28/02/2021 às 06h30min - Atualizada em 28/02/2021 às 06h30min
Especialista diz que lockdown em SC é ineficaz e superficial.
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Florianópolis com o centro vazio em agosto de 2020 – Foto: Anderson Coelho/Arquivo/ND Fabrício Augusto Menegon, professor de Saúde Pública da UFSC argumenta que medida anunciada pelo governo do Estado não é suficiente para conter avanço da Covid-19
O novo decreto de medidas restritivas anunciado pelo governo do Estado na quinta-feira (25), e publicado oficialmente na manhã desta sexta (26), provocou debates sobre a eficácia da ação no objetivo de coibir o avanço da Covid-19, e conter o colapso no sistema de saúde registrado em diversos municípios catarinenses. “Um lockdown de dois dias não tem a capacidade de frear a curva de contágio e diminuir a mortalidade de uma forma que tire o sistema de saúde da saturação e colapso”, diz o professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Fabrício Augusto Menegon. De acordo com o especialista, para surtir algum tipo de efeito, o lockdown deve ser aplicado por um período mais longo, e não em fases. “Para ter eficácia, ele tem que ser feito por no mínimo 14 dias, porque se leva em consideração a história da doença, já que esse é o tempo máximo que uma pessoa que teve contato com a doença pode levar para desenvolver os sintomas. Por outro lado, o ideal é que ele fosse feito por pelo menos 21 dias, porque são 14 dias para ter um início de mudança no padrão epidemiológico da curva, e seriam mais sete dias para monitorar a persistência desse padrão e se ele foi suficiente para romper o colapso no sistema de saúde”, explica o professor.
Medida de “caráter estético”
Ainda conforme argumenta Fabrício Menegon, a atitude tomada pelo Estado é “figurativa”, já que não deve trazer efeitos na prática. “É por essência ineficaz e fraca. É uma medida que tem um caráter muito superficial, porque ela não leva em consideração a gravidade do momento que a gente está vivendo. Um lockdown de dois dias no máximo ameniza muito pouco, mas não tira o sistema de saúde da saturação e colapso”, avalia.
O decreto estadual impõe o funcionamento apenas de medidas consideradas essenciais no período entre as 23h desta sexta-feira até 6h de segunda-feira (1º), e nos mesmos horários entre os dias 5 e 8 de março. Em pronunciamento na manhã desta sexta, o governador Carlos Moisés comentou o reforço no efetivo policial das fiscalizações de aglomerações. Sobre as restrições do lockdown, o governador afirmou que as medidas “foram debatidas com prefeitos, parlamentares e autoridades em saúde”.
Impacto na economia
Aos olhos do professor de Saúde Pública da UFSC, o novo decreto é influenciado pela pressão do setor econômico. “Tenho certeza que a intenção do governo estadual foi tentar uma conciliação com o setor econômico, porque esse setor é refratário de medidas mais rígidas de contenção de circulação de pessoas, isso já está claro, diversas foram as manifestações do empresariado nesse sentido”, afirma. De acordo com o professor de Economia da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), Leonardo Alonso, o impacto no setor com o decreto realmente será pouco significativo.
“Sob o ponto de vista do decreto, visando os dois fins de semana, o impacto real na economia até o momento é pouco significativo. O que a gente pode observar que pode causar algum agravamento é o efeito sobre as expectativas”, reflete. Segundo ele, a medida liga um alerta de que o governo está aberto a provocar novas restrições em um futuro próximo. “A partir deste decreto, o governo sinaliza aos empreendedores que eventuais restrições podem voltar a ocorrer, ao invés de novas aberturas. Então isso de certa forma traz um sinal de alerta”, diz Alonso.
Maior isolamento em fins de semana
“Você fazer um lockdown de final de semana é uma ação inócua, já que domingo é o dia que você observa a maior taxa de distanciamento social”, justifica o professor Fabrício Menegon. A afirmação é baseada no monitoramento feito pela Polícia Militar e pelo próprio governo do Estado. “Os picos de aumento de distanciamento são justamente nos finais de semana. E faz um ano que o governo sabe disso”. “As pessoas não têm a necessidade de sair de casa para trabalhar, a maior parte do comércio não abre no domingo… então naturalmente as pessoas já vinham ficando em casa, com algumas exceções das praias em dias mais quentes. Ou seja, a medida é ineficaz porque não provoca mudança no parâmetro”, conclui Menegon.
Contraponto
A reportagem do ND+ entrou em contato com a SES (Secretaria de Estado de Saúde) e questionou os fundamentos utilizados para a aplicação da nova medida, assim como as possibilidades de um lockdown mais extenso. Até o fechamento desta reportagem, nenhum posicionamento foi enviado sobre o tema.
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