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15/05/2022 às 23h01min - Atualizada em 15/05/2022 às 23h01min

Agora é oficial: Finlândia pede adesão à Otan

A medida tomada pelo país nórdico vizinho da Rússia é uma consequência direta da invasão da Ucrânia

Joshua Berlinger
https://noticias.r7.com/internacional/finlandia-anuncia-oficialmente-que-decidiu-pedir-adesao-a-otan
A primeira-ministra Sanna Marin e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö - Heikki Saukkomaa / Lehtikuva / AFP-15/05/2022
A Finlândia tomou a decisão de se candidatar à adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), anunciaram oficialmente o presidente finlandês Sauli Niinistö e a primeira-ministra do país nórdico, Sanna Marin, neste domingo (15). A medida é uma consequência direta da invasão russa da Ucrânia, que completa 81 dias neste domingo. A decisão também contribui para que a Otan, aliança militar formada em 1949 com o objetivo de defender os países-membros, composta de países do Ocidente e liderada pelos Estados Unidos, amplie seu território nos arredores da Rússia.

O chefe de Estado e um comitê de política externa "decidiram conjuntamente que a Finlândia vai se candidatar à adesão à Otan". "É um dia histórico. Uma nova era está começando", disse o presidente finlandês em entrevista coletiva.O Parlamento da Finlândia deve examinar o projeto de lei de adesão nesta segunda-feira (16), mas estima-se que uma grande maioria apoie a iniciativa. A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 km com a Rússia, permaneceu como um país não alinhado durante 75 anos.

Mas, depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro, o consenso político e a opinião pública se inclinaram a favor da adesão à Otan. O presidente finlandês e a primeira-ministra Sanna Marin anunciaram na quinta-feira (12) que eram favoráveis a uma adesão "sem demora" à Aliança Atlântica. Neste sábado (14), o presidente finlandês ligou para o colega russo Vladimir Putin para comunicar que o país solicitaria a adesão de maneira iminente. 

Moscou advertiu, em várias ocasiões, das consequências de Helsinque aderir à Otan. Desde 2007, a Rússia exige do Ocidente que não aumente os territórios da Otan. O chanceler russo Serguei Lavrov afirmou neste ano que o pedido do país parece um “diálogo de surdos”, em alusão ao constante expansionismo da Aliança Militar. Nas próximas semanas, a Suécia também pode seguir o passo da Finlândia e anunciar o desejo de entrar na Aliança.Presidente da Finlândia, Sauli Niinisto

O governo da Finlândia anunciou neste domingo (15) que se inscreverá para ingressar na Otan, abandonando décadas de neutralidade em tempo de guerra e ignorando as ameaças russas de possível retaliação, enquanto o país nórdico tenta fortalecer sua segurança após o início da guerra na Ucrânia.

A decisão foi anunciada em uma coletiva de imprensa conjunta no domingo com o presidente Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin, que disse que a medida deve ser ratificada pelo parlamento do país antes de prosseguir. “Esperamos que o parlamento confirme a decisão de solicitar a adesão à Otan”, disse Marin durante uma entrevista coletiva em Helsinque no domingo. “Durante os próximos dias. Será baseado em um mandato forte, com o Presidente da República. Temos mantido contato próximo com os governos dos Estados membros da Otan e com a própria Otan.”

A medida levaria a aliança militar liderada pelos Estados Unidos até a fronteira de 1,3 mil quilômetros da Finlândia com a Rússia, mas pode levar meses para ser finalizada, já que as legislaturas de todos os 30 membros atuais devem aprovar novos candidatos. Também corre o risco de provocar a ira da Rússia, cujo presidente Vladimir Putin disse a seu colega finlandês Sauli Niinistö no sábado que abandonar a neutralidade militar e ingressar no bloco seria um “erro”, segundo um comunicado do Kremlin. No sábado, a Rússia cortou o fornecimento de eletricidade ao país nórdico após problemas no recebimento de pagamentos.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, durante a qual a Finlândia foi invadida pela União Soviética, o país tem sido militarmente não alinhado e nominalmente neutro para evitar provocar a Rússia. Por vezes, cedeu às preocupações de segurança do Kremlin e tentou manter boas relações comerciais. A invasão da Ucrânia mudou esse cálculo. No sábado, Niinistö ligou para informar Putin sobre as intenções da Finlândia de se juntar ao bloco, dizendo que “as demandas russas no final de 2021 com o objetivo de impedir que os países se juntem à Otan e a invasão massiva da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 alteraram o ambiente de segurança da Finlândia”, segundo a uma declaração do gabinete do presidente finlandês.

A Suécia expressou frustrações semelhantes e já solicitou a adesão à aliança militar. Ambos os países já cumprem muitos dos critérios de adesão à Otan, que incluem ter um sistema político democrático funcional baseado numa economia de mercado; tratar as populações minoritárias de forma justa; comprometendo-se a resolver conflitos pacificamente; a capacidade e vontade de fazer uma contribuição militar para as operações da OTAN; e comprometer-se com as relações e instituições democráticas civis-militares.

A Turquia, membro da Otan, que se apresentou como mediadora entre a Rússia e a Ucrânia, expressou reservas quanto à integração da Finlândia e da Suécia à aliança. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na sexta-feira (13) que não está olhando “positivamente” para a Finlândia e a Suécia se juntarem à Otan, acusando ambos os condados de abrigar “organizações terroristas” curdas.

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