Enquanto oposição aponta desvios bilionários na gestão Lula, governistas acusam governo Bolsonaro de omissão; investigação avança em meio a embates partidários. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, criada para investigar fraudes em descontos indevidos de aposentadorias e pensões, tem se transformado em um campo de batalha política entre governo e oposição. Em vez de consenso sobre os mecanismos que permitiram o esquema, o foco tem recaído sobre a tentativa de responsabilizar adversários políticos. Parlamentares da oposição sustentam que os maiores desvios ocorreram durante os governos petistas, especialmente na atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Citam como exemplo o desbloqueio em lote de 34,5 mil benefícios em novembro de 2023, que permitiu à Contag realizar descontos associativos sem comprovação de autorização dos beneficiários. Já os governistas rebatem afirmando que o governo Bolsonaro não apenas ignorou os indícios de fraude como também teria facilitado práticas irregulares. Um relatório da Auditoria-Geral do INSS, publicado e removido do site oficial em agosto, aponta que em setembro de 2022 — durante o período eleitoral — o então presidente do INSS, Guilherme Serrano, autorizou o desbloqueio de mais de 30 mil benefícios para a mesma entidade, também sem comprovação de autorização. O governo Lula, por sua vez, afirma que foi o responsável por denunciar o esquema, instaurar investigações e iniciar o ressarcimento aos aposentados. O acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal prevê a devolução integral e corrigida dos valores descontados entre 2020 e 2025, com mais de 91% dos beneficiários já com pagamentos programados. A CPMI, que teve sua presidência e relatoria definidas com vitória da oposição, segue coletando documentos, ouvindo testemunhas e analisando relatórios da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União e do próprio INSS. No entanto, a polarização política tem levantado dúvidas sobre a real intenção da comissão: apurar os fatos ou desgastar adversários.
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