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29/12/2021 às 23h00min - Atualizada em 29/12/2021 às 23h00min

​Milagres alcançados por água benta são revelados por devotos de monge em SC

João Maria passou pela região do Oeste do Estado no século XIX e deixou marcas cultivadas até hoje

Caroline Figueiredo
https://ndmais.com.br/cultura/devotos-revelam-milagres-alcancados-com-agua-benta-de-monge-em-sc/
Monge João Maria. Foto: Internet/Reprodução
A fé é um instrumento que transforma vidas. Independentemente do credo ou da religião, o poder da crença na vida das pessoas deixa marcas e milagres que são passados de geração para geração. Na região do Grande Oeste de Santa Catarina a fé nos milagres do monge João Maria perdura até hoje. Conta a história que o monge teria passado pela região em meados do século XIX, onde deixou suas marcas e milagres. Devotos relatam até hoje as bênçãos alcançadas por meio da fé no poder do monge.

O filho de Valdair de Amaral, de 24 anos, foi salvo após ser batizado pela água do monge João Maria. Isso é o que crê a família. Com pouco mais de um ano, Diemerson de Amaral sofria de um grave problema no coração, porém, nenhum exame chegou ao diagnóstico. “Nenhum médico sabia direito o que ele tinha, mas falavam que quando ele chegasse aos 10 anos o coração dele poderia parar”, lembra o pai.

O batismo com a água benta do poço onde o monge João Maria havia passado fica localizado na linha Rodeio do Herval, no distrito de Marechal Bormann. “O padrinho dele falou sobre essa água e disse que era benta. Não pensamos duas vezes e fomos até o poço pegar água para o batismo. Depois de um mês ele começou a melhorar e nunca mais teve problemas do coração”, afirma. A água utilizada para batizar e salvar a sua vida ainda está guardada em uma garrafa pet pela família. “Nunca mais precisamos usar, porque ele ficou bem. Mas temos a água guardada”, relata o pai.

Monge da água milagrosa
Os bisavós de Begair dos Santos conheceram pessoalmente o monge João Maria. A fé e a crença nos milagres do monge foi repassada de geração em geração até chegar a família de Begair. Moradora do bairro Alvorada, ela viaja todos os anos para o município de Campo Erê — município distante a cerca de 123 km de Chapecó — para buscar água na gruta de João Maria. “Sempre vamos lá pagar promessas. Já fomos agraciados com muitas bênçãos, por isso vamos lá agradecer. Toda vez que vou trago água de lá e acredito que ela é milagrosa”, afirma.

Entre os pedidos atendidos estão a aquisição de um carro. A bênção foi dobrada e tanto a irmã de Begair como o filho conseguiram conquistar seus próprios veículos. “Minha irmã levou o carro lá e lavou com a água do poço. Temos certeza que os milagres são alcançados por meio do monge João Maria”. Begair lembra que os pais sempre contavam que por onde o monge passava plantava couve para comer e no lugar surgia um poço com água milagrosa. Os dois filhos de Begair, de 27 e 19 anos, foram batizados com a água do poço de João Maria. “Temos fé que ele é o nosso velhinho protetor. Estamos sempre armazenando água do poço de João Maria em casa. Acreditamos muito no poder dela. Sempre pedimos que ele interceda por nossa família e nos abra os caminhos”.

“Eu estive com João Maria”
A aposentada Marilene Dias da Silva, de 64 anos, afirma que esteve com o monge João Maria quando tinha cerca de quatro anos. Segundo ela, ele teria aparecido na casa de sua avó, no interior de Chapecó, pedindo pouso. “Ele era um velhinho de barba branca e parecia um mendigo. Usava uma sandália de tira e um saco nas costas onde levava roupas. Tinha uma roupa bem velinha, com um paletó, e usava um chapéu de pano. Lembro-me como se fosse hoje”, relata.

Marilene lembra que estava brincando com as primas em uma estrada quando o monge se aproximou e começou a brincar com elas. “Ele pediu pouso e ficou esperando meu tio chegar do serviço debaixo de uma árvore. Quando meu tio chegou, aceitou que ele dormisse na nossa casa e ele jantou com a família.”

A aposentada lembra que o monge teria falado para sua avó que era um profeta de Jesus que estava passando pela Terra. A crença em João Maria cresceu com Marilene que anos depois também foi ao poço de João Maria, no distrito de Marechal Bormann, buscar água para batizar os filhos. “Acredito até hoje no poder dessa água. Chego a me arrepiar quando eu me lembro dele. Quando vejo as fotos me emociono.”


Poço de onde jorrava água de João Maria ainda está no mesmo lugar. – Foto: Caroline Figueiredo/ND

Quem foi o monge João Maria?
O professor de História e pesquisador do Programa de Mestrado (PPGH) da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul) Delmir José Valentini, estuda a história da Guerra do Contestado desde a década de 80 e possui mestrado e doutorado na área. Autor de livros, artigos e textos sobre a Guerra do Contestado, entre outros, os livros: “Memórias da Lumber e da Guerra do Contestado''. Porto Alegre: Letra & Vida; Chapecó: Ed. UFFS, 2015”, também “Da Cidade Santa à Corte Celeste: Memórias de Sertanejos e a Guerra do Contestado: 4ª Edição; Chapecó SC: Argos, 2016”, este último tem o segundo capítulo denominado a Crença e a Fé, dedicado a contar a história dos monges. Isso mesmo, segundo o pesquisador a história fala sobre três monges e suas trajetórias.

O primeiro deles foi o monge italiano João Maria de Agostini que passou pelo Sul do país e também em Estados brasileiros até chegar à Argentina e ir até a América Central, onde teria terminado seus dias.

A história no Brasil, de acordo com Valentini, aconteceu entre a década de 1840 e 1870 no século 19. O monge deixou uma tradição de presença em grutas com rezas e tinha proximidade com a igreja católica. “Usava como símbolo a água e teria aconselhado e rezado pela população que procurava por ele, além de ter diálogos com autoridades. Um monge que foi fartamente documentado. Existem pesquisas comprovando a passagem dele por diversos locais”, relata.

O segundo monge teria sido Atanás Marcaf, conhecido como João Maria de Jesus. “Não se sabe se pela semelhança com o anterior, mas esse é o monge registrado na fotografia que as pessoas guardam até hoje.” De acordo com o professor, seria o monge da região do Contestado que surgiu entre 1890 e 1906. O seu nome verdadeiro teria sido revelado por um militar que lutou na Guerra do Contestado, mas que jamais contou a fonte dessa denominação.

Conta a história que este monge esteve constantemente em contato com as pessoas. Ele batizou, profetizou, abençoou e receitou ervas entre outras ações pela região. “Era conhecido como um cidadão que praticava o bem, batizava crianças, aconselhava e fazia profecias que fazem parte da crença de muitas pessoas até hoje”, explica Valentini.

É o monge das fontes de água e que praticava milagres de cura. Seria na história desse mo/nge que existe a tradição no Oeste de Santa Catarina. Além da região do Marechal Bormann, ele teria passado pelas cidades de Coronel Freitas, Sul Brasil e Campo Erê, mas o local onde mais tem fontes e passagem é na região Meio-Oeste em municípios como Caçador, Curitibanos, Canoinhas, Porto União, Lebon Régis, Timbó Grande, Calmon, Matos Costa, entre outros

Uma das versões, conforme o pesquisador, diz que ele teria sido assassinado apedrejado na cidade de Lagoa Vermelha no Rio Grande do Sul. “Até hoje permanece uma incógnita sobre o que teria acontecido com o monge e para onde teria ido. Até hoje, os devotos e admiradores do Monge João Maria de Jesus acreditam que ele está encantado no Morro do Taió, localidade pertencente ao atual município de Santa Terezinha, no Planalto Norte de Santa Catarina.”

Terceiro monge
O professor relata ainda sobre a história de um terceiro monge que era curandeiro de ervas. Chamado Miguel Lucena de Boa Ventura teria feito algumas curas milagrosas entre elas na vida da mulher de um fazendeiro do município de Campos Novos. As pessoas acreditavam que era a incorporação de monges anteriores. Ele esteve no primeiro combate da Guerra do Contestado, em meados de 1912, e era conhecido como o monge José Maria. “Naquela época era comum surgirem personagens místicos, curandeiros, benzedeiros, entre outros, pelo Sertão. Na década de 1970 também teve a história de uma menina milagrosa no município de Macieira, além de outros tantos personagens que se destacaram ao longo da história.”, acrescenta o professor.

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