19/06/2023 às 00h01min - Atualizada em 19/06/2023 às 00h01min
Dilema do ovo ou a galinha chega ao carro elétrico
Mesmo com a resistência pelo receio da falta de infraestrutura, a eletrificação veicular avança de forma rápida
Marli Olmos
VALOR
Para o diretor de sustentabilidade da WEG, Daniel Godinho, o suprimento de materiais tende a ser o maior desafio dos fabricantes. Imagem: paul Brennan / Pixabay / Reprodução Você não compra um carro elétrico porque não há uma ampla infraestrutura de carregamento de baterias ou essa infraestrutura não existe porque não há, na frota atual, quantidade de carros elétricos suficiente para justificar uma ampla infraestrutura de carregamento de baterias ou essa infraestrutura não existe porque não há, na frota atual, quantidade de carros elétricos suficiente para justificar uma grande rede de pontos de carregamento?
O questionamento remete ao dilema do ovo e da galinha (qual surgiu primeiro?), diz Philipp Kamoshoff, sócio da MCKins. Kamoshoff participou, na quarta-feira(14), de forma virtual, de um seminário sobre eletromobilidade, organizado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em Brasília.
Há quem aposte que a infraestrutura deveria vir primeiro. “Vamos encher o país de eletropostos e daremos segurança ao consumidor”, disse o diretor de sustentabilidade da WEG, Daniel Godinho, durante o evento. Para ele, se houver uma política pública os projetos avançam.
Godinho apontou o exemplo da Europa, que recentemente anunciou que em cinco anos todas as estradas do continente terão um posto de recarga de baterias a cada 60 quilômetros. Mesmo com a resistência pelo receio da falta de infraestrutura, a eletrificação veicular avança de forma rápida. As vendas de carros elétricos cresceram 55% em 2022 em todo o mundo, segundo a McKinsey.
Em alguns países, os elétricos já dominam o mercado. Na Noruega, representaram 80% das vendas em 2022. Na Alemanha, chegaram a 50% no último mês de 2022. “Antigamente diziam que não daria certo em clima frio”, afirma Kamoshoff. Segundo o consultor, nos Estados Unidos, 41% dos entrevistados numa pesquisa disseram que vão dar preferência a um elétrico em sua próxima troca de carro. Também nos EUA, a Uber anunciou que todos seus veículos serão elétricos a partir de 2030.
Para ele, o suprimento de materiais, como minerais para as baterias, tende a ser o maior desafio dos fabricantes desses veículos. Em 12 anos, a eletrificação estará consolidada em grande parte do planeta. Cálculos da McKinsey indicam que, até 2035, os carros elétricos representarão 100% das vendas na Europa, 90% na China, 71% nos Estados Unidos e 70% globalmente.
Nas projeções das consultorias internacionais, elétricos são os que funcionam com carregamento em tomada, sejam os puramente elétricos ou os chamados híbridos plug-in. O tipo híbrido plug-in tem motor elétrico e outro a combustão, mas funciona mais no modo elétrico porque pode ser carregado em tomadas. Não entram nestas contas os híbridos comuns (com dois motores, um elétrico e outro a combustão, mas que não podem ser carregados em tomadas). Esses são os eletrificados mais vendidos hoje no Brasil.
No entanto, existem muitas estações de carregamento disponíveis em todo o mundo e muitos países estão investindo em infraestrutura para tornar a recarga mais acessível e conveniente. Além disso, os carros elétricos costumam ter um conversor interno que permite conectá-los em uma tomada de corrente alternada doméstica e carregar as baterias com um dispositivo intermediário que se certifica de que a carga é efetiva 2.
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Para o diretor de sustentabilidade da WEG, Daniel Godinho, o suprimento de materiais tende a ser o maior desafio dos fabricantes. Imagem: paul Brennan / Pixabay / Reprodução
