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19/02/2024 às 16h17min - Atualizada em 19/02/2024 às 16h17min

Do Pão de Açúcar à Península Investimentos, Abilio construiu uma das maiores fortunas do país

Relembre a trajetória de Abilio Diniz, empresário, escritor e amante de esportes

Adnews / Don Carlos Leal
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Relembre a trajetória de Abilio Diniz, empresário, escritor e amante de esportes. Imagem: Reprodução
O empresário Abilio Diniz morreu neste domingo (18), em decorrência de uma insuficiência respiratória por pneumunite. Diniz estava hospitalizado há algumas semanas. Ele começou a passar mal em Aspen e teve de voltar às pressas ao Brasil em um avião com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O executivo se tornou uma celebridade ao misturar a própria trajetória de vida com a história do varejo no Brasil.

Da primeira loja do Pão de Açúcar à Península Investimentos, sem jamais se afastar do setor que ajudou a consolidar, Diniz construiu uma das maiores fortunas do país aos olhos do público nacional. Com uma fortuna de US$ 2 bilhões, segundo a Forbes, Abilio ocupava o 1526º lugar no ranking mundial. Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936. Se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da FGV e, ao terminar a graduação, aceitou a proposta de seu pai para começar a trabalhar em um novo empreendimento da família, o Supermercado Pão de Açúcar.

Antes disso, seu pai havia fundado a Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em 1948 e na qual Abílio havia trabalhado desde menino. Por isso, principalmente, Abílio recusava o título de fundador do Pão de Açúcar, sem jamais tirar de si o mérito da expansão do grupo. No fim dos anos 1950, nascia a primeira loja do mercado, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo.

Logo no começo, o apetite para o pioneirismo já havia ficado claro. Nos anos 1960 e 1970, o Pão de Açúcar acumulou uma série de conquistas. Foi a primeira rede do setor a ter uma loja em Shopping Center, a ter uma farmácia dentro do estabelecimento e a funcionar 24 horas.Também nesse período, Abilio trouxe para o Brasil o conceito de hipermercados por meio da bandeira Jumbo, um empreendimento que copiava o modelo do Carrefour. Depois disso, adquiriu ainda as duas pioneiras Peg-Pag e Sirva-se.

Em 1980, Abilio se afastou dos negócios por desentendimentos familiares, voltando perto dos anos 1990, tendo de reerguer o negócio depois do Plano Collor. Foi nessa época que surgiu o mantra “corte, concentre e simplifique”, de olho em recuperar os negócios.

Na época, Abílio cortou dezenas de diretores. O número de funcionários caiu de 45 mil em 1990 para 17 mil em 1991. A frota de carros, benefício dos executivos, foi vendida. O número de lojas foi de 626 para 262. Na mesma década, também acontecia um evento que marcaria a vida de Abilio para sempre. Em 1989, no meio das dificuldades pelas quais o negócio passava, o executivo foi sequestrado e passou seis dias em um cativeiro na zona sul da capital paulista.

O executivo já tinha certa visibilidade na mídia, mas por lutar artes marciais e por saber atirar, julgava que estava protegido. Depois de 36 horas de negociação, o empresário foi libertado.

Em 1995, o empresário foi fundamental para a abertura de capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar as ações da empresa em Nova York, marcando mais uma vez a trajetória de pioneirismo. Foi a primeira empresa de controle 100% nacional a fazer uma emissão global de ações.

Em 2006, o executivo negociou a compra do Atacadão, rede de atacarejo voltada às classes C e D. Mesmo com o faturamento na casa do bilhão, a diretoria do GPA não aprovou, e ele comprou pouco tempo depois a rede Assaí.

Ainda no apetite por consolidação, três anos depois, Abilio comprou a Casas Bahia e o Ponto Frio, formando a maior rede de eletroeletrônicos do Brasil. A aquisição foi feita em bons termos, mas a família Klein se arrependeu do contrato, em uma briga que só acabou quando Abilio saiu da empresa.

Na década de 2010, Abilio travou uma das maiores batalhas de sua vida: a tomada do poder do Pão de Açúcar pelo grupo francês Casino. Emocionalmente e financeiramente, a briga custou cerca de 500 milhões de reais aos sócios, segundo o livro Abilio, Determinado, Ambicioso, Polêmico, da autora Cristiane Correa.

Com vigor de sobra, Abilio, desde que saiu do Grupo Pão de Açúcar, iniciou uma série de novas empreitadas profissionais. Uma delas foi a BRF, empresa de que se tornou investidor e conselheiro. Além disso, investiu tempo e dinheiro na Península Participações e, por fim, chegou ao Carrefour, fincando os pés no varejo novamente. Em 2017, o veículo de investimento do empresário aumentou a participação no Carrefour Brasil para 12%, podendo chegar ao limite de 16%, além de conseguir uma participação na matriz da empresa.

Na década seguinte, mais desafios pessoais. Em 2022, Abilio perdeu um de seus seis filhos, João Paulo Diniz, que morreu em decorrência de um infarto. O executivo permaneceu sendo uma personalidade midiática. Além de manter um blog sobre esportes no portal UOL, foi contratado em 2022 para comandar o programa de entrevistas ‘Olhares Brasileiros’, na CNN Brasil.

Abilio deixa cinco filhos: Ana Maria, Adriana e Pedro Paulo, do primeiro casamento com Maria Auriluce Falleiros, e Rafaela e Miguel, do segundo casamento com a economista Geyze Marchesi.

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