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26/04/2023 às 00h01min - Atualizada em 26/04/2023 às 00h01min

Sobe para 90 o número de mortos após jejum extremo de seita no Quênia

Presidente do país, William Ruto, prometeu medidas contundentes contra Paul Mackenzie Nthenge, o líder da seita que promovia o jejum "até a morte" entre os seguidores

Estagiária do R7, sob supervisão de Fabíola Glenia
AFP internacional
Pelo menos 90 pessoas morreram após terem praticado jejum extremo. - Imagens: EFE / EPA / STR - 21.4.2023 / Reprodução
O número de vítimas continua a aumentar na floresta de Shakahola, no leste do Quênia, onde foram encontrados nesta terça-feira (25) mais 17 corpos de membros de uma seita que promovia o jejum extremo, o que eleva o total a 90 mortos. O balanço, que inclui crianças, é provisório. Os investigadores trabalham em uma floresta de 325 hectares, que fica perto da cidade costeira de Malindi, em busca de valas comuns.

A terrível descoberta provocou uma onda de indignação no Quênia, e o presidente do país, William Ruto, prometeu medidas contundentes contra aqueles que "utilizam a religião para promover seus atos atrozes". Durante uma visita ao local de buscas, o ministro do Interior, Kithure Kindiki, advertiu que o número de vítimas pode aumentar. "Não sabemos quantas valas comuns, quantos corpos encontraremos", disse.

Ele acrescentou que 34 pessoas foram encontradas vivas na floresta. Kindiki citou a possibilidade de indiciar por "terrorismo" Paul Mackenzie Nthenge, o líder da seita que promovia o jejum "até a morte" entre os seguidores. "A maioria dos corpos exumados é de crianças", afirmou à AFP um legista que pediu anonimato. A fonte disse ainda que foram encontradas valas com até seis pessoas.

Diante da chegada em larga escala de corpos, o necrotério do hospital local está lotado, disse à AFP Said Ali, diretor do estabelecimento. Ele informou que os funcionários pediram à Cruz Vermelha que envie contêineres refrigerados. As equipes continuam procurando sobreviventes, em uma luta contra o tempo. "A cada dia que passa, há um risco muito grande de que outras pessoas morram", disse Hussein Khalid, diretor-executivo da ONG Haki África, que alertou a polícia sobre as ações do líder do grupo.

"O horror que vimos nos últimos quatro dias é traumático. Nada prepara você para ver covas rasas com crianças dentro", acrescentou. De acordo com a Cruz Vermelha queniana, 212 pessoas foram registradas como desaparecidas. Muitos quenianos acusam as autoridades policiais e judiciárias de não terem atuado antes. Paul Mackenzie Nthenge já havia sido detido em duas ocasiões, a última delas em março deste ano, após um caso em que duas crianças morreram de fome.

O líder da seita, no entanto, foi liberado depois de pagar uma fiança de 100 mil xelins quenianos (R$ 3.728). Nthenge se entregou à polícia em 14 de abril e comparecerá a uma audiência com um juiz no dia 2 de maio. A tragédia reacendeu um debate sobre o controle do culto religioso no Quênia.

Para o ministro do Interior, este massacre deve conduzir "não apenas a uma punição mais severa para o autor ou os autores de atrocidades [...], mas também a uma regulamentação mais rigorosa de cada igreja, mesquita, templo ou sinagoga no futuro".

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