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19/07/2021 às 23h00min - Atualizada em 19/07/2021 às 23h00min

Jovem perdeu parte do pulmão por fungo causado pelo uso do narguilé

O consumo deste artefato cresce no Brasil e especialistas alertam para riscos

https://tjcc.com.br/noticias/consumo-de-narguile-cresce-no-brasil-e-especialistas-alertam-para-riscos-jovem-perdeu-parte-do-pulmao/
FOTO: Reprodução
Uma pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) identificou mais de dois milhões e meio de usuários de narguilé no Brasil. Os dados são de 2019. E, no Brasil inteiro, cresce o número de estabelecimentos focados nesse público. Só na cidade de São Paulo, em 2020, mesmo com a pandemia, foram abertas mais de 1.600 tabacarias. De abril a junho deste ano, sessenta e cinco por cento das baladas fechadas pela Polícia Civil da capital paulista eram em tabacarias, onde o narguilé era a principal atração.

Especialistas alertam que o aroma atraente leva ao consumo maior. E aí , começa o perigo para a saúde. A médica Stella Martins, do Incor de São Paulo , reuniu os resultados de pesquisas mundiais sobre o uso do narguilé. O trabalho foi feito em parceria entre a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Instituto Nacional do Câncer.

De formato exótico, o narguilé é um grande cachimbo de água que pode ser usado individualmente ou em grupo. Os primeiros registros indicam que nasceu na Índia, no XVIII. Depois de passar pela Pérsia, foi incorporado à cultura dos países árabes. Chegou à Europa e, depois, ao continente americano.

A jovem de 19 anos, Lívian Monteiro, conta que está tentando voltar à rotina depois de passar pela cirurgia que retirou parte do pulmão dela, que estava com um fungo causado pelo uso do narguilé. "Eu espero conseguir voltar aos poucos à minha rotina. Não vai ser a mesma coisa, mas eu espero melhorar. Ainda está complicado", relata. Há três meses, a estudante de Cuiabá descobriu que tinha aspergilose. Na prática, fungo no pulmão.

Outro choque na época foi saber que poderia ser resultado de um hábito que parecia só curtição entre amigos: o uso do narguilé. "Uma hora a conta chega, e a conta é alta", disse em um dos vídeos que relatava sobre a doença.
Depois do diagnóstico, uma decisão: fazer uma espécie de diário nas redes sociais. Lívian compartilha com os seguidores cada passo do tratamento contra a doença que colocou a vida dela em risco. "A cada três festas que eu ia, três tinham narguilé e em uma eu usava", afirma. A jovem usou o narguilé por três anos. Antes do fungo, ela teve tuberculose.

O pneumologista Paulo César Neves explica a relação. "Qualquer agente infeccioso como vírus, bactéria, fungo ou tuberculose, pode sim ter ligação com esse uso de narguilé. O caso da Livian é um exemplo do que pode acontecer com pessoas que fazem uso", diz.

A jovem conta que mesmo depois da tuberculose voltou a usar o narguilé."Parei por um tempo, mas depois vi as pessoas usando e não resisti. Acabava pegando uma vez ou outra", conta.
Mas a primeira doença deixou sequelas: um buraco no lobo superior do pulmão direito, onde o fungo cresceu. Na cirurgia, os médicos viram que o fungo era maior que o esperado e foram retirados dois dos três lóbulos. A capacidade respiratória diminui e Lívian precisa diariamente de fisioterapia.

O coordenador da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Paulo César Correa, afirma que o consumo da fumaça é semelhante ao consumo de 100 a 200 cigarros em uma hora. "O uso vai se tornando cada vez mais frequente e se transforma numa porta de entrada para o tabagismo convencional, seja através do cigarro normal, do cigarro eletrônico ou do consumo mais frequente do narguilé", diz.
Especialistas alertam que o aroma atraente leva ao consumo maior. E aí , começa o perigo para a saúde.

Onde está o perigo?
Em cima, na fornilha, vai o carvão que queima o tabaco que fica embaixo dele. A queima do tabaco produz uma borra que tem alcatrão. Só que o tabaco – ou fumo – contém nicotina, principal substância ligada à dependência. Depois da tragada, a fumaça desce para o reservatório de água. A água esfria a fumaça que sobe pela mangueira até a boca. Ao inalar a fumaça, o usuário entra em contato com o alcatrão, a nicotina e monóxido de carbono. De acordo com especialistas, em uma sessão de narguilé, o consumo de fumaça é semelhante a você fumar de cem a duzentos cigarros em uma hora.

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