hoje, aos 18, Polyana Matias de Sousa, faz alerta para a doença. - Foto: Reprodução / Itatiai A dengue assola Santa Catarina e já acumula cinco vítimas no estado. Só para se ter uma ideia, até o último dia 23, já foram registrados 4.043 casos prováveis da doença, número 910% maior do que o mesmo período de 2023, quando o estado tinha 400 casos prováveis da doença. Um dos casos que ilustram bem como a doença pode ser muito perigosa é o da mineira Polyana Matias de Sousa, de 18 anos, que aos 15 ficou paraplégica ao contrair dengue.
“A vida é muito frágil”, disse sua mãe, a enfermeira Elizangela Maria Matias Corrêa, de 42 anos, ao contar sobre quando sua filha foi diagnosticada com dengue tipo 2. A família mora em Divinópolis, em Minas Gerais, e deu seu relato para o site local “Itatiaia”.
A doença foi descoberta pela adolescente em maio de 2019, quando Poly, como é chamada por amigos e familiares, teve alguns sintomas comuns da dengue. No começo era febre, dores de cabeça e no corpo. No entanto, cinco dias depois, Poly começou a ter confusão mental, crises convulsivas e vômitos. E então, foi internada com urgência.
Médicos não acreditavam que era dengue
“Os médicos achavam que era ‘xilique’, ter brigado com o namorado, eu falei ‘não’, ela está com dengue”, conta Elizangela que relatou ter que insistir para que eles chamassem um neurologista. “Com a minha insistência, ele pegou e pediu a consulta com o neurologista. A Poly não estava nem me reconhecendo mais”, contou na entrevista.
Ainda em seu relato, a mãe explicou que o neurologista avaliou sua filha e sugeriu uma punção lombar para investigar a possibilidade de meningite. Além disso, ele perguntou se ela tinha tido contato com macacos, mencionando um surto de febre maculosa na época.
Segundo a mãe, ela respondeu que não, mas sugeriu que fosse feito um exame de sangue para verificar as plaquetas. “Aí que eles solicitaram exame, pediram as plaquetas e viram que elas estavam muito baixas”, contou a mãe. De acordo com a mãe, o médico decidiu não realizar a punção lombar até que as plaquetas fossem restauradas. Enquanto isso, os médicos continuaram investigando a causa da infecção no cérebro, inicialmente suspeitando de meningite.
De acordo com a enfermeira, “eles acharam, a princípio, que fosse meningite mesmo. No entanto, os resultados da punção lombar mostraram uma infecção cerebral relacionada à dengue, algo que surpreendeu a equipe médica”. Diante da gravidade da situação, sua filha foi transferida para a UTI pediátrica. Lá, os médicos explicaram que as lesões cerebrais eram graves e havia risco de ela não sobreviver. “Eles induziram ao coma, ela ficou no CTI três meses”, relatou a mãe.
Após esse período, os médicos informaram à mãe que sua filha estava com morte encefálica devido à ausência de atividade cerebral e iniciaram o protocolo para esse diagnóstico.
Os milagres após o diagnóstico de dengue
A mãe de Poly compartilhou a emocionante jornada de sua filha, descrevendo os desafios e milagres ao longo do caminho. Ela relatou que os médicos começaram o protocolo de morte encefálica para Poly, após a identificação da ausência de atividade cerebral.
Durante esse período crítico, a família e amigos iniciaram uma corrente de oração. Surpreendentemente, após 23 horas do início do protocolo, Poly teve uma convulsão, indicando atividade cerebral. Esse evento raro deixou os médicos perplexos e levou à suspensão do desligamento dos aparelhos.
Apesar da recuperação inicial, Poly enfrentou mais desafios durante sua estadia na enfermaria, onde contraiu várias infecções. Os médicos, desanimados, expressaram pouca esperança em relação à sua recuperação.
A esperança
Após sete meses em coma, Poly acordou, desafiando todas as probabilidades. Esse foi o segundo milagre que a família testemunhou, e um momento de profunda gratidão, segundo a mãe.
Com a pandemia da COVID-19, surgiu uma nova preocupação para a mãe de Poly, que temia que sua filha, agora acordada, contraísse o vírus enquanto estava no hospital. Determinada a cuidar de Poly em um ambiente seguro, ela buscou recursos para trazê-la para casa, incluindo a compra de um respirador. Esta decisão trouxe alívio à mãe, mas também aumentou a carga emocional e financeira da família.
Atualmente, três anos após acordar do coma, Poly continua sua jornada de recuperação em casa. Apesar das limitações físicas, ela participa ativamente das aulas por meio de áudios e demonstra um grande desejo de recuperar a visão. A família tem esperança de que um tratamento com células-tronco na Tailândia possa realizar esse sonho de Poly, mas enfrenta desafios significativos, incluindo custos elevados e questões legais complexas.
Apesar das dificuldades, a mãe de Poly permanece resiliente e determinada a fazer tudo o que for necessário para garantir o melhor tratamento para sua filha. Sua história é um testemunho do poder do amor, da fé e da esperança diante das adversidades mais difíceis.
O que é dengue?
Segundo o Ministério da Saúde, a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada. A maioria dos doentes se recupera, porém, parte deles podem progredir para formas graves, inclusive ao óbito. A quase totalidade das mortes por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde.
Sinais e sintomas de alerta
Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações – dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter tratamento oportuno.
No entanto, após o período febril deve-se ficar atento. Com o declínio da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no indivíduo. Esses sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias, sendo assim caracterizados: dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua; vômitos persistentes;acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); hipotensão postural e/ou lipotímia; letargia e/ou irritabilidade; aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) maior 2cm; sangramento de mucosa; e aumento progressivo do hematócrito.
Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. No entanto, a doença pode progredir para formas graves que estão associadas ao extravasamento grave de plasma, hemorragias severas ou comprometimento grave de órgãos, que podem evoluir para o óbito do indivíduo. Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém indivíduos com condições preexistentes com as mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas maiores de 65 anos têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
Tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento é baseado principalmente na reposição adequada de líquidos. Por isso, conforme orientação médica, em casa deve-se realizar: repouso; ingestão de líquidos; não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme.
Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica. No entanto, apesar das medidas, ainda não existe tratamento específico para a doença.
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