16/01/2023 às 13h35min - Atualizada em 16/01/2023 às 13h35min
Ex-ministro da Fazenda diz que Lula frustrou as expectativas do mercado
Mailson da Nóbrega lamenta que pelas declarações mais recentes, Lula se aproxima do período da Dilma Rousseff
Rosana Hessel
CORREIO BRAZILIENSE
Ex-ministro da Fazenda e sócio-fundador da Tendências Consultoria, Mailson da Nóbrega - Foto: Marcelo Ferreira / CB /D.A Press / Reprodução O economista Mailson da Nóbrega diz que o presidente da República frustrou as expectativas, e hoje se aproxima mais de uma nova versão do governo Dilma Rousseff do que de sua primeira gestão. Ele avalia ainda que o pacote fiscal apresentado poderia ter sido mais bem elaborado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) frustrou as expectativas de economistas e do mercado financeiro, que esperavam que o novo mandato fosse uma repetição do primeiro. “Pelas declarações mais recentes, inclusive na parte econômica do discurso de posse, Lula se aproxima do período da Dilma (Rousseff)”, lamenta o economista, ex-ministro da Fazenda e sócio-fundador da Tendências Consultoria, Mailson da Nóbrega.
Segundo ele, Lula ainda não se deu conta do desafio que tem pela frente, porque não herdou um país mais organizado, como o deixado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2003, e, agora, está diante de uma verdadeira herança maldita. “Lula recebe um país, como se sabe, com uma situação fiscal muito delicada e com um crescimento medíocre. E o discurso dele parece sinalizar que basta ter chegado ao governo para superar uma transformação tal que a felicidade chega”, alerta, em entrevista ao Correio.
Ao avaliar o pacote de medidas fiscais de R$ 242,7 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira, Mailson destaca que o plano tem o mérito de tentar reduzir o rombo orçamentário de R$ 231,6 bilhões previsto para este ano. Contudo, no momento, não havia demanda para isso. “A grande espera hoje do mercado é o novo arcabouço fiscal. Então, parece que o anúncio foi para dar a impressão de que a agenda econômica não seria prejudicada pelos acontecimentos de 8 janeiro”, afirma.
No entender do economista, o pecado original dessa largada do governo é desprezar a situação fiscal do país e a restrição orçamentária e não se preocupar com uma revisão dos gastos obrigatórios. A seguir, os principais trechos da entrevista de Mailson concedida ao Correio: Depois de duas semanas, qual sua avaliação das primeiras falas do presidente Lula e dos ministros?
Eu diria que Lula frustrou as expectativas de economistas e do mercado financeiro, que esperavam que o novo mandato fosse uma repetição do primeiro. Ou seja, o Lula 3 seria uma reprodução do Lula 1. Pelas declarações mais recentes, Lula se aproxima do período da Dilma, com visões intervencionistas muito fortes e com uma percepção equivocada do papel das estatais no cenário econômico brasileiro, como se o Brasil voltasse aos anos 1970, 1980, ou mesmo ao período da era da derrama de dinheiro do Tesouro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no governo Dilma.
É o período da nova matriz econômica, das pedaladas, da expansão fiscal e de uma volta das visões protecionistas na economia. Lula disse no discurso de posse que não é aceitável importar plataforma de petróleo, aeronaves, microprocessadores. Plataforma de petróleo foi uma ação desastrosa e fonte de grande corrupção. Insistir em microprocessadores é a volta da política de informática do governo militar, que foi um fracasso. E achar que o Brasil é competitivo na exportação de aeronaves, isso é verdade se você estiver falando da Embraer.
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