Pesquisadora diz que não devemos deixar que todo momento de ócio das crianças vire desculpa para usar telas, pois é no ócio que nasce a criatividade
A preocupação principal de Wolf, que é diretora do Centro de Dislexia, Aprendizagem Diversa e Justiça Social da UCLA e de acadêmicos como ela é o que acontecerá com as gerações mais jovens, habituadas desde os primeiros anos de vida a passar horas nos celulares e tablets e a consumir ali toda a sua informação, com rapidez e diversas distrações. Embora muito se fale dos riscos que o excesso de tempo passivo diante de telas pode causar para a saúde infantil - dos problemas de visão à obesidade -, só agora a ciência começa a explorar o potencial impacto dos hábitos digitais sobre o poder de leitura e a concentração dessas crianças no futuro. Não há, diz ela, uma receita universal para preservar nossa habilidade de leitura crítica, mas sim a necessidade de prestar atenção a nossos próprios hábitos e aos das crianças. O estudo diz que ainda é difícil chegar a conclusões absolutas, porque o desempenho das pessoas é "inconsistente", mas identificou o que chama de "inferioridade da tela": a leitura digital parece não favorecer as habilidades de compreensão dos leitores, e o processamento das informações é mais "raso" nesses meios online. Por fim, ela lembra que muitas crianças conseguem manter a conexão com os livros mesmo acessando tablets e celulares com moderação. "O importante é estimular a formação de uma mente curiosa", escreve ela. "A formação cuidadosa do raciocínio crítico é a melhor maneira de vacinar a próxima geração contra a informação manipuladora e superficial, seja em texto (de papel) ou em telas."