e de outras questões trabalhistas, como o aviso prévio proporcional, o salário mínimo real e a estabilidade do dirigente sindical. Agora, em um momento delicado do seu terceiro mandato, com a popularidade em queda e várias crises internas no seu governo, Lula é alvo de uma pressão adicional vinda de velhos conhecidos: os sindicatos. 

Um amplo movimento reivindicatório tem crescido e colocado o governo contra a parede nas últimas semanas. Pelo menos vinte categorias estão mobilizadas por reajuste salarial, reestruturação de carreiras e melhores condições de trabalho, segundo estimativa do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado). Na última semana, a cobrança aumentou com a greve dos professores e técnicos dos institutos de ensino, que já afeta pelo menos 300 campi. Docentes das universidades federais também ameaçam cruzar os braços a partir do dia 15.

A paralisação ainda atinge o meio ambiente, área que é vendida pelo Palácio do Planalto como uma de suas prioridades. Servidores do Ibama e do ICMBio suspenderam as ações de fiscalização e se concentram em atividades burocráticas há três meses — nesse período, o número de multas ambientais na Amazônia caiu 81,65%, segundo a Ascema (Asso­cia­ção Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente).

Em outros setores, há paralisações pontuais e operação-­padrão (rotina com mais lentidão e burocracia) no Banco Central, na Receita Federal, na Comissão de Valores Mobiliários e no Ministério da Agricultura. 

O alerta já vinha sendo dado há algum tempo. Ciente da insatisfação dos servidores, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos instalou uma mesa de negociação permanente já em fevereiro de 2023, mas enfrenta o desafio de arrumar espaço no orçamento sem prejudicar as políticas sociais.

A pasta depende da avaliação do regime fiscal de 2024 para conceder o reajuste aos servidores. “Há uma discussão interna sobre impacto orçamentário, e por isso não é no prazo que os servidores gostariam. Mas não estamos parados. Todas as mesas de negociação estão caminhando”, afirma a ministra Esther Dweck. 

Apesar da disposição do governo, ainda reconhecido como aliado pelo movimento sindical, a margem para negociar é pequena. A gestão propõe aumentar benefícios (auxílios alimentação, creche e saúde) em maio, mas a recomposição salarial seria negociada carreira a carreira, sem a garantia de reajuste neste ano.

Essa indefinição incomoda os sindicatos, que intensificaram a pressão nos últimos dias. Na semana passada, Dweck se reuniu com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) para tratar do tema. “A gente sabe que o governo tem suas prioridades. Esperamos que o serviço público federal esteja entre elas”, diz o presidente do Fonacate, Rudinei Marques. 

A queda de braço vem em um momento delicado para o governo, não só pela popularidade em queda de Lula. A gestão também vem tentando manter longe do plenário no Congresso uma proposta de reforma administrativa que tramita desde 2020 e que é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Entre outros pontos, a medida restringe a estabilidade, amplia possibilidades de terceirização e cria ferramentas para monitorar o desempenho. O Palácio do Planalto tenta adiar a todo custo o debate necessário sobre o tema, sendo que as questões ideológicas estão entre os principais motivos (o PT nasceu no berço do sindicalismo e Lula não mostra disposição alguma de abandonar a equivocada fé no progresso econômico pelo Estado forte). 

A bem da verdade, mesmo governos com discursos mais liberais fraquejam na hora de mexer nesses interesses, pois enxergam os funcionários públicos como uma massa nada desprezível de eleitores. Atualmente, o Brasil tem 570.000 servidores ativos — metade deles está em mobilização contra o governo (em greve ou em campanha salarial) — e o país gasta com eles 370 bilhões de reais ao ano.

Segundo o FMI, o salário pago no setor público equivale a 8,9% do PIB e está na média global. Para Cibele Franzese, coordenadora da graduação em administração pública da FGV, o problema é outro: “Há muita desigualdade. Uns ganham muito e outros, pouco”. Segundo ela, sem negociação unificada, quem fizer mais pressão política vai levar. O que Lula talvez não estivesse esperando era ter de enfrentar o fogo amigo de velhos companheiros de jornada. 

#BomDiaRioDosCedros #DiárioDeRioDosCedros #RioDosCedros #DonCarlosLeal #NotíciasRioDosCedros #TurismoRioDosCedros #CulturaRioDosCedros #MovimentoGrevistaXLula

FONTE: VEJA
Tags »
Notícias Relacionadas »
Diário de Rio dos Cedros Publicidade 1200x90
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp