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26/10/2021 às 23h00min - Atualizada em 26/10/2021 às 23h00min

Estatísticas apontam que os jovens são mais propensos ao suicídio em SC

Em 2020, 400 pessoas cometeram suicídio no Estado. Para os especialistas, o diálogo é fundamental

​Luana Amorim
https://ndmais.com.br/saude/setembro-amarelo-400-pessoas-cometeram-suicidio-em-santa-catarina-neste-ano/
Segundo a OMS, nove em cada 10 mortes por suicídio podem ser evitadas – Foto: Ricardo Wolffenbuttel/Secom
​O mês de setembro se foi, mas o alerta continua para um assunto, que ainda é considerado tabu: o suicídio. Os casos atingem todas as idades, gêneros e classes sociais. Por isso, falar sobre o assunto é necessário não só para reduzir os casos, mas também para despertar o alerta sobre a importância de falar sobre saúde mental. Segundo dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, repassados ao nd+ pela Dive/SC, só em 2020, 400 pessoas já morreram vítimas de suicídio em Santa Catarina. No mês de março foram 72 vidas perdidas. Entre as vítimas, a maioria se concentra na faixa etária entre 20 e 59 anos e são do sexo masculino. Outro dado que aponta o aumento no índice são as tentativas, ou seja, aquelas que não terminaram em morte. Em 2020 já são 2.678 casos. Desses, 764 são de jovens entre 20 e 29 anos.

Dados: Sinan Base DBF - Infogram
Separadas por regiões, a situação também é preocupante. Em 2020, no Nordeste do Estado, onde fica Joinville, 43 pessoas cometeram suicídio. Se somado ao total de 2019, em dois anos foram 132 vítimas. Com números tão preocupantes, o diálogo é fundamental nesse momento, principalmente para identificar sinais que levam as pessoas a tomarem tal atitude.

O que leva a pessoa a cometer suicídio?
Segundo a psicóloga clínica Alessandra de Sá, são inúmeros os fatores que levam as pessoas a desenvolverem pensamentos suicidas, principalmente se o paciente já tem alguma doença mental pré-existente. “Aspectos relacionados a perdas recentes, exposição a violência familiar, isolamento social, estresse, desespero, bullying, histórico de abuso físico, são alguns dos fatores que muitas vezes contribuem para que os pensamentos suicidas surjam”, explica.

O contexto social também pode estar relacionado ao sentimento, principalmente em questões que envolvem situações de vulnerabilidade. Outro fator que vem influenciando nos últimos meses é a pandemia do novo coronavírus. “Se a pessoa já apresenta algum transtorno mental ou já vinha em um quadro depressivo, esse isolamento acaba reforçando esses pensamentos”, salienta a psicóloga.

Atenção aos sinais em crianças e adolescentes
Casos entre crianças e adolescentes também vêm sendo registrados. Em 2020, 24 das vítimas de suicídio no Estado tinham idade entre 10 e 19 anos. Já entre as tentativas, 550 casos foram registrados envolvendo a mesma faixa etária.

Segundo Alessandra, a situação envolvendo crianças e adolescentes é extremamente delicada, principalmente por ser a fase em que aumentam as mudanças no corpo e na rotina. “A adolescência, por exemplo, acaba sendo uma fase bem desafiadora, já que eles estão naquele momento em que buscam encontrar seu lugar no mundo. Por isso, é importante que toda a rede familiar e escolar fique atenta aos sintomas, para evitar uma tragédia”, explica.

Isolamento e tristeza constante são sinais de alerta
Alessandra explica que há três sinais básicos que ajudam a identificar se a pessoa está ou não pensando em suicídio: fala, humor e comportamento. “Por exemplo, quando a pessoa diz que se sente um fardo, que está passando por uma dor insuportável, são sinais de que ela está precisando de ajuda. Quando a gente fala em humor, os indícios são tristeza prolongada, perda de interesse, raiva e instabilidade”, conta.

Além disso, a psicóloga reforça que a intensidade desses sentimentos atrapalham a qualidade de vida da pessoa, refletindo no comportamento dela. “Por fim, quando se fala em comportamento é bom ficar atento ao aumento no consumo de álcool e outras drogas, abandono de atividades, falta de sono, entre outros. Outro fator que se deve ficar atento é a possíveis ligações ou visitas a conhecidos com tom de despedida”, enfatiza.

Diálogo é fundamental
Uma das principais medidas para prevenir o suicídio é procurar ajuda profissional. Na rede pública de saúde, por exemplo, o acolhimento de pessoas com transtornos mentais ocorre por meio das unidades básicas de saúde.

Além disso, o Estado também conta com 110 Caps (Centro de Atenção Psicossocial) em diversos municípios e de diferentes modalidades. Em Joinville, por exemplo, a rede pública de saúde dispõe de quatro unidades para atendimento. Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, entre elas as que têm distúrbio psiquiátrico, pensamento suicida e passaram por tentativa de suicídio.

O CVV (Centro de Valorização da Vida) também é um importante aliado. O serviço oferece apoio emocional gratuitamente de forma voluntária, 24 horas por dia, pelo telefone no 188, e-mail ou chat no site da instituição. São mais de 4 mil voluntários em todo o país. “Ao entrar em contato com a gente, a pessoa vai ser acolhida e nós vamos ouvi-la. Geralmente essas pessoas não têm com quem conversar,então elas nos procuram para falar suas angústias”, explica a voluntária do CVV de Joinville, Marlene Catão. Durante todo o mês de setembro, o serviço divulgará palestras no seu canal do Youtube a fim de discutir o assunto. Além disso, Alessandra reforça que o diálogo também é fundamental. “Expor o que você está percebendo que a pessoa está passando por um momento delicado é muito importante para que ela veja que não está sozinha. É importante esse diálogo para desmistificar o assunto”, finaliza.

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