11/09/2024 às 10h47min - Atualizada em 11/09/2024 às 10h47min
Menina de 4 anos tem perna amputada, após suspeita de erro na aplicação de injeção
Município de Santa Catarina informou que está avaliando a conduta do atendimento prestado à criança há cerca de duas semanas
Richard Vieira / Edinei Wassoaski / Don Carlos Leal
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A equipe médica continua monitorando o quadro da menina, com o objetivo de impedir que a perna direita também seja afetada. - Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução Uma menina de 4 anos precisou amputar a perna esquerda após sofrer um grave problema de circulação sanguínea. A família acredita que o caso esteja relacionado à aplicação de uma injeção, administrada em um posto de saúde de Três Barras, no Planalto Norte catarinense. O medicamento é comumente utilizado no tratamento de inflamações na garganta, entre outras condições.
Desde 31 de agosto, a criança está internada no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, onde já passou por cinco cirurgias. “Ela sempre foi muito saudável. Agora vai passar pela sexta cirurgia em apenas sete dias. Os pais estão em choque, todos estão sofrendo muito”, disse Odilene Aparecida Monteiro da Silva, madrinha da menina, que tem representado a família neste momento difícil.
Os familiares relatam que os médicos suspeitam que a injeção tenha sido aplicada acidentalmente na veia ou artéria femoral, o que teria causado a complicação.
De acordo com profissionais de saúde ouvidos pela reportagem, a aplicação do medicamento na perna de crianças é uma prática permitida, já que os músculos das nádegas muitas vezes não estão suficientemente desenvolvidos nessa faixa etária. No entanto, é crucial que a injeção seja aplicada de maneira correta, no músculo vasto lateral da coxa, para evitar danos a artérias, veias ou ligamentos.
Saúde da menina é monitorada em hospital
A equipe médica continua monitorando o quadro da menina, com o objetivo de impedir que a perna direita também seja afetada. Além disso, a criança, que não apresentava histórico de doenças, agora está passando por sessões contínuas de hemodiálise.
A previsão é de que ela precisará permanecer internada por ao menos dois meses. Diante disso, os pais, que vêm de origem humilde, alugaram um apartamento em Joinville para acompanhar o tratamento de perto. “Vendemos tudo o que tínhamos para estar aqui. O que importa agora é a vida dela”, declarou Jucélio Pereira, pai da menina.
Para ajudar a custear as despesas durante o período de internação, a família criou duas campanhas de arrecadação online. As doações podem ser feitas via Pix, utilizando as chaves: 096.892.999-05, em nome de Veridiane Aparecida Alves de Lima.
Município investiga atendimento
Em nota, o município de Três Barras informou, nesta terça-feira (10) que os fatos estão sendo averiguados, mas que emitirá uma nota oficial sobre o caso assim que estiver concluída a apuração técnica do ocorrido.
Relembre o caso
Na sexta-feira, 30 de agosto, a criança acordou com dor de garganta, conforme relata a família. Após várias queixas, a mãe decidiu buscá-la na casa da babá e a levou ao posto de saúde de São João dos Cavalheiros, onde trabalha como auxiliar de dentista no setor odontológico.
No posto, a médica que atendeu a menina, receitou uma dose de Benzetacil, que foi aplicada, em seguida, por uma técnica de enfermagem. Convicta de que a injeção aliviaria o desconforto da filha, a mãe a deixou novamente sob os cuidados da babá.
Pouco tempo depois, o estado da menina piorou drasticamente. Preocupada, a mãe saiu do trabalho e foi até a casa da babá, onde encontrou a filha com manchas roxas nas pernas.
De volta ao posto de saúde, a médica que a atendeu inicialmente sugeriu que se tratava de uma reação alérgica. Confiando na avaliação, ela levou a menina para casa. No entanto, ao chegar no final do dia, o pai percebeu que o quadro havia se agravado, e decidiram levá-la ao Pronto Atendimento de Três Barras. O médico que a examinou classificou o caso como “uma simples alergia” e receitou um medicamento antialérgico.
Mesmo após o retorno ao lar, a menina continuava a sentir dores intensas, e o arroxeado nas pernas só piorava. No sábado, 31 de agosto, os pais retornaram ao Pronto Atendimento de Três Barras, onde foram atendidos por uma nova médica. Ao perceber a gravidade do caso, a profissional encaminhou a menina com urgência para o Hospital Materno Infantil Jesse Amarante, em Joinville.
Durante o trajeto, ela sofreu duas paradas cardíacas. Ao chegar no hospital, uma tomografia revelou que a circulação na perna estava gravemente comprometida e que o coração e fígado também estavam em colapso. Segundo a família, os médicos suspeitaram que a injeção havia sido aplicada na veia ou artéria femoral.
A criança foi imediatamente levada ao centro cirúrgico. No sábado, passou pela primeira de uma série de cirurgias. No domingo, 1º de setembro, após tentativas frustradas de salvar a perna da menina, os médicos não tiveram escolha a não ser realizar uma amputação até a altura da virilha.
“Eles fizeram de tudo para salvar a perna dela, mas na quinta cirurgia os médicos explicaram que havia risco de trombose e que era uma questão de vida ou morte. Entre a vida e a perna, escolhemos a vida dela”, relatou a madrinha. A médica que receitou a injeção negou que tenha atendido a criança uma segunda vez.
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