Qual caminho pode favorecer o sucesso das extremas direita ou esquerda?

Colunista Sérgio Abranches entende que: ''É o fracasso dos velhos modelos de política e das velhas soluções de políticas públicas, em descompasso crescente com as necessidades do povo''

Macron tem uma chance de ouro, oferecer o cargo de primeiro-ministro à Nova Frente Popular para uma coabitação republicana. - Foro: Mohammed Badra / Pool / AFP/ Reprodução

O segundo turno na França, neste domingo, foi a maior surpresa de todas, disse o colunista político Alan Duhamel. O líder da extrema-direita, Jordan Bardella, viu a vitória escorrer pelos dedos como pérolas de mercúrio após ter ganhado o primeiro turno. Reagiu raivosamente, “venceu a aliança da desonra”. Mas a única desonra foi para seu grupo. A coalizão da esquerda decidiu se unir à centro-direita de Macron, numa aliança republicana raríssima para derrotar a extrema-direita, renunciando às candidaturas menos competitivas, e foi a mais votada. Macron tem uma chance de ouro, oferecer o cargo de primeiro-ministro à Nova Frente Popular para uma coabitação republicana, na qual ele cuidaria da política europeia e global e a esquerda trataria de encontrar soluções domésticas para os problemas do povo. Seria um desafio para ambos, assegurar a estabilidade da coabitação e encontrar uma fórmula de consenso para a migração. A extrema direita francesa tem percorrido um longo caminho desde sua fundação em 1972. Inicialmente, o partido Frente Nacional (FN) foi criado por colaboradores nazistas e veteranos da Guerra da Argélia, mas permaneceu isolado e manchado por sua colaboração com a ocupação nazista. No entanto, após um “rebranding”, a Reunião Nacional (RN), sucessora da FN, conquistou uma fatia significativa dos votos nas eleições legislativas francesas. A possibilidade de a extrema direita eleger um primeiro-ministro na França é considerável, com pesquisas mostrando que a RN teria 33% dos votos. Portanto, a moderação pode ser um fator importante para seu sucesso político. No entanto, é importante lembrar que a extrema direita enfrenta desafios, e sua capacidade de responder às necessidades do povo é fundamental para sua legitimidade.

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