12/11/2024 às 10h37min - Atualizada em 12/11/2024 às 10h37min
O bem-sucedido método para acabar com o bullying nas escolas
O programa se baseia na ideia de que casos individuais de bullying são muitas vezes produto de uma cultura mais ampla que tolera a vitimização
David Robson Role / Don CarlosLeal
BBC FUTURE
"Todos os adultos da escola precisam de algum treinamento básico sobre bullying — as pessoas que trabalham na cantina, os motoristas de ônibus, os inspetores", indica Limber. - Imagem: Getty Images / Reprodução Qualquer pessoa que tenha sido vítima de bullying quando criança entenderá os sentimentos de vergonha que este tipo de experiência pode trazer. E as consequências não param por aí. Pesquisas recentes sugerem que os efeitos do bullying infantil podem durar décadas, causando mudanças duradouras que podem nos colocar em maior risco de problemas de saúde mental e físicos.
"As pessoas costumavam pensar que o bullying nas escolas é um comportamento normal e que, em alguns casos, poderia até ser algo bom — porque forma o caráter", explica Louise Arseneault, professora de psicologia do desenvolvimento da Universidade King's College London, no Reino Unido. "Demorou muito tempo para [os pesquisadores] começarem a considerar o comportamento de bullying como algo que pode ser realmente prejudicial."
Diante desta mudança de mentalidade, muitos pesquisadores estão testando vários programas para combater o bullying — com algumas estratégias novas e bastante animadoras para criar um ambiente escolar mais amistoso.
O Olweus Bullying Prevention Program foi desenvolvido pelo falecido psicólogo sueco-norueguês Dan Olweus, que liderou grande parte das primeiras pesquisas acadêmicas sobre vitimização infantil. O programa se baseia na ideia de que casos individuais de bullying são muitas vezes produto de uma cultura mais ampla que tolera a vitimização. Como resultado, tenta abordar todo o ecossistema escolar para evitar que o mau comportamento prospere.
Como muitas outras intervenções, o Programa Olweus começa com o reconhecimento do problema. Por este motivo, as escolas devem preparar um questionário para perguntar aos alunos sobre suas experiências. O Programa incentiva a escola a estabelecer expectativas muito claras do que é um comportamento aceitável — e as consequências se violarem essas regras. Os adultos devem atuar como exemplos positivos a seguir, que reforçam os bons comportamentos e mostram tolerância zero para qualquer forma de vitimização.
Também devem aprender a identificar os locais dentro da escola onde o bullying é mais provável de ocorrer e supervisioná-los regularmente. "Todos os adultos da escola precisam de algum treinamento básico sobre bullying — as pessoas que trabalham na cantina, os motoristas de ônibus, os inspetores", indica Limber.
As próprias crianças realizam reuniões nas salas de aula para discutir a natureza do bullying — e as formas como podem ajudar os alunos que são vítimas deste mau comportamento. O objetivo, com tudo isso, é garantir que a mensagem antibullying esteja enraizada na cultura da instituição.
Suas análises sugerem que o programa resultou em 2 mil casos a menos de bullying em dois anos. É importante ressaltar que os pesquisadores também observaram mudanças na atitude geral das populações escolares em relação ao bullying, incluindo maior empatia com as vítimas.
Compartilhar é cuidar
O bullying não acaba na escola, é claro, e Limber argumenta que os pais e cuidadores devem estar atentos a sinais que indicam que pode haver um problema. "Você deve ser proativo e puxar o assunto — não espere que ele apareça", diz ela.
"Você pode fazer isso como parte de uma conversa do tipo: 'Como vão as coisas com seus amigos? Você tem algum problema?'." Ela enfatiza que o adulto deve levar a sério as preocupações da criança — mesmo que pareçam triviais de uma perspectiva externa —, ao mesmo tempo que mantém a cabeça fria.
"Ouça atentamente e tente manter suas emoções sob controle enquanto escuta." O cuidador deve evitar fazer sugestões precipitadas de como a criança pode lidar com o problema, já que isso às vezes pode dar a sensação de que a vítima é de alguma forma culpada pela experiência.
Se for o caso, o pai ou responsável deve iniciar uma conversa com a escola, que deve elaborar imediatamente um plano para garantir que a criança se sinta segura. "A primeira coisa é se concentrar nessa criança e em suas experiências."
Crescer raramente será fácil: as crianças e os adolescentes estão aprendendo a gerenciar as relações sociais e isso virá acompanhado de mágoa e aborrecimento. Mas, como adultos, podemos fazer um trabalho muito melhor ensinando às crianças que certos tipos de comportamento nunca são aceitáveis: se há algum culpado, será sempre o agressor.
Estas lições poderiam ter um impacto generalizado na saúde e na felicidade de muitas gerações futuras.
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