29/01/2021 às 17h36min - Atualizada em 29/01/2021 às 17h36min
Como funcionava o esquema de venda de carne vencida a churrascarias de SC?
Pessoas chegaram a passar mal ao comer a comida.
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REPRODUÇÃO Como funcionava o esquema de venda de carne vencida a churrascarias de SC?
As entregas e retiradas eram feitas com data, hora e lugar marcado em pelo menos quatro cidade do Vale do Itajaí, diz polícia.
Um esquema que vendia carne vencida em Itajaí foi encerrado pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (29). Uma investigação que começou com uma denúncia de possível desvio de produtos resultou no flagrante de vendas feitas de forma ilegal. Quatro funcionários de uma empresa que fazia a retirada dos itens vencidos em supermercados foram alvo de uma investigação chamada de "El Patrón".
Os representantes da empresa suspeitaram o desvio dos insumos e denunciaram o possível esquema à polícia, que por meio da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC). A investigação do caso em outubro de 2020 e encontrou diversos crimes relacionados ao armazenamento, transporte e aquisição do produto.
Os representantes da empresa responsável pelo descarte correto das carnes estragadas informaram que o conteúdo deveria ser enviado para Tubarão, para ser transformado em ração e biodiesel.
Como funcionava o esquema
Os funcionários da empresa faziam a retirada das carnes estragadas de diversos municípios do Vale do Itajaí, como Blumenau, Indaial, Itajaí, Camboriú e Gaspar, além de outras cidades como Jaraguá do Sul e Massaranduba. Essa carne era vendida para o comércio novamente em vez de ser descartada de forma correta.
O esquema que funcionava há cerca de um ano tinha oito pessoas envolvidas. Quatro funcionários da empresa que era responsável por retirar a carne estragada dos supermercados, dois motoristas e duas pessoas de uma churrascaria que vendia o produto como espeto corrido a R$16,99. As pessoas responsáveis por fazer a retirada do produto combinavam os locais de entrega e a hora em que eles iriam até lá para buscar as peças. Após isso, a carne era levada em um caminhão para outro local, tudo sem refrigeração. Elas eram retiradas dos pacotes e colocadas todas juntas em tonéis, sem seguir nenhum critério sanitário. Nesses tonéis, além das carnes vencidas que eram retiradas das embalagens, também haviam ossos, gordura e sangue. Depois, esses tonéis eram colocados em um caminhão baú que ia até os estabelecimentos para fazer a venda, como explicou o delegado da Polícia Civil, Osnei de Oliveira.
Os valores da carne estragada variavam conforme o dia. Alguns dias o preço era de R$ 1 mil, as vezes R$ 800. Esse dinheiro precisava ser pago em espécie aos vendedores e o dinheiro era dividido entre eles, como apontou a investigação. De acordo com as informações da polícia, o próprio comprador, dono da churrascaria que fica às margens da BR-101, em Itajaí, chegou a reclamar algumas vezes da condição da carne por estar muito estragada. No entanto, todos os envolvidos no esquema, inclusive o dono do restaurante, sabiam que a carne era vencida.
Segundo a Polícia Civil, pessoas chegaram a passar mal ao comer a comida que era servida no restaurante e chegaram a demonstrar indignação da rede social do estabelecimento. O delegado responsável pelo caso afirma, ainda, que muitos clientes questionavam o cheiro da carne servida.
A operação, chamada pela polícia de El Patrón, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (29) e apreendeu no local 800 quilos de carne estragada e R$ 12 mil em espécie, que estavam na bolsa de uma das pessoas responsáveis pelo crime. O dinheiro era referente às vendas feitas na quinta-feira (28). Além disso, uma arma de porte ilegal e dois carros usados para fazer o transporte também foram apreendidos no estabelecimento. Os envolvidos estão sendo indiciados pela prática dos crimes de furto qualificado, receptação qualificada, crime contra a relação de consumo e associação criminosa, já que fatos estavam sendo praticados de forma reiterada por muito tempo.
A Vigilância Sanitária também esteve no local e interditou o estabelecimento que não poderá mais funcionar devido à uma decisão judicial. Os envolvidos irão usar tornozeleiras eletrônicas para fazer o monitoramento dos criminosos. Ainda não há informações sobre outros locais que adquiriam a carne estragada do grupo criminoso e a polícia vai continuar investigando o caso. As equipes de investigação de Blumenau e Jaraguá do Sul também contribuíram nas buscas feitas durante a operação.
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