Pela primeira vez no terceiro mandato de Lula, nenhum magistrado da Corte posa ao lado do presidente na cerimônia cívica; julgamento de Bolsonaro e clima político tenso explicam o gesto
Brasília (DF) — O tradicional desfile cívico-militar de 7 de Setembro, realizado neste domingo na Esplanada dos Ministérios, teve uma ausência notável: nenhum dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) compareceu à cerimônia, rompendo uma prática recorrente de presença institucional ao lado do presidente da República. Nos últimos anos, ministros como Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes participaram do evento, inclusive posando para fotos ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2025, no entanto, a ausência foi coletiva e simbólica, interpretada por analistas como um gesto de prudência institucional diante do atual cenário político. A cerimônia ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. A Corte avalia denúncias que envolvem organização criminosa e ataques ao Estado Democrático de Direito. O clima de polarização e a alta exposição política do Judiciário levaram os ministros a evitar o palanque oficial, mesmo após o envio de convites pelo Palácio do Planalto. Fontes próximas ao STF indicam que a decisão foi conjunta, com o objetivo de preservar a imagem de independência entre os Poderes e evitar interpretações políticas sobre a atuação da Corte. A ausência também coincide com manifestações simultâneas de apoiadores e críticos de Bolsonaro em diversas capitais, tornando o desfile um termômetro político além de uma celebração cívica. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, estava em viagem à França, enquanto outros ministros optaram por manter agendas discretas fora de Brasília. O silêncio institucional reforça a separação entre Judiciário e Executivo, especialmente em um momento de julgamento sensível.
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