07/07/2023 às 08h01min - Atualizada em 07/07/2023 às 08h01min
'Foi passivo', diz Travesti ao revelar que teve caso com pastor André Valadão
Durante um culto nos EUA, O pastor, pai de três filhos, incitou que cristãos matem integrantes da comunidade LGBTQIA+
ISTO É
A travesti Talita de Oliveira afirmou que o pastor André Valadão a contratou duas vezes para executar serviços sexuais. - Imagem: Montagem / Reprodução / Web Após o pastor André Valadão ser detonado nas redes sociais por atacar a comunidade LGBTQIAP+, a travesti Talita Oliveira usou seu perfil no Instagram para contar que já fez sexo com o religioso. Ela afirma que Valadão a contratou duas vezes para executar serviços sexuais. “É muito fácil condenar o outro, assuma os erros do seu passado, assuma que me pagou duas vezes, na hora que você assumir conversaremos novamente”, escreveu na legenda do post. Talita ainda disse para Valadão assumir que a pagou duas vezes para realizar programas sexuais.
“O André Valadão tá abrindo a boca pra falar muita besteira, sabe? Então, André, eu vou abrir a minha boca também, sabe? Porque você pagou meu programa anos atrás em São Paulo e em Porto Alegre. Você se lembra, André Valadão?”, disparou a travesti.
Essa não é primeira vez que André Valadão se envolveu em polêmicas. A IstoÉ Gente relembra algumas delas abaixo. Recentemente, André Valadão condenou a palavra “orgulho”. Na ocasião, o líder religioso falou sobre o movimento LGBTQIAP+ e, atrás dele, a frase “Deus odeia o orgulho” ditou o tom do discurso. Valadão falou sobre o mês de junho — um mês de luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+, também chamado de Mês do Orgulho.
“Deus odeia o orgulho. Deus não tolera. Uma das palavras mais difíceis para Deus é orgulho. Deus odeia, ele repugna, qualquer atitude de orgulho. Só o uso da palavra orgulho Deus já abomina”, disse Valadão, ovacionado pelos fiéis da igreja logo após proferir as palavras. O pastor ainda alegou que “qualquer movimento que carrega o termo orgulho, Deus abomina”, começou.
“A figura do orgulho é Lúcifer. A figura da palavra orgulho é o anjo caído, é alguém que, debaixo dos seus atributos, dons e possibilidades, quis se igualar a Deus […] orgulho é dizer: ‘eu não preciso de Deus’. O símbolo do orgulho, na bíblia, é Lúcifer e a palavra mostra que Deus não tolerou Lúcifer”, defendeu André Valadão.
O pastor ainda usou passagens bíblicas que falam sobre sexualidade e orgulho. “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o reino de Deus? Eu amo essa frase, essa pequena frase: não se deixem enganar”, continuou o pastor. “Nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o reino de Deus”, citou o que ele atribuiu ao livro bíblico de Coríntios — mesmo que a bíblia não cite as palavras citadas por ele.
“A minha preocupação aqui é porque hoje 57% da família cristã aceita o mês do orgulho. Hoje 57% da família evangélica e que se diz cristã não se opõe ao arco-írizinho nas lojas. 57% das famílias evangélicas hoje trata com normalidade a prática do pecado da homossexualidade”, alegou Valadão. O pastor garantiu ainda que durante todo o mês do orgulho vai “apontar o caminho da santidade”.
“Deus não destruiu a humanidade por causa de roubo, assassinatos ou idolatria. Deus destruiu a humanidade por causa da imoralidade sexual. Imoralidade sexual é um pecado grave. Não sou eu que estou dizendo, é a bíblia que diz: homossexuais passivos ou ativos não herdarão o reino de Deus”, finalizou.
Em outubro do ano passado, Valadão, que foi uma das figuras mais atuantes do segmento evangélico no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, após várias publicações a favor do então candidato e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), publicou um vídeo se retratando com o presidente Lula (PT). No vídeo, o pastor diz que foi intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), através de Alexandre de Moraes a fazer o pedido de retratação.
Horas após a publicação, André fez uma postagem em suas redes sociais em que mencionava censura. A assessoria do TSE, no entanto, negou qualquer pedido de declaração vinda do pastor.
Em 2021, após ter se envolvido em uma polêmica com a comunidade judaica por ter tido uma fala preconceituosa contra judeus, o pastor André Valadão foi acusado de fazer comentários homofóbicos, gordofóbicos e favoráveis à violência policial rotineiramente, segundo informações dadas pela colunista Fábia Oliveira.
De acordo com a jornalista, as declarações com teor preconceituoso por parte de André Valadão não foram pontuais e são constantes na vida dele. O pastor admitiu ser contra relações homoafetivas, as quais considera pecado, e também ser contra homossexuais frequentarem igrejas cristãs.
Além disso, ele foi gordofóbico com um outro pastor que lhe fez uma crítica e o mandou calar em vez de “falar besteiras”. “Pela sua foto, vejo que quem tem que fechar a boca é você. Vá jejuar”, rebateu André Valadão, em tom considerado gordofóbico.
Na segunda-feira(3), o Ministério Público Federal instaurou um procedimento para apurar a possível prática de homofobia cometida pelo pastor evangélico e bolsonarista André Valadão por ter incitado a violência contra as pessoas LGBTQIA+. O responsável pela investigação contra o pastor é o procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre Lucas Costa Almeida Dias. “Após a apuração dos fatos, o MPF encaminhará as medidas cabíveis para o caso”, informou o órgão.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) enviou uma representação ao Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) contra o pastor. Por meio de uma publicação no Twitter, a parlamentar afirmou: “Não aceitaremos mais a incitação a crimes de ódio disfarçados de religiosidade. Deus não odeia o orgulho. Deus não quer nossa morte. Esse ódio e ataque às nossas vidas vêm de seres humanos. E estes responderão na justiça dos homens”.
Além dela, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) divulgou em suas redes sociais que pretendia processar criminalmente o religioso por suas falas. “Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência. Em um país onde tanto se mata LGBTQIA+, André Valadão não pode falar em nome de Deus. Deus é união, amor, respeito e tantos sentimentos bons, jamais um incentivador de discurso de ódio e de assassinatos em massa”, destacou.
Vale informar que essa não é a primeira vez que André Valadão é alvo de representação no MP. Em outra ocasião, o pastor disse que “Deus odeia o orgulho”, em referência ao mês do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em junho.
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