22/03/2023 às 15h32min - Atualizada em 22/03/2023 às 15h32min
Moro é alvo de facção criminosa suspeita de planejar, matar e sequestrar autoridades
Polícia Federal cumpriu 21 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão em quatro estados
Isabela Camargo / Camila Bomfim / Fábio Amato / Bruno Tavares / Cesar Tralli / Leonardo Bosisio
G1
Senador Sergio Moro (União Brasil). - Foto: Fábio Vieira / Metrópoles / Reprodução A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (22), uma operação que investiga integrantes de uma facção criminosa suspeitos de planejar matar e sequestrar autoridades, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino. O senador Sergio Moro (União Brasil) afirmou que era um dos alvos do grupo criminoso. Até por volta de 9h40, nove pessoas haviam sido presas.
A facção atua dentro e fora dos presídios brasileiros e internacionalmente. Quando era ministro de Segurança Pública, Moro determinou a transferência do chefe da facção, Marcola, e outros integrantes para presídios de segurança máxima. À época, o senador defendia o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.
De acordo com a PF, são cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão em São Paulo, Paraná – onde estão os principais alvos – Rondônia e Mato Grosso do Sul. Até a última atualização desta reportagem, nove pessoas haviam sido presas – sete delas em Campinas, São Paulo. Durante a operação, em São José dos Pinhais, no Paraná, os investigadores encontraram um cômodo atrás de uma parede falsa (veja vídeo acima).
Além de homicídio, os suspeitos pretendiam sequestrar autoridades públicas, segundo a PF. Os policiais identificaram ainda que os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea. Outro alvo do grupo era Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Presidente Prudente, interior de São Paulo, devido às investigações comandadas por ele.
Gakiya afirma que não há certeza se o plano era para matar ou sequestrar o senador Sergio Moro. “É uma das possibilidades. A gente não pode dizer se o plano era para executar o ex-ministro Sérgio Moro ou se era um plano para sequestrá-lo, inclusive, junto com seus familiares. Talvez, a segunda opção fosse mais plausível, na visão dos investigadores. É uma personalidade pública e se houvesse esse sequestro causaria um clamor dentro e fora do Brasil, e com isso tentar trocar a liberdade de Moro e família pela soltura de Marcola ou a devolução dele para o sistema penitenciário paulista", afirmou.
Mandados foram cumpridos em quatro estados. Um comandante de Polícia Militar também era alvo dos atentados. 'Era um ataque nacional', disse Dino em resposta a mensagens enviadas pelo blog.
Segundos os investigadores, até por volta de 9h40 estavam confirmados mandados contra os seguintes suspeitos (outros nomes não foram divulgados): Janeferson Aparecido Mariano; Patrick Uelinton Salomão; Valter Lima Nascimento; Reginaldo Oliveira de Sousa; Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan; Claudinei Gomes Carias; Herick da Silva Soares; Franklin da Silva Correa.
Segundo investigadores, a retaliação a Moro era motivada por mudanças no regime de visitas em presídios. Criminosos também trabalhavam com a ideia de sequestrar o senador como forma de negociar a liberação de Marcola. Ao menos dez criminosos se revezavam no monitoramento da família do senador em Curitiba, segundo agentes.
Até a última atualização desta reportagem, a PF não havia informado qual era a portaria que motivou os planos dos criminosos e por que Moro estava entre os alvos mesmo, tendo deixado o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2020. Os alvos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços de Sergio Moro. A família do senador também teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores.
Nas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou a operação e confirmou que as vítimas seriam um senador e um promotor de Justiça (veja publicação acima). "Hoje a Polícia Federal está realizando prisões e buscas contra essa quadrilha", afirmou.
Por meio de uma rede social, Moro também comentou sobre a operação e afirmou que vai fazer um pronunciamento sobre ser alvo de ameaças de um grupo criminoso. "Sobre os planos de retaliação contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado", cita a postagem.
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