18/12/2024 às 11h44min - Atualizada em 18/12/2024 às 11h44min
Dólar continua avançando com remessas e espera da conclusão das votações do pacote fiscal
Dólar a R$ 6,26: BC faz leilão de US$ 3 bilhões à vista para segurar cotação, mas os efeitos foram muito aquém do esperado. Mais iniciativas assim serão feitas
Estadão Conteúdo / Don CarlosLeal
R7
O dólar não dá trégua e volta a subir no mercado à vista nesta manhã, após abertura perto da estabilidade. - Imagem: Estadão Conteúdo / Reprodução O Banco Central (BC) realiza na manhã desta quinta-feira, 19, um leilão de venda de dólares à vista no valor de até 3 bilhões de dólares. O leilão será realizado das 9:15 às 9:20. O anúncio sobre o novo leilão foi feito na noite de quarta-feira, 18, após o dólar escalar 2,78% e fechar a R$ 6,2679, novo recorde de cotação. Ontem, o BC interrompeu uma série de quatro sessões seguidas, entre segunda e terça-feira, de intervenções em que inundou o mercado com mais de 12,75 bilhões de dólares, em operações à vista e também em leilões de linha, em que a autarquia empresta dólares ao mercado com o compromisso de recompra.
A cotação do dólar não cedeu no período, com o mercado sinalizando nervosismo crescente com o cenário para as contas públicas em meio a esforços do governo para aprovar até o final do ano legislativo os três projetos de contenção de despesas que compõem o pacote fiscal anunciado no final de novembro.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, demonstra preocupação com o dólar acima de R$ 6 apontando os impactos diretos nos preços e na inflação, em entrevista ao Valor Econômico.
“É evidente que uma taxa acima de R$ 6 nos preocupa, com os impactos em preços. Temos que trabalhar, aprovando as medidas que enviamos para o Congresso, demonstrando sempre que possível o nosso compromisso com equilíbrio fiscal e com a retomada dos superávits primários”, afirmou.
Os juros futuros curtos sobem e os longos se aliviam após anúncio das condições das ofertas dos leilões de compra e venda de títulos, que serão realizadas pelo Tesouro nesta quarta. Outros leilões, de compra e venda de títulos, serão realizados também nesta quinta e sexta-feira.
Leilão para segurar o dólar
É a primeira vez desde maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19, que o órgão cancela um leilão tradicional de títulos públicos de quinta-feira e anuncia intervenção na tentativa de acalmar o estresse no mercado com o pacote fiscal.
Os investidores não relaxam enquanto a Câmara e o Congresso não concluírem as votações do pacote fiscal e leis orçamentárias.
Na terça (17), a Câmara aprovou o primeiro dos três projetos do pacote fiscal e agora faltam outras duas propostas que devem ser votadas nesta quarta: a que impõe teto de 2,5% de valorização real do salário mínimo e endurece regras do BPC, além de PEC com medidas complementares. O Congresso ainda deve analisar a LDO.
A expectativa pela decisão de juros do Fed (16:00) e pelos sinais do seu presidente, Jerome Powell, sobre os possíveis próximos passos do BC americano também deixa o investidor na defensiva.
O mercado espera corte de 25 PB hoje, para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, e possíveis sinais sobre mudança de rumo diante do novo governo de Donald Trump a partir de janeiro, que promete impor tarifas, inclusive ao Brasil, o que é visto como potencialmente inflacionário.
Por enquanto, não há leilão cambial programado para esta quarta. Em 4 dias úteis, desde a última quinta, o Banco Central vendeu US$ 12,7 bilhões em leilões cambiais, maior volume desde a pandemia, em março de 2021.
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