No feriado de 7 de setembro, data que celebra a Independência do Brasil, o país se vê diante de um paradoxo histórico. Quase 45 anos após a aprovação da Lei da Anistia de 1979 — que perdoou perseguidos políticos do regime militar — o tema volta à tona, mas agora impulsionado por setores da direita, tradicionalmente alinhados às Forças Armadas. Durante os anos finais do regime, especialmente entre 1978 e 1979, milhares de brasileiros foram às ruas exigindo a anistia dos presos políticos, exilados e perseguidos pelo regime. A mobilização foi intensa e envolveu familiares de desaparecidos, militantes, artistas, juristas e movimentos sociais. Um dos momentos mais emblemáticos foi o ato pela anistia na Praça da Sé, em São Paulo, que reuniu uma multidão em defesa da liberdade e da justiça. A pressão popular culminou na aprovação da Lei da Anistia, sancionada em 28 de agosto de 1979 pelo então presidente João Baptista Figueiredo. A lei permitiu o retorno de exilados, libertou presos políticos e extinguiu processos judiciais contra opositores do regime. No entanto, ela também anistiou agentes da repressão acusados de tortura e assassinatos, o que gerou críticas e abriu feridas que permanecem até hoje. Quase 45 anos depois, desta vez, os pedidos de anistia não vêm de exilados ou vítimas da repressão, mas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reivindicam o perdão judicial para os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A ironia histórica é evidente: o mesmo campo político que outrora defendia a ordem e a disciplina militar agora clama por clemência diante de condenações por atos considerados golpistas. As manifestações por “Anistia Já” tomaram as ruas em diversas cidades, com faixas, discursos e mobilizações nas redes sociais. Parlamentares da base bolsonarista apresentaram projetos de lei para conceder o perdão, enquanto juristas e lideranças democráticas alertam para os riscos de relativizar crimes contra o Estado de Direito. A comparação com 1979 é inevitável.
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