17/07/2021 às 23h18min - Atualizada em 17/07/2021 às 23h18min
Cirurgião plástico é denunciado por abuso sexual no RS
Apuração da Polícia Civil já totaliza 80 denúncias contra médico Klaus Wietske Brodbeck
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2021/07/16/ele-faz-no-corpo-das-mulheres-o-que-bem-entende-veja-o-que-dizem-pacientes-sobre-medico-suspeito-de-abuso-sexual-no-rs.ghtml
Operação foi deflagrada nesta terça-feira (13), em Porto Alegre — Foto: Reprodução/Polícia Civil A Polícia Civil prendeu preventivamente na noite desta sexta-feira (16), em Gramado, na Serra, o médico Klaus Wietske Brodbeck, suspeito de crimes sexuais contra 83 mulheres. Ele foi alvo de uma ação da Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) de Porto Alegre na terça-feira (13) e prestou depoimento na quinta (15).Mais cedo, Gustavo Nagelstein afirmou que uma das denunciantes é uma pessoa que teria cometido uma extorsão contra Klaus há alguns anos e que o médico está disponível para prestar esclarecimentos.
O que se sabe e o que falta esclarecer sobre as suspeitas de abuso
De acordo com a polícia, após a publicação de vídeos em redes sociais pela namorada do investigado, diversas vítimas se sentiram coagidas. Foram registradas ocorrências policiais e instaurado inquérito. A decisão é da 2ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, após parecer favorável do Ministério Público. Ele será conduzido para a DEAM, onde aguardará vagas no sistema prisional.Em menos de 24 horas, 20 mulheres procuraram a Polícia Civil para relatar casos de abuso sexual que teriam sido praticados por um cirurgião plástico de Porto Alegre. De acordo com a polícia, na manhã de terça-feira (13), quando a operação foi deflagrada, a investigação contava com o relato de 12 vítimas. Após a divulgação do caso, o número já chega ao total de 80 denúncias.
Em menos de 24 horas, 20 mulheres procuraram a Polícia Civil para relatar casos de abuso sexual que teriam sido praticados por um cirurgião plástico de Porto Alegre. De acordo com a polícia, na manhã de terça-feira (13), quando a operação foi deflagrada, a investigação contava com o relato de 12 vítimas. Após a divulgação do caso, o número já chega ao total de 32 denúncias.
De acordo com a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, titular da 1ª Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher da Capital, os 20 novos relatos já passaram por um filtro inicial e se referem a denúncias por supostos crimes sexuais. Há ainda outros relatos, que não entram no caso por se tratarem de supostos erros médicos. — Esse número está aumentando porque as denúncias não param de chegar. Ele vai subir bastante, sem nenhuma dúvida. São relatos muito graves e tudo será investigado. O importante é que essas vítimas estão tendo voz e criando coragem para denunciar — afirmou a delegada.
Segundo a polícia, os relatos indicam crimes contra a dignidade sexual das mulheres, que inclui atos como assédio sexual, importunação e estupro, por exemplo: — São vários crimes envolvendo diversas vítimas em vários contextos. Sempre com mulheres que o procuraram para avaliação médica. Os relatos que recebemos indicam que ele teria praticado desde cantadas, um toque mais lascivo até casos em que houve a consumação do ato sexual propriamente dito.
Conforme apurado pela investigação, situações semelhantes estariam ocorrendo desde 2007. Outras duas ex-funcionárias também devem depor nos próximos dias e afirmam que teriam sofrido assédio. As investigações da Polícia Civil contra o médico Klaus Wietske Brodbeck, suspeito de abusar sexualmente de pacientes que o procuravam para cirurgias plásticas, motivaram dezenas de mulheres a procurar a Delegacia da Mulher com relatos de casos semelhantes. Ele foi alvo de ação da polícia na terça-feira (13) e prestou depoimento na quinta (15), em Porto Alegre. O médico negou as denúncias em dois depoimentos prestados à polícia. Segundo o seu advogado, Gustavo Nagelstein, afirma que uma das denunciantes é uma pessoa que teria cometido uma extorsão contra Klaus, há alguns anos. E diz ainda que o médico está disponível para prestar mais esclarecimentos.
Segundo as denunciantes, o profissional tocava as mulheres de forma imprópria, e pedia para ver todo o corpo das pacientes mesmo que a cirurgia fosse no rosto, por exemplo. A RBS TV conversou com duas mulheres que consultaram com Klaus, e contaram ter passado por situações constrangedoras e abusivas. Confira abaixo.
O que se sabe e o que falta esclarecer sobre as suspeitas de abuso
A Polícia Civil montou uma força-tarefa para investigar os casos. Até esta sexta-feira (16), 86 denunciantes haviam procurado a polícia.
Denúncias podem ser feitas nas Delegacias da Mulher ou em qualquer outra delegacia, e pelo WhatsApp da Polícia Civil, (51) 98444-0606.
'Ele faz no corpo das mulheres o que bem entende'
Uma das denunciantes conta ter implantado silicone com o médico quando tinha 16 anos. "Ele me indicou uma prótese de quase 400 ml, 390 ml, meu peito ainda estava se desenvolvendo, então ficou um tamanho muito absurdo, que me dava dor nas costas, me causou vários prejuízos. E na época em que ele sugeriu esse tamanho eu ainda questionei 'esse tamanho não é muito grande, meu peito ainda vai crescer', ele falou 'não, mulher tem que ter peitão. E aí, eu confiei na orientação médica", diz. "Ele modelava o corpo da mulher, no caso eu e outras vítimas, do jeito que ele queira. Ele me fez uma lipoaspiração e não cobrou por isso. Ele vai fazendo no corpo das mulheres o que ele bem entende, como ele gosta", afirma a mulher, que atualmente mora em São Paulo.
Ela precisou diminuir as próteses e ficou três meses de cama em decorrência da cirurgia. A mulher processou o médico na esfera cível devido aos problemas causados pelo procedimento. "A conduta dele era bem estranha, muito constrangedora, desde a primeira vez que eu fui lá pra colocar silicone, era só pra fazer o peito e ele já pediu pra tirar toda a roupa. Ele fazia uns olhares muito constrangedores, passava a mão no corpo de uma forma muito constrangedora, mas na época acho que de alguma maneira esses abusos era mais normalizados. Deixei passar isso e me dei muito mal, me arrependo muito", aponta.
Ela diz que sente "muito ódio, indignação e a vontade de uma vez por todas que as pessoas conheçam o histórico desse cara".
'Ele perguntou se eu sabia guardar segredo'
Uma jovem que acusa o médico Klaus Brodbeck conta que passou seis anos com medo de falar sobre o que aconteceu dentro do consultório do médico, mas agora criou coragem e resolveu quebrar o silêncio. "Nem pro meu esposo eu não falei por vergonha mesmo, não faz muito tempo assim que eu consegui falar sobre isso. Porque eu ficava constrangida, porque eu me senti até o termo assim uma idiota mesmo né? Como que eu não tive reação nenhuma? Mas na hora a gente não tem porque a gente não espera aquilo de um médico", afirma.
Na época, a vítima morava em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Ela buscou o médico para fazer uma aplicação de botox no rosto e uma avaliação de prótese de silicone. "Ele pediu pra ver meus seios, até então normal, ele é médico. Só que aí ele começou, a coisa foi mudando de figura, ele quis olhar minha bunda. Pegou na minha bunda e falou que eu podia colocar, que eu devia colocar silicone na bunda também, que ia ficar bonito", conta a mulher. "Começou a pedir pra eu fazer biquinho com a boca e pediu pra, é constrangedor isso, e pediu pra eu chupar o dedo dele algumas vezes e ele falou que eu devia colocar na boca também que ia ficar muito bonito".
A mulher relata que o médico perguntou se ela "sabia guardar segredo". "Eu fiquei surpresa com aquilo. E ele disse assim porque alguns procedimentos, claro, a cirurgia seria feita no hospital ou na clínica, mas que outros procedimentos ele iria fazer no apartamento dele e que isso eu não poderia falar pra ninguém", afirma. A mulher não realizou os procedimentos e não consultou mais com o médico
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