19/08/2022 às 07h16min - Atualizada em 19/08/2022 às 07h16min
Presidente da Câmara considera um erro de Bolsonaro desconfiar das urnas
Arthur Lira afirmou que questionar o processo eleitoral "não faz bem" ao Brasil e ao próprio presidente da República
Elisa Clavery / Gustavo Garcia
G1
O deputado Arthur Lira (PP-AL), durante sessão na Câmara dos Deputados - Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (18) que considera um erro os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país. Ele afirmou que o questionamento ao processo eleitoral "não faz bem" ao Brasil e ao próprio presidente da República.
Lira deu a declaração durante participação em um evento em São Paulo, promovido pelo banco BTG Pactual. Ele comentava sobre a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que foi prestigiada por um grande número de autoridades – quando foi indagado sobre a postura de Bolsonaro em relação às urnas.
O presidente da República tem feito ataques reiterados ao sistema eletrônico de votação, que começou a ser usado pelo Brasil em 1996. Recentemente, Bolsonaro convocou uma reunião com embaixadores e representantes diplomáticos de outros países, no Palácio da Alvorada, para repetir sem provas suspeitas já esclarecidas sobre as urnas.
"O senhor acha que o presidente erra quando ataca as urnas, quando duvida das urnas?", perguntou a entrevistadora. "Acho [que é um erro]. Já disse pessoalmente, já disse a ele, já pedi, já falei, nós já votamos no Congresso essa questão [do voto impresso]", respondeu o presidente da Câmara. Lira se referiu à votação na Câmara que rejeitou e enviou para o arquivo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), defendida por Bolsonaro, que previa o voto impresso nas eleições, plebiscitos e referendos.
Lira é apoiador de Bolsonaro e integrante do PP, partido que compõe a base governista. Ele afirmou também que o questionamento às urnas "não é o assunto principal do Brasil". "Nós precisamos ter passividade nesse assunto. Esse não é o assunto principal do Brasil, esse assunto não faz bem ao Brasil, não faz bem ao presidente Bolsonaro, não faz bem à Justiça Eleitoral, então todos têm que se conter", disse.
Ainda sobre o tema, o parlamentar alagoano acrescentou que "há uma diferença entre querer transparência e querer contestação". O presidente da Câmara afirmou ainda que é necessário "respeitar o resultado das urnas" e que os eleitos pelo sistema eletrônico vão tomar posse em 2023."Eu não canso de dizer, digo em todo o canto, dentro e fora do Brasil, nós precisamos de eleições transparentes, sim, sem dúvidas, sim, mas o resultado das urnas eletrônicas é reconhecido. Eu disputei oito eleições, seis em urnas eletrônicas, eu não teria nenhuma condição de falar mal do sistema. Então, nós vamos para uma eleição, respeitar o resultado democraticamente. Quem ganhar, tomará posse", disse Lira.
Questionado sobre as pesquisas eleitorais, que apontam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na frente do presidente Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto, o parlamentar disse acreditar que, com o início da propaganda eleitoral na próxima semana, deve haver mudanças nos resultados dos levantamentos. "No mundo da política, as nuvens são muito rápidas, passageiras. Muda demais o cenário. Então, a gente tem que estar atento às inovações e mudanças que vão acontecer. Ou a continuidade, ou a mudança, elas terão que ser ajustadas a uma realidade institucional muito forte no Brasil", declarou.
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