A abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS trouxe à tona uma polêmica que vai além do escopo da investigação: o cerceamento ao trabalho da imprensa. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), advertiu jornalistas sobre o vazamento de informações sigilosas e ameaçou suspender credenciais de profissionais que divulgarem dados privados de parlamentares. A medida, considerada por entidades jornalísticas como censura, reacende o debate sobre os limites da liberdade de imprensa no Congresso Nacional. O que mais chamou atenção foi o silêncio de setores da direita, historicamente vocal em defesa da liberdade de expressão. Parlamentares que, em outras ocasiões, se posicionaram contra qualquer tipo de restrição à imprensa — especialmente durante investigações que envolviam o governo anterior — desta vez optaram por não se manifestar. A ausência de críticas públicas levanta suspeitas sobre uma possível conveniência política: quando o cerceamento favorece aliados, o discurso da liberdade parece perder força. A reação contrasta com episódios recentes, como a CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando medidas semelhantes foram duramente criticadas por setores conservadores. Na ocasião, o uso da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para justificar restrições à imprensa foi considerado excessivo por juristas e jornalistas. Agora, com a repetição das mesmas regras na CPMI do INSS, o silêncio de quem antes protestava sugere que o jogo político pode, sim, operar por conveniência — tanto à direita quanto à esquerda. A liberdade de imprensa, pilar do Estado Democrático de Direito, parece ter se tornado uma moeda de troca no tabuleiro político. Quando a exposição midiática ameaça adversários, ela é exaltada como direito fundamental. Quando pode comprometer aliados, é relativizada em nome da privacidade e da ordem institucional. Essa seletividade enfraquece o debate público e compromete a credibilidade de quem deveria defender princípios, não apenas interesses. Entidades como o Sindicato dos Jornalistas do DF e a Fenaj classificaram a medida como censura e alertaram para o risco de precedentes perigosos. “Não cabe a uma autoridade do colegiado definir o que pode ou não ser reportado à sociedade”, afirmaram em nota. A crítica é clara: o Congresso não pode se transformar em território hostil à imprensa, sob pena de comprometer a transparência e a fiscalização democrática. O episódio da CPMI do INSS expõe uma contradição que atravessa o espectro político brasileiro. A defesa da liberdade de expressão não pode ser circunstancial. Se há princípios em jogo, eles devem valer para todos — independentemente de quem esteja no poder ou sob investigação. O silêncio da direita, diante de uma medida que ela mesma condenou em outros contextos, levanta uma pergunta incômoda: será que, no fim das contas, o jogo político é movido mais por conveniência do que por coerência?
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