14/07/2021 às 21h11min - Atualizada em 14/07/2021 às 21h11min
Mulher escravizada há 38 anos, ganha casa onde trabalhou, como indenização
A indenização será paga através da entrega do apartamento em que ela trabalhou, avaliado em R$ 600 mil
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Madalena Gordiano passou 38 anos em condições análogas à escravidão e só comprou sua primeira boneca aos 47 anos Imagem: Joel Silva/UOL Madalena Gordiano, de 47 anos, passou 38 anos de sua vida trabalhando em condições análogas a escravidão para uma família em Minas Gerais. Em um processo movido pela ex-funcionária contra os ex-patrões, ela cobrava R$ 2.244.078,81 em direitos trabalhistas. O Tribunal Regional do Trabalho da terceira região em Patos de Minas propôs, na última terça-feira (13), uma quantia de R$ 690.100,00, que foi aceita.
A indenização será paga através da entrega do apartamento em que ela trabalhou, avaliado em R$ 600 mil. Além do imóvel, Madalena irá receber o carro dos antigos patrões, um Hyundai avaliado em R$ 70 mil e mais R$ 20 mil. De acordo com a defesa da mulher, este foi o maior acordo já feito em caso de situação análoga a escravidão.
Madalena revelou que tinha oito anos quando bateu na porta da casa da professora Maria das Graças Milagres Rigueira para pedir um pão, pois estava com fome. Segundo Gordiano, a educadora respondeu ela dizendo: “Não vou te dar não. Você vai morar comigo”. Ela foi tirada da escola ainda pequena e não teve acesso a brincadeiras infantis como qualquer outra criança de sua idade. Após alguns anos, Madalena foi rejeitada pelo marido de Maria da Graças e foi doada para Dalton César Milagres Rigueira, que também era professor.
Durante quase 40 anos, ela prestou serviços para a família sem remuneração e outros direitos trabalhistas, como férias, 13º salário, recolhimento do FGTS e hora extra. A rotina da vítima era extremamente abusiva, sem folga e com início de expediente às 4h da manhã.
Além da indenização trabalhista, a vítima irá receber uma pensão integral por ter sido casada com Marino Lopes da Costa, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial e tio da esposa de Dalton. A família passou a administrar o dinheiro de Madalena até a morte de Marino, em 2003.
Após finalmente conseguir sair da casa, Madalena descobriu que cinco empréstimos consignados foram feitos em seu nome, o que resultava em um desconto de R$ 5 mil por mês.
Em junho, os advogados de Madalena conseguiram entrar em acordo com os bancos e os descontos vão cessar. Com isso, ela poderá receber de forma integral a pensão de R$ 8,4 mil. Antes disso, o dinheiro de Madalena ajudou a custear a faculdade de Medicina de outra das filhas do casal.
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