Você acha que dá pra governar sem trocar cargos por votos no congresso brasileiro?

A liberação de cargos costuma ser uma das medidas adotadas pelos governos para buscar apoio entre parlamentares

Já na campanha, o então candidato Lula reiterava, a cada discurso, que teria de governar com o Congresso que fosse eleito. - Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados / Reprodução

Em 24 de junho do ano passado, antes mesmo da convenção que oficializou a candidatura ao Palácio do Planalto, Lula afirmou em uma rede social: "Governar é mais difícil do que ganhar". Já na campanha, o então candidato reiterava, a cada discurso, que teria de governar com o Congresso que fosse eleito e que, por isso, pediria voto a correligionários e aliados políticos. Não é de hoje que trocas de cargos do governo por votos no congresso acontecem. A medida é adotada desde a redemocratização e passou a ser conhecida como "presidencialismo de coalizão", isto é, o presidente e seus ministros nomearem a cargos membros de outros partidos. Passados quase seis meses desde a posse, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sofrido sucessivas derrotas no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados. Neste cenário, tem sido cobrado a melhorar a capacidade de articulação política. Não é exagero comparar o Congresso a um armazém de secos e molhados. Assim como os bem sortidos empórios, o legislativo brasileiro oferece políticos para todos os gostos e bolsos. Agora mesmo, o governo está fazendo “carinho” e distribuindo “mimos” a muitos congressistas para que estes votem a favor de projetos, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Diferente do armazém, onde quem paga a conta é o freguês, no Congresso a custosa “compra” feita pelo Executivo é custeada pelo povo, este mesmo que elegeu – com raras exceções – um bando de maus políticos para representá-lo. Em vez de dinheiro, o governo federal paga as “mercadorias” com emendas parlamentares, cargos federais e, segundo as línguas ferinas, otras cositas más. Tomara que esta vergonhosa venda de votos por muitos deputados e senadores sirva de lição aos eleitores, a quem cabe puni-los nas urnas. 

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