21/07/2022 às 22h35min - Atualizada em 21/07/2022 às 22h35min
Apresentadores de SC são indiciados por associarem não vacinados a judeus em SC
Eles fizeram analogia entre vítimas de genocídio na 2ª Guerra Mundial e não vacinados contra a Covid-19
Caroline Borges / Gabriela Ferrarez
G1
"Canal dos Hipócritas" pertence a três sócios, todos indiciados, segundo a polícia - Foto: Reprodução / YouTube O inquérito foi concluído na sexta-feira (15). Segundo o delegado, a investigação apurou que os três sócios da empresa sediada em Itajaí, no Litoral Norte, são responsáveis pelo crime, já que o roteiro e conclusão do vídeo passa pelos três produtores. Um vídeo, publicado há cerca de oito meses, mostra dois apresentadores fazendo analogia entre pessoas não vacinadas contra a Covid-19 e os judeus, vítimas de genocídio na 2ª Guerra Mundial. "Utilizaram de forma abusiva o exemplo histórico dos judeus como grupo marginalizado, em posição de inferioridade, com nítido tom segregacionista", disse.
O racismo, previsto no artigo 20 da Lei n° 7.716/89, é a discriminação a um grupo indeterminado de pessoas em razão de preconceito de raça, cor, religião, deficiência, origem nacional, por exemplo. Já a injúria racial é um crime em que a ofensa é direcionada a uma pessoa especificamente, com o intuito de ofender a sua honra, de cunho racial. Durante as investigações, os indiciados "negaram a intenção de discriminar os judeus", informou o delegado. A reportagem entrou em contato com a empresa nesta quarta, mas não teve retorno até a última atualização deste texto.
O episódio chamado de "Corrida das Vacinas" foi publicado em novembro de 2021. Participaram do programa os sócios e apresentadores Augusto Pacheco, Bismark Fugazza e Paulo Souza. Em um trecho do vídeo, Pacheco e Souza simulam serem representantes de marcas de vacina e citam laboratórios para produção dos imunizantes. "Em breve, os judeus não vacinados não poderão comprar comida sem o passaporte sanitário, o esporte está sempre se reinventando. Olha, eu não vejo a hora dos novos judeus serem mandados para o campo de concentração dos não vacinados, onde eles vão poder morrer tranquilamente em um novo holocausto, tipo mais moderno, repaginado, sabe", disse.
A Polícia Civil também solicitou à Justiça a retirada do vídeo da plataforma. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), informou que o caso tramita sob sigilo na 1ª Vara Criminal da comarca de Itajaí. Um inquérito foi instaurado em 15 de julho de 2022, porém não passou ainda pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e que há autos anteriores para analisar. Até às 10:09, as imagens ainda podiam ser acessadas.
De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, as investigações demonstraram que as "analogias empregadas no vídeo, por meio de sátira, utilizaram de forma abusiva o exemplo histórico dos judeus como grupo marginalizado, em posição de inferioridade, com nítido tom segregacionista". No entendimento da Polícia Civil, "os responsáveis pelo vídeo perpetuam um discurso discriminatório contra judeus".
A situação foi denunciada pela Confederação Brasileira de Israelitas (Conib) e a Associação Israelita Catarinense (AIC). Em nota, o órgão afirmou que "é de fundamental relevância alertar para o fato de que a comparação de situações contemporâneas com os horrores do Nazismo e do Holocausto, para qualquer finalidade, é extremamente ofensiva e danosa ao povo judeu".
"O uso de referências ao Holocausto e a promoção de algo chamado de “novo holocausto, moderno, repaginado” remete e promove o extermínio atroz e sistemático de pessoas judias, incitando a discriminação, preconceito e violência contra a comunidade judaica".
Para da AIC, Eduardo Gentil, o vídeo tem discriminação, preconceito e violência contra a comunidade judaica. Segundo ele, não é possível afirmar que o canal Hipócritas é antissemita, mas não se pode banalizar o episódio.
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