"O Hugo Motta é muito mais inteligente do que eu", costuma dizer aos risos Arthur Lira (PP-AL) em conversas com seus aliados. O trato carinhoso é raro de se ver em um político conhecido pela relação dura, como é o novo ex-presidente da Câmara. O jeito de exaltar seu sucessor soa como uma mistura de orgulho do pupilo e alívio por conseguir emplacar alguém de sua confiança para presidir a Câmara. Motta foi eleito com 444 votos neste sábado, 1º, para comandar a presidência da Câmara dos Deputados.
"O Hugo Motta é muito mais inteligente do que eu", costuma dizer aos risos Arthur Lira (PP-AL) em conversas com seus aliados. O trato carinhoso é raro de se ver em um político conhecido pela relação dura, como é o novo ex-presidente da Câmara. O jeito de exaltar seu sucessor soa como uma mistura de orgulho do pupilo e alívio por conseguir emplacar alguém de sua confiança para presidir a Câmara. Motta foi eleito com 444 votos neste sábado, 1º, para comandar a presidência da Câmara dos Deputados.
Essa boa relação é o principal traço do que significa a chegada de Motta ao comando da Casa: continuidade. A consolidação de um nome apoiado por partidos do governo à extrema direita mostra a união da Câmara, feito do qual Lira se orgulha de ter realizado. Seu antecessor, Rodrigo Maia, tentou e fracassou, quando Baleia Rossi (MDB-SP) foi derrotado por Lira e caiu no esquecimento.
Motta tem 34 anos e chegou à Câmara em 2010, ao longo desses 15 anos de Parlamento ganhou habilidade de transitar em diferentes bancadas e foi um dos membros da tropa do, então super poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha. De família tradicional na política paraibana, mesmo estando em Brasília como deputado, fez questão de terminar o curso de medicina.
A função de presidente da Câmara, muitas vezes, se assemelha à de presidente de sindicato, já que o objetivo é reger os diferentes interesses partidários e, quando necessário, brigar com os dois outros poderes e ou mesmo o Senado para defender o espaço e interesses dos deputados.
Lira desempenhou essa função com grande apoio dos deputados tanto no governo Jair Bolsonaro (PL) quanto no governo Lula (PT). O fer com força e, por vezes, às turras. Não por acaso, chamou publicamente o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, de “desafeto pessoal”. E rompeu relações com o responsável pela articulação política, negociando então com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ainda assim, o pragmatismo da política de Lira e Lula, as negociações de cargos e emendas, permitiram que as pautas econômicas do governo fossem aprovadas.
A força de Motta se dará pelo apoio que conquistou, pelo trato gentil e atencioso que costuma ter com os colegas de plenário e também por uma questão estrutural: as emendas. O montante de R$ 39 bilhões ao qual Câmara e Senado terão direito de distribuir para suas bases neste ano, faz com que a negociação com o Planalto se inicie com a Câmara um passo à frente. O custo político para convencer um parlamentar é maior, e o Orçamento é cada vez mais amarrado.
Nesse ambiente, com ares curiosos de “uma nova gestão de continuidade”, Motta deve se reunir com Lula assim como Davi Alcolumbre (União-AP), o novo presidente do Senado. O paraibano será o responsável por vocalizar pedidos e considerações a Lula já a partir deste sábado, 1º de fevereiro.
Uma das missões iniciais será acompanhar e negociar a reforma ministerial que Lula estuda. O Planalto esperava a definição das votações e dos blocos para dimensionar a força de cada partido no Congresso e o quanto precisará ceder. A partir de agora deve desenrolar as trocas na Esplanada.
“O presidente tem esse assunto guardado a sete chaves”, me contou um dos dez ministros que foram exonerados para participar das votações deste sábado.
Motta gosta de dizer que sua especialidade é “ouvir, ouvir e ouvir”. E quer levar esse trato, ou melhor, essa atenção na condução da Casa. Pelos gabinetes do Congresso a aposta é de que ele tem pré-requisitos para ser mais afável ao governo do que Alcolumbre, mais pragmático e que sabe fazer fechar a cara quando quer.
Quando foi fazer a fala em defesa de sua candidatura na tribuna da Câmara, Motta saiu do meio do plenário sob aplausos. No percurso de cerca de 10 metros, recebeu abraços dos mesmos líderes partidários e poderosos da Câmara que sustentavam Lira e, agora, o elegeram. Cumprimentou e foi cumprimentado por parlamentares da base do líder do maior partido da oposição, Altineu Côrtes (PL-RJ).
Uma diferença em relação a Lira, foi o abraço recebido e retribuído a Padilha, o “desafeto pessoal” do ex-presidente. Se a política é feita de sinais, esse apoio e troca de gentilezas pode indicar que a relação do Planalto com a Câmara pode ser menos espinhosa, mas não menos dura.
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