18/07/2024 às 09h22min - Atualizada em 18/07/2024 às 09h22min
Presidente da Itália reiterou a importância dos 150 anos de imigração italiana no Brasil
Sérgio Mattarella, disse que as relações entre seu país e o Brasil estão ainda mais estreitas após se encontrar com o presidente Lula (PT) em Brasília
Paola Patriarca / Janaina Lepri / Don Carlos Leal
G1
Lula recebe presidente da Itália, Sergio Mattarella, no Palácio do Planalto. - Foto: Ricardo Stuckert / PR / Reprodução Sergio Mattarella chegou ao país na segunda (15), quando se encontrou com Lula em Brasília; foi a primeira visita de um presidente italiano em 24 anos. Nesta quarta (17), ele desembarcou em São Paulo e passou por locais simbólicos para a imigração italiana no Brasil. O presidente da Itália, Sérgio Mattarella, disse que as relações entre seu país e o Brasil estão ainda mais estreitas após se encontrar com o presidente Lula (PT) em Brasília. "Percebemos uma grande convergência de valores e perspectivas de projetos para o futuro", afirmou Mattarella em visita ao Circolo Italiano San Paolo, no Centro da capital paulista, nesta quarta-feira (17).
"Os acordos firmados na nossa presença foram significativos porque observaram a vida cotidiana dos cidadãos com a intenção de reconhecimento recíproco da carteira de habilitação brasileira e italiana, e com acordos que dizem respeito a setores de vanguarda de tecnologia", completou.
Sua passagem pelo país faz parte das comemorações dos 150 anos da imigração italiana no Brasil. Na segunda (15), Lula afirmou que o Brasil tem interesse na conclusão do acordo Mercosul-União Europeia o "quanto antes", mas que isso depende da resolução de "contradições" entre os países europeus. A afirmação foi feita ao lado do presidente italiano, no Palácio do Planalto.
Ainda no evento desta quarta (17) em São Paulo, Mattarella reiterou a importância dos 150 anos de imigração italiana no Brasil e agradeceu o trabalho de embaixadores e consulados, que fazem tanto um trabalho diplomático quanto burocrático com emissões de passaportes, por exemplo.
Durante o encontro, Renato Mosca de Souza, embaixador brasileiro em Roma, afirmou que está se esforçando para colocar o tema "imigração de brasileiros" na pauta do governo italiano.
"A imigração é uma solução, não um problema. O brasileiro é qualificado, há muitos brasileiros que vivem na Itália sem acesso ao mercado de trabalho. Isso porque eles precisam de acesso à documentação que permita trabalhar na Itália. É necessário que a gente faça um esforço para que o governo italiano possa acelerar esses processos. Hoje, um pedido de cidadania acaba ficando seis anos num trâmite burocrático. Isso não tem lógica num país como a Itália, que precisa de mão de obra", destacou.
Sergio Mattarella chegou a São Paulo na manhã desta quarta (17) e já visitou locais simbólicos para a imigração italiana no país. Foi a primeira visita de Estado ao Brasil de um presidente italiano em 24 anos.
O primeiro local que o presidente da Itália visitou na capital paulista foi o Museu da Imigração, localizado na Mooca, Zona Leste de São Paulo. O museu está em funcionamento desde 1993 e preserva a história de cidadãos estrangeiros recém-chegados ao Brasil ao longo da segunda metade do século XIX e eram recebidos na Hospedaria de Imigrantes do Brás.
Hoje, a principal atração é a exposição de longa duração que apresenta os trabalhos de preservação e pesquisa realizados pelas equipes do museu. "Migrar: Experiências, memórias e identidades" está em cartaz desde 2014. São oito módulos que abordam o processo migratório como fenômeno permanente na história da hospedaria.
Na sequência, Mattarella foi até o abrigo Arsenal da Esperança, vizinho ao museu. O local foi fundado em 1996 por Ernesto Olivero e a Fraternidade da Esperança (comunidade italiana pertencente ao Sermig, Servizio Missioario Giovani, para ajudar a população de rua). Diariamente são acolhidos mais de mil homens em situação de rua.
Os acolhidos aplaudiram o chefe de Estado, que agradeceu. Na sequência, os padres do abrigo mostraram o registro do Arsenal em um notebook e ele acenou para os funcionários da cozinha. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) acompanhou Mattarella durante a visita, assim como o vice-governador Felicio Ramuth (PSD).
Após passar pelo refeitório, o presidente da Itália se encontrou com voluntários do abrigo, que o recepcionaram com pequenas bandeiras do Brasil e Itália. Um vídeo feito pelo fundador do Arsenal da Esperança, Ernesto Olivero, foi mostrado para o chefe de Estado.
"Obrigado por me receberem aqui. Fiquei muito prazeroso em ver coisas aqui, uma condição especial para aqueles que vivem aqui. Base para não nos esquecermos dessas pessoas, esse o verdadeiro patrimônio. O que vocês fazem é muito especial. Aos voluntários quero dar meu agradecimento profundo", disse Mattarella.
“Receber a visita do presidente da Itália é um grande orgulho. São Paulo, de 12 milhões de habitantes, 6 milhões ou é italiano ou descendente. É um número impressionante. Aqui no Arsenal da Esperança, que é um trabalho que a prefeitura tem, uma parceria com entidades ligadas aos italianos. Temos orgulho de ter essa parceria do acolhimento de pessoas de rua com 1.200 vagas”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil tem mais de 35 milhões de descendentes italianos. É a maior comunidade italiana fora do seu território. Dados da Embaixada da Itália no Brasil ainda apontam que, dos 35 milhões de descendentes italianos, 13 milhões estão no estado de São Paulo, segundo o governo paulista.
Ainda conforme o MRE, 100 mil brasileiros vivem na Itália, e as empresas italianas geram cerca de 150 mil empregos no país. Aos 83 anos, Sergio Mattarella está no segundo mandato como presidente da Itália. Juiz do Tribunal Constitucional, desenvolveu uma longeva carreira política, que inclui cargo de ministro em diferentes governos.
Na Itália, o presidente cumpre um mandato de sete anos e é a única autoridade com o direito de dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. Mattarella é considerado um experiente político de centro-esquerda. Já a atual primeira-ministra, Giorgia Meloni, lidera uma sigla de direita.
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